O Jorge Bergóglio, encarnado Papa Francisco, quando criticou a - TopicsExpress



          

O Jorge Bergóglio, encarnado Papa Francisco, quando criticou a estratégia de pacificação de favelas do Rio de Janeiro, alertou que enquanto a desigualdade social não for resolvida não haverá paz social duradoura. Isso não é verdade. A violência dos morros e das favelas cariocas, simbolizando todas as violências urbanas e não urbanas do planeta, do passado e do presente, e a própria desigualdade social apontada, na realidade são ambas efeitos de uma causa, esta sim, que precisa ser atacada, extirpada: a exploração do trabalho humano. O Jorge não quer falar sobre isso. O mentor moral dele, Jesus de Nazaré, intuiu isso, quando escalou o Amor ao Próximo como a parte complementar do amar a Deus. O maior dos mandamentos não era não roubar, ou não matar, ou não desejar a mulher do próximo: em parte o respeito humano que se deve ter pelo semelhante era e é o maior comando para o bem estar social, para a paz duradoura que o Jorge Bergóglio recomenda e no final almeja. Jesus de Nazaré, quando não quis lutar com espada contra os Romanos, que faziam ocupação política de sua terra, a Judéia, juntando-se a Barrabás e a tantos outros conterrâneos insurgentes da época, sabia que a verdadeira libertação humana vinha através das ideias, da consciência política, da seleção de valores morais que deviam orientar a conduta individual e coletiva de um povo. Antes dele Moisés fez isso, e deu certo, reunindo o povo Hebreu, tomado das mãos do rei do Egito, em torno dos Dez mandamentos. Jesus de Nazaré quis avançar nessa questão, indo mais longe: o seu propósito não era apenas beneficiar o seu povo, mas estender a todos os demais povos do mundo. Percebera ele que o cerne da questão era a exploração do ser humano por outro. E fez chegar isso até nós. Sabemos nós que em tempos idos, nas comunidades primitivas, nas cavernas, depois nas tendas das ocas, nas primeiras vilas, predominava a solidariedade, sentimento desinteressado de ajuda recíproca em face da satisfação das necessidades básicas por alimento, vestuário, moradia, proteção da prole, etc. A divisão social do trabalho existia em função das necessidades do grupo familiar; a troca de excedentes da produção baseava-se num medida justa, de quantidades iguais; não se esperava mais como compensação. No tempo de Jesus, a solidariedade dessa espécie já havia voado pelos ares, explodido, instalando-se no seu lugar o individualismo, os gestos interessados de tirar vantagem em benefício próprio. Vigorava o Comércio, a nova forma de troca, de quantidades desiguais, baseada no princípio da exploração egoísta de tirar vantagem. E contra esse princípio é que se voltou o princípio da moral de Jesus de Nazaré. O que ocorreu foi que esse princípio não foi sistematizado com clareza pelos seguidores do fundador. Perdeu-se no tempo de centenas de séculos. De certa forma piorou a situação. Pela fala dele, é o reconhecimento disso que move o Jorge Bergóglio, é isso que quer pregar o Papa Francisco, só que ele não diz isso bem claro, com todas as letras. Diz-se enjaulado, critica os “ídolos passageiros”, referindo-se a dinheiro, poder, sucesso, prazer, porém parece temer a reação dos seus pares conservadores, como Odilo Scherer e Cláudio Hummes, e todos os demais da cúpula da Igreja católica. Por isso ele empurra a juventude, e os idosos, aliás todos os cristãos católicos, para a linha de frente das ruas, dizendo, para alentar, que eles não estão sozinhos nessa luta. A respeito disso, quem dá sustentação a pensamentos claros e contundentes, com coragem, sem meias palavras, é Karl Marx. Estudando com determinação e vontade as teorias da época, nos escritos econômicos de Adam Smith e de outros intelectuais, descobriu esse filósofo e cientista político a mecânica da riqueza das nações, que toma por base o uso do dinheiro, como uma mercadoria, para reproduzir mais dinheiro. Chegou à conclusão de que para conseguir isso é preciso continuar explorando o trabalho humano, não respeitando o semelhante como igual. No tempo Jesus, no auge do Império Romano de Pilatos e companhia, quando lançou a ideia moral de que é preciso Amar o próximo, respeitando como igual o semelhante, o sistema de reprodução social, de organizar o povo para produzir riqueza, vigorava na base de exploração da força do trabalho escravo pela aristocracia da sociedade romana em suas propriedades; os exércitos romanos garantiam a expropriação das riquezas dos povos dominados pela força das armas; os nobres patrícios romanos não trabalhavam, não se dedicavam a atividades de comércio, nem de produção; organizavam o trabalho escravo em seu favor. Nos séculos que se seguiram, o sistema de reprodução social manteve a forma de dominação, através da força das armas de exércitos, mudando a base de exploração do trabalho, que deixou de ser produzido por escravo, para ser produzido por servos, aqueles, sem terra, que habitavam as terras dos senhores feudais, moradores de castelos, de onde governavam o mundo. Foi o período de dominação política da Igreja católica romana. Os nobres passaram a ser os guardiões da mensagem moral de Jesus de Nazaré; a consequência foi a sua total desvirtuação. Em nosso tempo isso não mudou, exceto a base de exploração do trabalho, cujo objeto deixou de ser a servidão, o uso da terra, mudando para pagamento de salário. A forma de dominação do ser humano por outro permanece; quem explora o trabalho humano não é mais o aristocrata romano nem o nobre feudal; agora é o engravatado dono de fábrica ou proprietário de escritório de serviços de comércio, que se valem de suas organizações empresariais para expropriar a força do trabalho humano compensado pelo pagamento de salário. Aqui surge o fenômeno da mais valia, da sobrevalorização do trabalho humano com que o patrão remunera o empregado através do salário. O valor do trabalho humano é um, o preço com o qual se remunera é outro, a menor, destaque-se. Marx descobriu isso: é a apropriação de parte substancial do valor do trabalho a verdadeira causa do enriquecimento do empresário e das desigualdades. Combater a desigualdade social, fazer justiça, é combater a alma do Capitalismo, a apropriação injusta e imoral de parte do valor do trabalho do empregado. Portanto, a desigualdade social a que se reporta Jorge Bergóglio, encarnado no Papa Francisco, que engendra planos de pacificação de favelas ou de recuperação de viciados em droga, é focada equivocadamente como sendo a causa que deve ser atacada. Ele sabe, mas se faz de desentendido, de que o grande mal da humanidade é a forma de organização da sociedade pelos outros pares dos “mercadores da morte” mundo afora baseada na exploração do homem pelo homem cognominada Capitalismo. Jesus de Nazaré, o Mestre dele, reconheceu isso quando prescreveu a fórmula do Amor - respeito- ao Próximo; Marx clareou melhor a ideia, dando contornos científicos de fé nesse postulado. Desviar a atenção disso e andar em círculo é dourar a pílula. Como diria um Nordestino: deixemos de chorumela!...
Posted on: Sat, 27 Jul 2013 09:39:18 +0000

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