Ela não era como eu, não senhor. Tudo aquilo era fineza. - TopicsExpress



          

Ela não era como eu, não senhor. Tudo aquilo era fineza. Chiquérrima, a quarentona olhou para a funcionária que estava a fazer o controle dos metais com o nariz próprio de quem pode. Até o cheiro era cheiro de autêntica dama da sociedade, reparei eu enquanto, atabalhoado, recolhia os meus pertences e punha o cinto, não fossem os jeans cair rabo abaixo. Aquela espécie de traje Yves Saint-Laurent feito por algum modisto do Trópico, e os sapatos de salto altíssimo, hummm, condiziam com a formosa criatura. O alarme tocou! Atrapalhada, a gentil figura engasgou a pose. – O que você está transportando nessa sacola?, inquiriu, dócil, a agente da polícia. – Pode ver... são umas coisinhas que aqui levo..., sussurrou a rica muito emergente... Foi o lindo! Da sacola saíram cuecas, compotas, um boião de azeitonas espanholas e, até, uma garrafa de azeite de amostra. Eu, de verdade certa, sei que a dama fuzilou todos os funcionários daquele aeroporto. Imagino, deliciado, cada um dos palavrões que ela engoliu, ali, com meio mundo na risada. Delirei, eu tive um êxtase, quando a funcionária do aeroporto a mandou tirar os sapatos de “griffe”. Não é que a dondoca, toda ela “lifting” e superprodução de cidadezinha do interior tinha as meias rotas, permitindo que os dedões aparecessem, a modos de despudor de pobre?
Posted on: Mon, 01 Jul 2013 14:18:27 +0000

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