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O Papa e a Globalização da indiferença Já faz tempo que a humanidade vive em um ritmo de trabalho e ocupação frenéticos, com o intuito de resolver seus problemas materiais. A vida está tomando um rumo em que as pessoas não param para refletir sobre a própria vida que levam. Aquele momento de ficar só, consigo mesmo, é um hábito de poucos. Poucos que sentem a necessidade de conversar com seu eu e se perguntar sobre questões que passam como um filme e que não se consegue apertar o “pause” para analisar com mais cuidado, e, por isso, deixa-se de compreender o enredo da existência. Como não abro mão desta tecla (pause), fiz uso dela quando vi a reportagem em um tele jornal que cobria a visita do papa Francisco à ilha italiana de Lampedusa. Aquele pedacinho de terra no mediterrâneo foi palco de milhares de mortes, quando africanos, fugindo da fome e da guerra, aventuravam-se nas águas perigosas do canal da Sicília que leva até Lampedusa, sendo vitimados por naufrágios e fome no decorrer da viagem. O papa ficou muito comovido com a história desses africanos mortos que foram enterrados como indigentes, sendo que muitos se perderam nas águas do mediterrâneo. Gente que sonhava com uma vida mais digna e menos sofrível. Gente que necessitava de pouca coisa para ser feliz. Gente que arriscou a vida pela dignidade de viver. Entretanto, o que me chamou a atenção foi a reflexão que o papa fez ao afirmar que: “A cultura do bem-estar, que nos leva a pensar em nós mesmos, nos torna insensíveis ao grito dos outros, nos faz viver em bolhas de sabão, que são belas, mas são nada, são uma ilusão de futilidade, do provisório, que leva à indiferença para com os outros, leva até mesmo à globalização da indiferença”. Ao falar da globalização da indiferença, Francisco aponta para uma igreja voltada para os pobres, que sofrem diuturnamente esta indiferença. Para ele, ninguém se sente responsável por estas mortes e pelas mortes de milhares de crianças no mundo que não possuem o mínimo, não para viver, mas sim sobreviver. O mundo caminha à passos largos nesta estrada da indiferença, onde o que importa é o ‘ter’ e não o ‘ser’. Tenho esperanças que este ícone da Igreja Católica sensibilize, com seu exemplo, esta sociedade mundial globalizada e indiferente. Tenho esperanças que a Opção Preferencial pelos Pobres, compromisso assumido pela igreja na Conferência de Puebla (1979), possa corroborar com a opinião de Leonardo Boff, quando afirma que Francisco “é o papa da ruptura e que vai inaugurar uma nova era para a Igreja.” Acredito que o papa será, quem sabe um dia, lembrado como o grande Pai que lutou para que a indiferença se transformasse em solidariedade. Carlos Hugo Honorato da Silva-Mestre em Filosofia
Posted on: Wed, 24 Jul 2013 19:36:43 +0000

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