A desvalorização é uma das maiores angústias da carreira - TopicsExpress



          

A desvalorização é uma das maiores angústias da carreira docente; para pesquisadora suíça, o retorno do aprendizado dos alunos pode gerar satisfação ao professor Thiago Minami Monica Gather: “Saber lidar com situações de crise e conviver com a diferença gera melhores resultados que a falsa harmonia.” Você tem medo de morrer diante da lousa, com o giz na mão? Nas pesquisas feitas pela suíça Monica Gather Thurler, a pergunta resumiu as angústias dos professores: terminar a carreira e a vida sem ter reconhecimento, com salários insatisfatórios, e exaustos após terem se dedicado anos a fio a uma causa sem sentido. A sensação é de aprisionamento na profissão. Não se trata de um diagnóstico apenas dos docentes brasileiros. O medo está até mesmo na Suíça, onde os salários pagos são bem mais altos. “O professor se vê desvalorizado diante de outros profissionais”, diz a professora de ciências da educação da Universidade de Genebra em palestra na Educar 2013. Após 35 anos de carreira, a maior parte acaba descomprometida com o ofício – até mesmo aqueles que, em estágios anteriores, empenhavam-se em experimentar e inovar. O resultado corrobora os dados apresentados pelo pesquisador chileno José Weinstein na mesma feira. Avaliação da atuação docente feita no Chile mostra que são os professores mais experientes, junto dos mais jovens, que têm os piores desempenhos. A escola do futuro precisa corrigir o problema. Segundo Monica Gather, certos lugares-comuns devem ser evitados, pois as pesquisas mostram que são ineficientes. É o caso da formação continuada. A longo prazo, comprovou-se que os efeitos são mínimos se não houver acompanhamento para garantir a aplicação das práticas no cotidiano. Além disso, os conhecimentos adquiridos em geral não são compartilhados entre os professores, o que gera somente mudanças pontuais na escola. Outro risco comum é a preocupação excessiva em criar o bem-estar no ambiente escolar, com falsa harmonia entre todos. Muitas vezes, o conflito é evitado para que todos convivam supostamente bem. “Já trabalhei em várias escolas em que isso ocorria. A gente tinha que ficar sorrindo o tempo todo para mostrar que todo mundo convivia bem, mas não era de verdade”, diz a professora Maria de Fátima Costa Araújo, da rede particular de Belo Horizonte. Aprendizagem e trabalho coletivo É o foco em ensino-aprendizagem constituído pelo esforço coletivo que, a longo prazo, gera satisfação ao professor. “A sensação de que os alunos estão aprendendo e, portanto, o trabalho está valendo a pena”, diz a pesquisadora suíça. Os conflitos na equipe são parte do processo. “Saber lidar com situações de crise e conviver com a diferença gera melhores resultados que a falsa harmonia.” A avaliação do trabalho do educador – e também de gestores – e a recompensa pelos esforços são essenciais na construção de um novo modelo de escola. As competências de cada profissional devem ser identificadas e valorizadas. Os professores com desempenho abaixo do esperado precisam ser alertados. Weinstein relata ações semelhantes na educação chilena, que gerou resultados positivos para o aprendizado: o país foi o que mais subiu posições no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). Os dois concordam também que as ações consistentes levam, no mínimo, de cinco a dez anos para ser implementadas. É o tempo necessário para mudar a cabeça de educadores resistentes ao trabalho coletivo, ainda presos à postura individualista. Monica Gather sugere equipes multiprofissionais para atuar nas escolas, formadas por professores pensando junto valores, ações e práticas pedagógicas. Cita o exemplo da Finlândia, país com os melhores resultados mundiais, onde todas as quartas-feiras, por duas horas, os alunos não têm aulas para que os docentes possam trabalhar juntos. A colaboração deve ocorrer também entre as escolas, para que as mais bem-sucedidas ajudem aquelas com dificuldades. E nunca criar rankings competitivos, como os surgidos no Brasil após a apresentação de dados de provas como o Enem. Para Monica Gather, a escola do futuro deve: 1. Sensibilizar os educadores quanto aos objetivos e elementos em jogo nas reformas. 2. Promover a cooperação entre professores, que devem compartilhar conhecimentos e trabalhar em conjunto para complementar as ações. 3. Desenvolver as competências profissionais existentes e ausentes nos educadores. 4. Priorizar a auto-gestão na formação do educador, como ocorre entre os médicos: cada um é responsável por procurar as especializações e complementações que julga importante. — Publicado em 24/5/2013 às 14:38 edsegmento.br/educar/?p=496
Posted on: Thu, 20 Jun 2013 13:41:51 +0000

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