Fonte Diário de Santa Maria - Edição de 06/07 Jul 13 - Crônica - TopicsExpress



          

Fonte Diário de Santa Maria - Edição de 06/07 Jul 13 - Crônica / Marcelo Canellas - Contra o caradurismo, a urna Todos vimos nos jornais: o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, embarcou a namorada, um cunhado, uma concunhada, um filho e dois enteados num jatinho da FAB e foi passear com eles no Rio de Janeiro. A turma assistiu a vitória do Brasil no Maracanã e depois voltou para Brasília no avião pago pelo contribuinte. Quando a imprensa descobriu, o presidente da Câmara pediu desculpas. Disse que vai calcular a despesa média com passagens de Brasília para o Rio e ressarcir ao erário a gastança da parentada. O descaramento patrimonialista de Henrique Eduardo Alves não é novidade na política brasileira. Ele não foi o primeiro e, infelizmente, não deverá ser o último parlamentar a submeter o aparelho público aos seus interesses privados. Mas confesso que tenho uma enorme curiosidade. Será que lá no fundo, bem no fundo mesmo de sua consciência, ele não teve ao menos uma gota de constrangimento? Será que não se envergonhou nem por um segundo? Ou será que viu no jornal mais uma denúncia contra ele e disse apenas: “poxa, que chato!”, para, em seguida, passar os olhos na seção de esportes e comentar a vitória do Brasil com o cunhado a quem deu carona? O episódio se torna mais chocante quando comparado ao que ocorre no Exterior. Na Alemanha, o presidente da República Christian Wulff renunciou ao cargo quando descobriram que ele havia tomado, inapropriadamente, empréstimos a juro baixo quando era governador da Saxônia. Na Inglaterra, o ministro do Meio Ambiente, Chris Huhne, demitiu-se quando a ex-mulher contou que havia assumido os pontos de uma multa por excesso de velocidade de Huhne para que ele não tivesse a carteira de motorista cassada. No Japão, um caso dramático: o atormentado ministro da agricultura Toshikatsu Matsu se suicidou depois que se tornou pública a denúncia de que ele tinha as contas pessoais pagas por uma empresa. E no Brasil? Ninguém quer que os políticos se matem. Não há democracia sem partidos e sem políticos. Mas a erradicação do caradurismo como ferramenta da política, tão corriqueira em todas as esferas de poder, passa pela indignação do eleitor. Não esperemos senso moral de quem não tem vergonha de cometer um malfeito, não esperemos a dignidade da renúncia diante de uma desfaçatez. Lembremo-nos que a boca da urna é a hora do troco, o grande momento do cidadão. Ano que vem a gente se vinga.
Posted on: Sun, 07 Jul 2013 22:44:25 +0000

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