Meus amigos: Que se entende por má governança? Há má governança quando os hábitos culturais da população e do governo são egoístas, ou seja, quando as pessoas só pensam (ou pensam prioritariamente) no interesse próprio e não no coletivo; quando as instituições políticas e jurídicas se tornam disfuncionais, porque marcadas pela corrupção, pelo imediatismo, pela morosidade, pela inacessibilidade ou pelo corporativismo vil e abjeto, quando não pelo patrimonialismo (fruição ou divisão do patrimônio público como se fosse privado); quando o sistema econômico está voltado para o atendimento das necessidades e cobiças de alguns, que se apoderam da mão de obra alheia sem a devida remuneração justa (sistema neoescravagista); quando os grupos de pressão, parciais (mídia, financiadores de campanhas eleitorais, sindicatos, associações religiosas etc.), assumem (total ou parcialmente) o comando do regime democrático (uma doutrina parcial não pode servir de padrão para todos ou para a maioria); quando a decadência da classe política se torna notória, porque voltada não para o interesse geral da nação (como imaginava Rousseau), sim, para seus interesses privados, em busca da perpetuação no poder; quando os déficits públicos se tornam insustentáveis; quando as dívidas se tornam impagáveis; quando o crime organizado, inclusive mediante cartéis, surrupiam a possibilidade de crescimento da economia; quando a corrupção passa a ser a regra em todos os níveis da governança (local, regional, estadual e nacional), destruindo a confiança na administração pública; quando os corruptos e os corruptores ficam impunes, criando a crença de que a Justiça não funciona contra eles (a pena de empobrecimento é o que há de melhor para esse tipo de crime); quando a desigualdade alcança patamares insuportáveis, gerando grande mal estar (individual e coletivo); quando a violência se torna desenfreada, em razão da quase absoluta disfuncionalidade das instituições, sucateadas, que investigam pouco e punem menos ainda; quando as instituições religiosas, no estado laico, defendem um novo tipo de intolerância (cura “gay”, por exemplo); quando o Estado cobra impostos de país rico e oferece um serviço público (nos transportes, na saúde, na educação etc.) de quinta categoria etc. O que os políticos e governantes deveriam saber? É que sempre que a população se convence de que está havendo má governança, deixa de lhe dar seu consentimento. O governo entra em decadência (declínio) e perde sua legitimidade assim como as eleições. Acontece o que é da essência do sistema republicano: a mudança do governo, dos governantes e dos políticos. Avante Brasil!
Posted on: Sun, 23 Jun 2013 21:34:57 +0000