Informativo Diário segunda-feira, 16 de setembro de 2013 Quem - TopicsExpress



          

Informativo Diário segunda-feira, 16 de setembro de 2013 Quem está definindo os mercados é o . A estatística econômica lida com uma infinidade de problemas para tentar responder àquilo a que é demandada pela sociedade leiga: explicar algo que se passou na economia e, muito mais importante, dar uma boa previsão sobre o que acontecerá no futuro. Daí que muitos agentes econômicos ataquem a Ciência Econômica e os economistas por seus incríveis “erros de previsão”. No entanto, apesar de fazermos previsões, acreditamos que elas são ultra limitadas e estão longe da pajelança que muitos esperam a respeito desse assunto. Observe o comportamento das expectativas em relação ao PIB de 2013, feitas por economistas e informadas ao BC. Elas variaram de maneira formidável e isso pode ser explicado por uma crítica científica “sobre os ‘erros’ cometidos nas informações geradas pela GERIN do BC”. Hoje o crescimento esperado para 2013 está em 2,4%, mas já esteve abaixo e acima desse valor a cada semana que retrocedermos. Mas, como já disse, economistas não são pajés como muitos creem, inclusive alguns economistas! Já chamaram essa Ciência de “quase Ciência”, de “Ciência triste”, mas é mais comum que a sociedade a veja como uma pajelança que tem como grande meta, adivinhar o futuro. Toda vez que um economista se dá o trabalho de tentar explicar o passado, estabelecendo relações entre as diversas variáveis (câmbio, renda, emprego, etc...) ele se utiliza de ferramentas estatísticas e, a partir disso, tenta, com muita margem de erro, inferir algo a respeito do futuro, sempre associado a erros e probabilidades. Por exemplo, podemos tentar inferir a taxa de crescimento avaliando variáveis como desemprego, taxa de câmbio, taxa de juros, política fiscal, oferta de crédito e diversas outras variáveis. Postas essas variáveis, podemos tentar “prever” o PIB do ano com, digamos, 95% de probabilidade de acerto dentro de um intervalo (entre 2,5% e 3,5%, por exemplo) e margem de erro de 5%. A esse conjunto de variáveis que utilizamos e que conhecemos, atribuímos um peso na determinação do PIB e fazemos uma suposição de que esse peso ficará estável ao longo do tempo (o que está longe de ser verdade). Quando terminamos nosso estudo chegamos a uma equação que tenta, repito, tenta dar um intervalo razoável para o crescimento do país em determinado ano. Quando o evento ocorre (nesse caso o crescimento brasileiro de 2013) observamos se a projeção foi correta. Se ela não foi, consideramos que houve uma “parte” do crescimento que não estava dentro de nossa equação e definimos isso como um elemento desconhecido e, mais importante, imprevisível. A essa parte do “mundo econômico” inexplicável e imprevisível chamamos de erro e atribuímos a ela a letra Nem triste, nem alegre, a Ciência econômica corre atrás do tempo para minimizar esse de sorte a oferecer à sociedade sugestões de política adequadas e que tornem a vida mais próspera. A Grande Recessão de 2008 foi apresentada por muitos como um grande mas, na verdade, muita gente já estava esperando sua ocorrência (esse economista não!). Mas agora, no curto prazo, estamos lidando com cenários bastante adversos, nos quais o passa a ter um peso enorme, a tal ponto que os economistas do FMI, meses atrás, tenham atribuído o momento como de grandes incertezas, ou seja, momentos em que não podemos avaliar o futuro com probabilidades conhecidas. Isso porque os países desenvolvidos driblaram a sua segunda maior recessão da história, com armamentos que jamais foram utilizados com essa intensidade. Agora que o maior deles, os EUA, está quase saindo da recessão (esse quase é bem otimista!) sabemos muito pouco sobre qual vai ser o comportamento da economia global quando os tais armamentos forem sendo “desarmados”. Já falamos bastante a respeito. O FED injetou algo como US$ 2,5 trilhões de dólares na economia por meio de compras de ativos privados. Esses ativos estão na carteira do FED por enquanto. A ideia agora é parar gradualmente de comprar mais ativos e, portanto, ir injetando cada vez menos dinheiro na economia. Depois, mais à frente, o FED terá que devolver os ativos que detêm ou deixá-los vencer, fazendo com isso, que o dinheiro que estava em circulação volte aos cofres do FED (Gudin e Simonsen chamavam esse processo de criação/destruição de moeda), diminuindo a liquidez da economia. Já que estamos diante de algo novo, completamente novo, que é esse volume gigantesco de dólares que está circulando pelo mundo e que pode começar a ter seu crescimento revertido, a parcela daquilo que pode ser “explicado” pelos nossos modelos, ou melhor, pelo nosso verdadeiro conhecimento, é relativamente menor. Eis o desafio: lidar com o incerto tratando-o como se fosse um velho conhecido. Algo como considerar que os efeitos de uma contração de US$ 2,5 trilhões sejam simétricos aos de uma expansão e que isso pode ser gerenciado sem causar pânico ou atrapalhar a tímida recuperação da economia dos países desenvolvidos (na verdade apenas os EUA e Inglaterra estão se recuperando). Como esse processo é notadamente desconhecido e implica em riscos enormes (a alavancagem dos agentes saiu do setor imobiliário e foi para a renda fixa) qualquer fato inesperado pode aumentar ou reduzir os prêmios de risco exigidos pelos agentes. Nas últimas semanas o dólar se fortaleceu e os juros das “treasuries” subiram fortemente por conta de duas variáveis que não estavam em modelo algum: a guerra da Síria e a possibilidade da Lawrence Summers assumir a presidência do FED no ano que vem. Os mercados colocaram ainda mais prêmios (derrubaram os preços dos ativos) porque tanto a guerra como Summers significavam mais aperto, mais incerteza. Os juros das “treasuries” de dez anos subiram até 3% e o dólar se valorizou fortemente contra todas as moedas. Aqui no Brasil sentimos isso nos juros longos e na desvalorização do real. A atuação firme de Vladimir Putin afastando os riscos de ataques à Síria e o anúncio de que Summers não iria mais se candidatar à presidência do FED fizeram os mercados embarcarem, novamente, em uma nova onda de otimismo. Bolsas em alta (as ações nos EUA estão batendo recorde após recorde), moedas em alta e juros em queda. Os prêmios estão sendo rapidamente diminuídos à espera de uma reunião do FOMC que sinalize a continuidade da expansão monetária por mais tempo, já que nem Summers, nem Síria estarão na agenda. Hoje ninguém contava com isso. A formação de preços nos mercados globais foi dominada, uma vez mais, pelo Como se vê, nem tristes, nem alegres, os economistas não têm nada a ver com isso. O que os diretores com direito a voto poderão fazer depois de amanhã já é bem conhecido: votam pela manutenção do programa de estímulo ou votam pelo seu fim gradual. Não há outra alternativa na mesa. O que é desconhecida, de verdade, é a reação dos mercados globais que têm em sua mãos muitos trilhões de dólares para perturbar ainda mais um cenário que está longe de ser de prosperidade. Cerca de dois anos atrás um colega de profissão criticou a todos os economistas por esse “erro” de tentar fazer previsões. Ele mesmo é até hoje um funcionário de banco que trabalha com, acredite, previsões! PEDRO PAULO SILVEIRA Economista – Fone: 55 11 3080-2610 Disclaimer: "Este informativo foi preparado pela Vetorial Gestão de Recursos e é distribuído gratuitamente, com a finalidade única de contribuir com uma ótica sobre o mercado em geral, sem possuir qualquer vínculo com pessoas ou empresas eventualmente citadas, nem delas recebendo qualquer tipo de remuneração. Mesmo nos atentando para trazer as informações com a maior precisão, elas não são por qualquer forma garantida, isentando a Vetorial Gestão de Recursos de qualquer responsabilidade. Os indicativos, as opiniões e as projeções que venham a ser expressos neste informativo estão sujeitos a mudanças a qualquer momento, sem necessidade de aviso ou comunicado prévio. Cabe ressaltar que de nenhuma maneira, este relatório possa ser interpretado como sugestão de compra ou de venda de quaisquer ativos e valores imobiliários. Este relatório não pode ser reproduzido, distribuído ou publicado por qualquer pessoa, para quaisquer fins."
Posted on: Mon, 16 Sep 2013 14:19:10 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015