PSOL ITAPEMA DEFENDE A PRAIA GROSSA NA TRIBUNA DA CÂMARA DE VEREADORES: O texto abaixo, ressalvados alguns equívocos de edição e informações faltantes, é o pronunciamento do PSOL Itapema na Tribuna do Povo da Câmara de Vereadores na última terça (27/08), publicado nesta terça (03/09) pela Assessoria de Comunicação da casa de leis de nosso município. Confira abaixo o texto publicado na página da Câmara no Facebook: ______________________________________________________ TRIBUNA DO POVO: “Isso aqui não é uma guerra contra a construção civil. Mas sim uma questão de respeito ao interesse popular” O presidente do Psol de Itapema, Willian Meister, usou a palavra durante a última Sessão Ordinária da Câmara de Vereadores de Itapema, para comentar o Congresso Intermunicipal do Psol que reuniu dirigentes do partido em Itapema, e para fazer reflexões sobre a importância da aprovação do Projeto de Iniciativa Popular que tramita no Poder Legislativo, que propõe a preservação da Praia Grossa, diante da possibilidade de construção de um condomínio e um hotel na área de Mata Atlântica. Veja o pronunciamento dele: “Venho hoje representando o Partido Socialismo e Liberdade (Psol), faz tempo que não comparecíamos e há cobrança de pessoas que acompanham nossos posicionamentos, para que a gente retome e retorne pra cá, até pra discutir questões pontuais, que sempre estão em evidencia na política municipal e viemos fazer isso também. Primeiramente queria falar que no sábado aconteceu no Plenarinho da Prefeitura, o Congresso Intermunicipal do PSol, com os diretórios de Bombinhas, Itajaí, Governador Celso Ramos e Itapema, com a presença de membros da executiva estadual e nacional do partido. Dentre outras coisas, discutimos as teses que vão ser apresentadas no Congresso Nacional do partido, que vai acontecer no final de novembro em Goiás, mas também debatemos a política interna, debatemos a região, o município, as eleições 2014, e a perspectivas que nós, enquanto partido, temos. Por isso que nós viemos aqui, hoje, para falar também da Praia Grossa, porque em 2012 no processo eleitoral do qual eu fui candidato a prefeito, o Psol foi o único partido político que se posicionou sobre a questão da Praia Grossa. Ao que me parece, até hoje, é o único partido que se posicionou. Temos vereadores se posicionando, mas partidos não. Desde o princípio fomos favoráveis a esta questão, o projeto de conservação, tanto que membros do nosso grupo fazem parte do Movimento Popular - sempre fizeram – porque este é um movimento aberto, livre, apartidário, inclusive existem pessoas de partidos da bancada aqui da Câmara de Vereadores. Nós somos favoráveis à preservação daquele local e não fugimos de nenhum debate, ao contrário de todos os outros candidatos da época. Nunca escondemos nosso posicionamento, por isso estamos aqui prestando contas à sociedade de Itapema, e estamos revelando esse posicionamento político, cara a cara com a sociedade. Aliás, quem quiser conferir o link do megadebate eleitoral, pode acessar no site “youtube”, lá estão todos os vídeos dos debates promovidos pelo jornal Atlântico, com nossos posicionamentos sobre muitos assuntos, inclusive sobre a questão da Praia Grossa. Sobre ela, eu gostaria de primeiro situar isso historicamente. É importante entender em que passo da história a gente está! Acho interessante que a gente tenha o primeiro projeto de iniciativa popular da história do município de Itapema, justamente no momento em que o povo brasileiro se levanta, lutando por mais representatividade na política. Isso tem que ser levado em consideração! Se o povo está descrente da política, a gente tem a apresentação desse projeto de lei, justamente nessa época, então senhores, temos um “pepino” aqui, um “pepino” bom. E esse é o debate que tem ser feito. Eu não quero aqui falar da legalidade ou não dos empreendimentos, porque pra mim a principal questão não é essa. A principal é a moralidade de tudo isso, como falei: o povo está aqui revindicando a aprovação de um projeto de lei popular, então, entram em pauta discussões como a representatividade, por exemplo, na esfera social e científica, para saber que impactos ambientais teremos? Que impactos sociais teremos se, por exemplo, fecharmos aquela área e vendermos para terceiros? Que tipo de democracia é essa? Inclusive eu gostaria de propor aos representantes da Faaci (Fundação Área Costeira de Itapema), que venham aqui, já que gostam de frequentar esta Casa – e acho importante se manifestarem, pois são agentes públicos e tem que se manifestar – que venham aqui dar um parecer sobre este projeto de lei, nem que seja contrário, não importa. O fato é que semana passada uma entrevista com o presidente da Faaci gerou polêmica, em que ele deu um posicionamento sobre o empreendimento, então que ele dê um posicionamento também sobre o projeto de lei popular, afinal são agentes públicos, porta vozes da população. E não do meio privado! Eles tem que estar aqui prestando esclarecimentos, e deixamos essa provocação aqui. Tive uma conversa com o vereador Eraldo Mafra no Plaza, onde ele me colocou que esta é uma questão complexa, então gostaria de colocar aqui alguns apontamentos. Eu não acho que seja tão simples dizer um “sim” ou um “não” ao projeto de lei. A gente precisa considerar algumas variáveis e entrar num processo de reflexão profundo, que demanda em conhecer. Conhecimento mínimo sobre representatividade, sobre a própria causa e o movimento popular, sobre as consequências ambientais de tudo isso, tanto do projeto de conservação, quanto do projeto de construção. Para isso, tem que estudar, ler, ouvir, dialogar com as duas partes. É importante conhecer os dois lados, tanto quanto conhecer cientificamente e socialmente os impactos das propostas. Analisar a viabilidade social, a destruição ambiental, a biodiversidade, a qualidade da água e do ar do município, as consequências, essa análise é fundamental antes de votar. Deixo uma pergunta: com empreendimento “A” – sabendo das deficiências que temos na captação e tratamento de esgoto em Itapema – para onde iria o esgoto gerado pelo empreendimento na Praia Grossa? Os berçários marinhos de tartaruga e cavalos marinho não podem beber esgoto lá! São especificidades da natureza de Itapema que temos que conhecer e considerar. Pra isso não bata dizer apenas “não” porque eu sou construtor, e nem ou “sim” porque eu gosto da praia. A questão é um processo de reflexão, até porque isso aqui não é uma guerra a construção civil. Mas sim uma questão de democracia de respeito ao interesse popular. Inclusive sobre o tema democracia, gostaria de fazer uma reflexão no seguinte sentido: na nossa concepção enquanto Partido, todos devem ter direito de usufruir daquela praia ou do espaço verde, seja rico ou pobre, podendo pagar para acessar lá ou não. Devemos pensar que podemos ter uma praia pública, um parque público, uma área pública mantida pelo poder público, com quiosques públicos, churrasqueiras públicas e com estradas públicas! De acesso público, sem um portão de concreto barrando a entrada das pessoas, como tem lá hoje. Só assim nós teremos uma área que é de todos, onde o mais pobrezinho e o mais milionário poderão acessar com igualdade de condições. Porque a questão econômica não vai ser considerada, porque lá é público! Esta é a questão maior, por isso disse que a questão maior não é da legalidade, mas principalmente a moralidade. Para encerrar, coloco algumas propostas que já apresentamos em 2012, para essa e outras temas que envolvem Itapema: vemos que há a possibilidade de Itapema explorar o turismo, mas de outras formas, consciente! E explorar de formas que vem crescendo mundo afora, como por exemplo, turismo de apreciação da fauna e da flora, que tem crescido em todo lugar pela falta de espaços verdes nas grandes cidades; turismo de aventura: quem nunca praticou arborismo, fez uma trilha? Todo mundo gosta desse contato com a natureza! A gente tem opções como fazer isso aqui! E uma outra forma que acho fantástica: turismo científico e de pesquisa, tem crescido no mundo e não serve para qualquer lugar, não! Só para lugares que tenham a biodiversidade e a área verde que Itapema tem. Considerando que temos menos de 7% de mata atlântica preservada ainda no Brasil, aqui temos uma boa parte preservada! Ou então se pensar em outra proposta do Psol, de criar aqui um laboratório de pesquisas sócio-ambientais, aí teríamos aí uma outra forma de renda, que geraria inclusive conhecimento e cultura, não só ao povo de Itapema, mas para a humanidade. Mas infelizmente parece que a ampliação da mente das pessoas fica um pouco limitada... Então quero deixar um apelo aqui, aos vereadores e parabenizar aos que já se posicionaram, ao vereador Vanio, Magnus, Fabricio e Lázaro, não porque se manifestaram a favor! Mas por já terem avaliado a questão e por terem dado o seu parecer. Gostaria de comentar, vereador Xavier, lembro que na última sessão o senhor propôs plantio de árvores na cidade, porque é notório que em nossa cidade estamos perdendo espaço verde, por onde a natureza respira, por onde a água adentra ao solo, para a construção os prédios. Se há a preocupação em plantar, também devemos nos preocupar em preservar o que temos. Então fica aqui a pressão ao vereador Xavier, acredito que o senhor já tenha um posicionamento quanto a isso, pois já manifestou essa preocupação com a natureza. Se for possível, vamos entrar com um requerimento nesta Casa, para exibição documentário produzido em Navegantes, dirigido por Patrícia Costa: “Montagem e desmontagem - a restinga como caleidoscópio”. Ele tem 19 minutos, exatamente o tempo das duas tribunas do povo concedido nas sessões da Câmara. Espero que seja possível a gente usar esses 20 minutos para apresentar isso, que relata a história dos pescadores, até pra uma formação cultural, mostrando o processo de avanço da cidade para cima da restinga, e como a natureza reagiu para cima da cidade, principalmente nas ressacas. É um processo interessante para pensarmos: será que queremos isso também pra nossa cidade?”.
Posted on: Wed, 04 Sep 2013 02:42:53 +0000
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