Depois de entrar em uma discussão quente, Eike Batista levou um - TopicsExpress



          

Depois de entrar em uma discussão quente, Eike Batista levou um tiro nas costas de um homem que lhe devia dinheiro. O evento ocorreu no começo dos anos 80, quando Batista era um próspero negociante de ouro e diamantes na Amazônia, como foi descrito na sua autobiagrafia de 2011, “O X da Questão”. Este foi, escreve ele, um dos vários caminhos heterodoxos pelos quais aprendeu a virar um empreendedor, mesmo nos lugares mais inóspitos. “Exercite a paciência. Não dê ouvidos a fofocas ruins”, escreveu Eike. Em um tom mais confidencial, o bilionário que prometeu à FORBES que se tornaria o homem mais rico do mundo dá o conselho final sobre como se sair bem no mundo dos negócios: “Na medida certa, ousadia e megalomania são recomendáveis.” Ousadia e megalomania são, certamente, características do plano de Eike para criar o que poderia ser o maior império de commodities já construído no Brasil, uma ideia deslumbrante e boa no papel, mas que não funcionou. Maior perdedor do mundo entre os bilionários deste ano, a fortuna de Eike vem principalmente de seis companhias de capital aberto que pertencem ao seu conglomerado, o Grupo EBX. Ele tinha estimados US$ 10,6 bilhões na última lista de bilionários da FORBES em março de 2013, e US$ 30 bilhões em março de 2012. Muita dessa avaliação era uma antecipação da grande fortuna que as empresas poderiam formar assim que estivessem operando 100%, o que deveria ter acontecido no final do ano passado. Isso não ocorreu. Assim que os projetos de Eike estouraram seus prazos, os investidores começaram a negociar as ações – vendendo-as com a esperança de comprá-las mais baratas depois. Isso pode levar a um desastre se a empresa pretende lançar um negócio antes de estar pronta, que foi basicamente o que ocorreu. Em março, a startup de petróleo OGX divulgou que estava produzindo menos de 15.000 barris por dia, consideravelmente menos do que os 50.000 por dia estimados previamente pelos geólogos contratados pelo. Eles esperavam que o número pudesse chegar a 730.000 barris por dia em 2015. A situação piorou. No começo deste mês, a OGX anunciou que os seus únicos poços de petróleo no campo Tubarão Azul poderiam cessar no ano que vem devido a “condições desafiadoras da geologia”. “As projeções previamente divulgadas, incluindo as relacionadas aos objetivos de produção da OGX, não podem mais ser consideradas válidas”, diz a empresa em uma nota. Isso veio como uma grande surpresa, porque a OGX havia lançado 105 declarações para o mercado durante os últimos dois anos e meio e, segundo “O Estado de S. Paulo”, 55 delas narravam o mesmo campo em estágio de crescimento de desenvolvimento, o que aumentou o preço das ações. A Comissão de Valores Imobiliários (CVM) já proíbe a questão, que está sendo considerada uma bolha e sofre 17 inquéritos preliminares. A pergunta é: Eike vendeu apenas sonhos intencionalmente, sabendo que não conseguiria cumprir e, portanto, lucrou com a especulação? Uma porta-voz da EBX se recusa a comentar o assunto. A OGX, principal empresa do Grupo EBX, abriu capital em 2008, no que foi – e continua sendo – o maior IPO da história do Brasil, com o levantamento de US$ 4,1 bilhões. A empresa, assim como todas as outras de Eike, é muito apoiada por bancos estatais como BNDES e Caixa Econômica Federal. O bilionário não estaria em lugar nenhum se não fosse o patrocínio do governo, especialmente os promovidos pelo ex-presidente Lula, que viu em Eike o perfeito porta-voz do seu discurso de “nunca antes na história deste país”. Isso não reflete a realidade do Brasil que Lula governou por oito anos. O ex-presidente tentou forçar a entrada de Eike no mundo dos mais ricos do mundo pela sua própria reputação, como uma resposta aos que duvidaram que um ex-líder sindicalista poderia governar um país capitalista. Mesmo depois de ter deixado o gabinete, Lula tentou continuar a ajudar Eike quando, sem sucesso, fez lobby para o bilionário em vez de fechar o acordo com a empresa Jurong Shipyard, de Cingapura, para salvar a Açú Superport, uma subsidiária da LLX, empresa de logística de Eike. Uma coisa é você arriscar o seu próprio dinheiro em um empreendimento, outra coisa totalmente diferente é usar o dinheiro do contribuinte. Como resultado do entusiasmo de Lula, que foi continuado pelo governo Dilma Rousseff, tanto o BNDES quanto a Caixa Econômica são agora os bancos mais expostos aos problemas de Eike, segundo o Bank of America. O bilionário tem uma dívida total de cerca de US$ 5,2 bilhões, um número que pode estar “subestimado. Tentando controlar os danos e vendendo desesperadamente ativos para regularizar sua dívida, Eike também está sob a análise dos acionistas minoritários que estão unindo forças para pressionar os reguladores a olharem para suas empresas e finanças. Eles reclamam que o governo, assim como as agências reguladoras de petróleo e energia, não avaliaram se o rápido crescimento em ativos e a dívida de Eike eram sustentáveis. Na semana passada, eles formaram um grupo chamado UnaX, para canalizar suas demandas para o governo e as agências de classificação de crédito, além de outras entidades do mercado. O advogado do grupo, Adriano Mezzomo, afirma que os acionistas minoritários estão considerando pedir para as autoridades congelarem os bens pessoais de Eike. O bilionário tem agora uma fortuna estimada em US$ 2,8 bilhões, o que o torna a 503ª pessoa mais rica do mundo. Mas essa não seria a primeira vez que Eike se vê em uma situação caótica. Em 2006, ele foi supostamente responsável pela falência de dez empresas franqueadas da FLX Consultoria e Franchising, empresa da qual fazia parte. Na época, Eike foi multado em R$ 4 milhões. Os demandantes do processo o acusaram de má gestão e quebra de contrato. Um porta-voz de Eike se recusa a comentar o assunto. As empresas de capital aberto de Eike atraíram uma série de investimentos externos para o Brasil ao longo da última década. Durante um tempo, funcionou. Mas, como um choque de realidade, a crise das empresas de Eike está provocando uma debandada no índice de referência de ações da Bovespa. Enquanto as suas empresas entram em colapso, Eike foi forçado a sair da presidência da MPX Energia, quando a utilitária alemã E.ON SE aumentou seu capital na empresa e assumiu o controle. Ele também está perdendo o apoio da Mubadala Development Company, de Abu Dhabi, que acabou de reduzir sua participação na EBX para cerca de US$ 1,5 bilhão, após um investimento de US$ 2 bilhões dólares feito em março de 2012. O CFO da holding EBX se demitiu. Sua mineradora, MMX, procura um comprador e a OGX deve ser a próxima a seguir o mesmo caminho. É improvável que Eike fique pobre, mesmo depois do iminente fim do seu império. No pior cenário, ele irá perder seu status bilionário e será conhecido como “o homem que mais ganhou dinheiro com o Power Point depois do Bill Gates”. É mais provável que os pequenos investidores não vejam seu dinheiro de volta. Para estes investidores, é como levar um tiro nas costas por um malandro no meio da selva. E, desta vez, foi Eike quem puxou o gatilho.
Posted on: Fri, 12 Jul 2013 16:16:00 +0000

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