Leo Vinicius Em meio às lutas sobre tarifas de transporte - TopicsExpress



          

Leo Vinicius Em meio às lutas sobre tarifas de transporte coletivo, a experiência das "auto-reduções" dos anos 1970 na Itália pode servir para algo, nem que seja com memória e cultura das lutas sociais. Segue esse resumo, parte de uma pesquisa que realizada alguns anos atrás. "Auto-reduções": luta de classes na Itália dos anos 1970 Em 1974 as chamadas auto-reduções se difundem na Itália. Prática que ocorria esporadicamente em 1968 e 1969 entre estudantes e trabalhadores através da recusa em pagar as tarifas de transporte. Em 1971 jovens em Milão forçaram a redução de preços de apresentações musicais ameaçando sabotá-las. Contudo, foi somente com a participação de delegados de conselhos de fábrica, de comitês de bairro e de sindicatos que as auto-reduções se tornaram uma prática de resistência viável e difundida entre 1974 e 1975. Tiveram início em Turim quando grupos de trabalhadores da Fiat de Rivolta se recusaram a pagar o aumento de 25 a 50% para as empresas de ônibus que os levavam ao trabalho. O sindicato dos metalúrgicos organizou “delegados de ônibus” para recolher o dinheiro à tarifa antiga e enviá-lo para as empresas. As auto-reduções também foram feitas sobre as tarifas de energia elétrica. Cerca de 150 mil contas de energia elétrica foram auto-reduzidas em Piemonte. As auto-reduções se espalharam por outras cidades italianas, especialmente em Roma, e atingiram também as contas de telefone e os aluguéis. Note-se que elas se centravam nas tarifas de serviços prestados pelo Estado, mais fáceis de resistir do que as de serviços privados . Em 1975 começam a surgir os chamados círculos da juventude proletária, precursores dos Centros Sociais , formados por jovens trabalhadores de pequenas empresas para articular lutas em diferentes firmas, mas que se engajaram também em auto-reduções, através da entrada em massa em cinemas, apresentações musicais e outras atividades culturais . Em 1975-1976, para o hisoriador Steve Wright, só as práticas de auto-redução forneciam alguma ligação entre os setores cada vez mais diferenciados da classe trabalhadora italiana . Toni Negri e pelo menos boa parte dos autonomistas que vieram do operaísmo, interpretavam as auto-reduções inicialmente como uma prática de renda garantida, de salário social, de extensão da luta salarial da fábrica ao terreno social. Viam também na passagem de 1975 para 1976 a evolução de uma prática defensiva e de resistência – a auto-redução – para uma luta ofensiva de “apropriação”, levada a cabo por muitos grupos autonomistas e jovens através de “expropriações” e do não pagamento de entradas e tarifas .
Posted on: Sun, 28 Jul 2013 03:44:39 +0000

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