Enfim uma análise séria, imparcial e uma opinião abalizada - TopicsExpress



          

Enfim uma análise séria, imparcial e uma opinião abalizada sobre o Brasil nos últimos 11 anos. Abrir a caixa preta do BNDES Por Lúcio Flávio Pinto | Cartas da Amazônia – 7 horas atrás Enquanto o Brasil seguiu em piloto automático, o PT foi um excelente condutor do país. O partido e seu guia, Luiz Inácio Lula da Silva, se beneficiavam da sua origem, pessoal e política, e da rica experiência em lidar com o povo, entidade abstrata para a maioria das lideranças políticas. Esse conhecimento levou o PT à ousadia, inédita em sua proporção, de bancar uma verba de manutenção para os mais pobres, que lhes garantiu acesso a um mundo que lhes estava até então interditado. O PT realmente deu concretude a milhões de brasileiros que inexistiam de direito e, ainda que um tanto simbolicamente, de fato. Para realizar esse programa, sacou na conta do tesouro. Tinha que ser assim mesmo e a despesa era plenamente suportável. O partido manteve, apenas com inflexões e correções, a política econômica do governo antecessor, de Fernando Henrique Cardoso. Continuou ancorado na estabilidade da moeda, na prioridade à exportação de commodities, no apoio à iniciativa privada e na associação ao capital estrangeiro. O mesmo não se pode dizer de outros programas adotados pelo partido, muito mais pesados e incertos, como a formação de multinacionais brasileiras (pelas tetas do BNDES), de bilionários nacionais (como o circense Eike Batista), do crescimento pela via do consumo, do endividamento e do calote (com renúncia fiscal para atividades de alto e abusivo lucro, como a indústria automobilística). Eventualmente esse tipo de ação devia ser acompanhado pela redução do Estado, ou provocá-la. Mas a presença estatal se tornou muito mais forte. Não pela melhoria da sua racionalidade, pelo desenvolvimento da sua vocação plenamente gerencial, do seu avanço na indução dos investimentos produtivos pela melhoria dos meios de produção. A elefantíase estatal foi acentuada em seus elementos burocráticos e políticos. Por um projeto de poder de longo prazo, no qual foram empenhados todos os recursos disponíveis – e a inventar. Esta é a raiz da crise atual, que só aos poucos, na medida da erosão do domínio político do poder, se vai revelando. Um dos efeitos dos choques de rua e das suas irradiações até os centros do poder institucional foi desfazer o mundo de fantasia criado pela retórica e a propaganda do governo petista e dos seus agentes. Constatar essa crise não é mero ato de má vontade, interferência de viés ideológico sobre a observação dos fatos. É a pura realidade, se há alguma coisa pura na sociedade humana. Mas o céu não continua límpido, as pessoas não seguem todos os dias para o seu trabalho (enfrentando uma trajetória de martírios, que vão do ônibus horrível à sujeição a algum dos braços da criminalidade)? É verdade. Mas uma crise não é como um temporal súbito, um raio que risca o céu sem sombras. É preciso ler os sinais que brotam do subsolo da máquina em funcionamento regular à superfície, aquilo que está sendo reprimido ou recalcado para longe dos olhos do público. Quem acompanha os artigos semanais do banqueiro (brasileiro, mas celebrado por sua atuação no mundo financeiro internacional) Henrique Meireles, ex-presidente do Banco Central, acompanha também seu crescente distanciamento da política econômica do governo Dilma Rousseff. Mesmo apenas como presidente do Bacen, Meireles foi a principal autoridade na política econômica durante os oito anos de Lula na presidência. Reedição do esquema que funciona nos Estados Unidos, não por acaso. Seu sucessor não conseguiu renovar esse esquema, apesar da sua evidente seriedade e bons propósitos. Talvez nem seja (apenas) por imperícia da presidente da república. Talvez seja por falta de meios objetivos para tal. Qualquer técnico competente e íntimo da implementação de política econômica faria as observações e advertências que Meireles vem fazendo, com estilo e irreprimida ironia (ou sarcasmo, em alguns momentos). A inflação vai rompendo os limites oficiais. O crescimento econômico não engrena. A estrutura produtiva é empurrada como um carro que apagou. Empurrar é fácil e qualquer um empurra. Mas o motorista ao volante erra na passagem da força mecânica do homem para a vez da engrenagem da máquina. Mais um pouco dessa imperícia e chegaremos ao mais lúgubre dos destinos: a estagflação, combinação de estagnação com inflação alta. Será a corrosão dos valores monetários que tanto engenho, arte e sofrimento custaram ao Brasil. Felizmente o destino ainda não está tão próximo, embora já à vista, ao menos em tese. O problema é que há muitos outros problemas: o investimento estrangeiro se reduziu, o capital internacional tomou novos rumos, o dólar encareceu, os juros voltaram a subir, o comércio exterior claudica, o balanço de pagamentos retoma o movimento negativo, o caixa do tesouro começou a baixar, a dívida interna cresce – em suma, começa a faltar lençol para tanto frio. Ou, em linguagem popular, a comida fica mais cara, as dificuldades da vida aumentam. Um caso exemplar dessa situação é o do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social. O BNDES se tornou o maior banco de desenvolvimento do mundo, superando o Banco Mundial em volume de operações. Desde 2008, o BNDES desembolsou no total mais 700 bilhões de reais em financiamentos diversos, um terço a mais do que o PAC (Programa de Aceleração do Desenvolvimento). O saldo de aplicações do banco brasileiro alcançou três vezes mais do que o do Bird, algo simplesmente inimaginável cinco anos atrás (ou ontem). É tanto dinheiro que as fontes tradicionais de recursos do BNDES, do FAT à sua receita financeira própria, não suportaram tanto desencaixe. O tesouro nacional passou a aportar volume crescente de receita oriunda de impostos. O montante exorbitou, obrigando o governo a inventar rendimentos que o banco lhe pagaria em retribuição a essa enxurrada de dinheiro. A manobra contábil foi denunciada internacionalmente. Resultado: o banco passou a pagar juros mais altos pela captação no mercado. Esse grave desequilíbrio podia ser compensado pela aceleração do crescimento do país, o que não aconteceu. Justificava-se a drenagem de tanto dinheiro alegando que com o impulso dado pelo banco logo o retorno produtivo promoveria a devolução dos financiamentos. Mas hoje a situação econômica do Brasil é pior do que antes. E os empreendimentos privilegiados pela política do banco estão fazendo água. O exemplo mais notório é o do empresário Eike Batista, para o qual foram reservados R$ 10,4 bilhões, dos quais 80% já foram aplicados. Este é o maior escândalo do país, maior do que o uso indecente de aviões da FAB por políticos e até mesmo a manjada – e espúrias – espionagem eletrônica dos Estados Unidos dentro do Brasil. Numa apuração mais ampla, certamente o comprometimento em aberto do BNDES ultrapassou a conta do trilhão de reais. O banco dá suas meias explicações quando um novo escândalo pipoca. Mas ninguém abre a sua monstruosa caixa preta, que um dia explodirá, lançando suas enormes fagulhas sobre a vítima de sempre: o contribuinte nacional. Antes que isso aconteça, vamos à cobrança. CPI no BNDES. br.noticias.yahoo/blogs/cartas-amazonia/abrir-caixa-preta-bndes-113805604.html
Posted on: Thu, 18 Jul 2013 01:42:44 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015