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O HOMEM DA ESTAÇÃO (DÉCIMA QUINTA parte de um romance que estamos escrevendo e publicando periodicamente aqui, em forma de "folhetim") Por: Evaldo Peclat Nascimento O vereador Wellington Albuquerque, do Partido dos Tratantes (PT), obviamente não perdeu – nem perderia – a oportunidade de acusar o Prefeito Fortunato Pessoa também pela invasão dos caramujos e os estragos feitos pelo dragão, assim como pelo bando do minotauro, no Natal na lagoa. Aliás, na opinião do nobre edil, como vimos até agora, tudo que de ruim acontecia em Vale Santo era culpa exclusiva do prefeito. -- Esse cara vai acabar dando fim no Município com suas ideias malucas e a falta de pulso firme para fazer o que realmente precisa ser feito. Essa questão dos caramujos, por exemplo, poderia ser evitada se ele determinasse o devido controle da produção de escargôs, que acontecia no Município até há pouco tempo. Todo mundo sabe que os “Fulicas” começaram a se proliferar mesmo desta maneira descontrolada depois que os criadores abandonaram a criação de escargôs e soltaram os moluscos nos rios e córregos da cidade. A espécie que vemos aí nada mais é que o resultado do cruzamento entre o Fulica normal e os escargôs – acusava Wellington em mais um de seus inflamados discursos na Câmara. -- Mas não é bem assim, meu nobre colega, contra-argumentava o vereador Joaquim do Mercado, líder da bancada do governo municipal na Casa Legislativa --. O Prefeito Fortunato não tem culpa disso: embora estejam mais abundantes agora, os caramujos começaram a aparecer mesmo desde várias Administrações anteriores à dele e não é justo que ele seja responsabilizado desta forma. -- Não importa, agora o prefeito é ele e cabe a ele resolver o problema – radicalizou, taxativamente, o líder da oposição. Wellington Albuquerque aproveitou para lembrar que iniciava-se um ano eleitoral no País, no qual seriam escolhidos os novos governadores, senadores e deputados federais e estaduais. Ele fez uma retrospectiva dos fatos ocorridos ultimamente no Município, pelos quais considerava o Prefeito culpado, chamando a atenção de seus pares e conclamando a razoável plateia presente à sessão a pensar melhor antes de votar nos candidatos que fossem indicados e apoiados por Fortunato Pessoa: -- Vejam bem: primeiro, foi a ideia de ouvir a população sobre tudo que é preciso realizar no Município; depois, a tromba d’água provocada por aquele cientista maluco chamado por ele, que acabou trazendo o dragão de quebra, causando a tragédia no Natal. Agora, esta praga de caramujos. Aliás, diga-se de passagem, a iniciativa de “governar com o povo” está lhe saindo caro, pois o Conselho Comunitário acabou recomendando que a nossa Câmara não dê reajuste nenhum no orçamento municipal deste ano – completou o vereador, disfarçando um sorriso de satisfação. XXX Enquanto os vereadores discutiam na Câmara, procurando saber de quem era a responsabilidade pela praga de caramujos, sem na verdade chegarem a alguma conclusão que pudesse resolver a pendenga, como aliás costumava acontecer com a maioria dos assuntos discutidos na Câmara de Vale Santo, os implacáveis e insaciáveis moluscos prosseguiam na sua faina voraz. Não só no quintal de Alberto Alencar, onde apareciam em maior quantidade, como em todo o Centro e periferia, os Fulicas devastavam jardins, canteiros de hortaliças, roças de milho, feijão e inhame. Comiam até mesmo folhas de bananeiras, outro produto muito cultivado em Vale Santo. Foi em meio a essa confusão que chegaram, no trem de carga do meio-dia, os blocos de sal do deserto de Atacama, na Bolívia, encomendados pelo escrivão Alberto Alencar. Como toda novidade que ocorria no Município, a notícia da chegada das esperadas lajotas de sal despertou a curiosidade dos vale-santenses, que foram em hordas à estação para presenciar o desembarque. Havia nada menos que 10 vagões com a estranha encomenda. (AMANHÃ TEM MAIS...)
Posted on: Thu, 01 Aug 2013 17:58:05 +0000

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