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Pessoal, acabei de enviar o seguinte comentário ao site da cidade de Nova Petrópolis aqui no Facebook. Transcrevo abaixo meu comentário, que fiz em português pois desta vez comunicar as idéias me foi mais importante... ainda mais que, francamente, muitas vezes eu envio este tipo de comentário sem jamais receber resposta alguma. Mas o interesse existe sim - todo esse reavivamento VISUAL da cultura precisa também estender-se ao âmbito linguístico. A reversão do triste estado de nosso regionalismo linguístico vai ser revertido, a questão é saber quem vai se habilitar nesta fase inicial de repuceração, onde o que mais precisa ser mudado é a postura negativa, a falta de atitudes positivas ... Schöne Grüsse! Olá, gostaria de transmitir a vocês alguns pensamentos sobre a língua alemã do Rio Grande do Sul. Em primeiro lugar, o dialeto alemão riograndense está classificado internacionalmente como uma língua em perigo de extinção. E esta é a última geração que ainda pode manter o elo da língua regional viva. O desprestígio social deste idioma é algo que pode ser revertido com atitudes inspiradoras. Em termos de estética, em termos visuais a língua em si, além das fontes germanizadas/o design gráfico das letras, o próprio conteúdo sempre causa um tremendo impacto - mesmo por não falantes do idioma. Outro detalhe, nem tudo precisa sempre aparecer em duas versões. Mas sim ou o dialeto ou o alemão padrão devem ser bem visíveis, por todo o lugar - por exemplo na sinalização/placas da cidade, no logotipo, no portal de entrada. Acho incrível que as cidades bilíngues de português alemão do estado raramente escrevam boas vindas ou alguma frase de saudação na língua regional. Vocês acham que hoje se estaria falando françês em Quebec no Canadá não fosse as pessoas lutarem pela preservação de sua língua ancestral? Muito análoga a situação... Você viaja pela Suíça e alí não se esconde o dialeto, mas ele está sempre visualmente presente, e as pessoas falam ele nas ruas, mesmo na presença de visitantes que só conhecem o alemão padrão em ambientes sociais - lembrando que não só o dialeto suíço é remarcavelmente fragmentado, todos os grandes e antigos dialetos alemães são na verdade um conglomerado de variantes da mesma estrutura gramatical... Já no RGS, eu conheço muita gente que por escolha não fala o alemão; mesmo que muitos deles/as tenham falado somente o alemão até se casarem. As pessoas muitas vezes nem sabem qual é o nome do dialeto que falam. Mas isto não é culpa delas, é resultado de políticas de Estado. Mas hoje o Estado não irá vir e corrgir o estrago que fez - as pessoas devem ter coragem, assertividade para com a manutenção de sua língua. Quem não gosta vai ter que aprender a conviver com a diferença num Estado republicano e democrático de direitos... Mas foi bem isto anos atrás eu zerei no nome Riograndenser Hunsrückisch que já havia sido alcunhado pelo professor Cléo Altenhofen et al da UFRGS para ter vamos dizer "uma moeda de troca" na hora de falar de nossa língua... e para inserir a língua na internet. O fato é que o nosso alemão acabou como língua praticamente invisível, mesmo sem nome, ágrafa, com milhares de falantes que são analfabetos em seu idioma ancestral. Continuamente vemos ela sendo mencionada em termos negativos, errôneos, quando não abertamente agressivos, pejorativos, e falsos. Linguistas estimam que em 100 anos 90% das línguas do mundo terão desaparecido para sempre do mundo - o nosso falar germânico regional está neste rol - MAS não em condição tão má pois ainda há boa chance de reverter a situação - principalmente porque ainda há falantes naturais em idade de geração de filhos. Mas há vários exemplos de línguas no mundo em situação muito pior onde houve um progresso admirável, e que serve de prova que isto pode ser feito (no próprio RGS temos a língua Kaingang no noroeste do estado em pleno crescimento, sendo ela a língua autóctone, nativa com o maior número de falantes indígenas de uma só língua no Brasil. A ênfase precisa ser no fato que nosso alemão é nosso, isto é, um bem cultural imaterial de todos/as - não deve ser visto como algo pertencente a um reduto étnico, mas sim uma tradição regional. Assim, todos/as devem ser envorajados a adotá-lo, seja como segunda língua, seja construindo sobre bases fragmentadas, de uma língua falada e ou ouvida somente na infância... A própria idéia de que a gente deve falar somente um idioma, e que se for aprender uma segunda língua isto é algo que se faz mais tarde na escola é uma ideologia política antiquada, políticas de Estado totalitário; afinal estudos e mais estudos comprovam que crianças bilíngues que são alfabetizadas e recebem uma educação bilíngue de infância conseguem aprender uma terceira língua com muito mais facilidade - seja ela uma língua aparentada às suas primeiras línguas ou não. Eu defendo o uso do nome Riograndenser Hunsrückisch por a maioria de falantes de concentra no Rio Grande do Sul, muito embora existam núcleos em outros estados sulinos, e pela Bacia do Prata. Ora, e quando se fala em termos de nomes de dialetos, o Pennsylvanisch Deitsch da América do Norte não é falado somente no estado da Pensilvânia mas em vários estados e inclusive no Canadá; quando se fala em Hunsrückisch da Alemanha, ele é falado em mais de um estado e dividido em pelo menos dois grandes grupos - e mesmo que a região do Hunsrück esteja associada do estado de Rheinland-Pfalz (Renânia-Palatinado) no ideário popular ele se extende ao Saarland também; idem quando se fala em termos de Rheinfränkisch, de Bayerisch Mundar, sendo que este é falado também na áustria. Eu investi agora quase quinze anos inserindo o nome Riograndenser Hunsrückisch em pontos-chave da internet, especificamente para que ele fosse captado e disseminado, já que inicialmente não se achava nada sobre a nossa língua na net. Basicamente o dialeto ou era discutido nas altas torres de marfim da academia ou estava escondido, invisibilizado, praticado somente no ceio das famílias. Hoje, praticamente todos os artigos que eu leio na internet sobre a nossa língua contém mminhas idéas e argumentos e comentários deixados em websites, em cartas ao/à editor/a, em meus textos em blogs, mas sobretudo na inserção da língua na Wikipédia, um portal que eu logo de início reconheci como importante veículo para espalhar e popularizar um novo olhar sobre a nossa língua. O que estou querendo dizer é que vale a pena investir na língua, em tirar ela do anonimato, em restaurar o seu prestígio social. Infelizmente ainda me vejo forçado a escrever sobre estas coisas na língua nacional na qual todos/as fomos alfabetizados. Me levaria um bom tempo mas eu sim poderia repassar as minhas idéias em alemão, provavelmente numa mistura de dialeto com Hochdeutsch. Mas infelizmente o tempo é pouco, raramente recebo um feedback qualquer... e a gente nem sabe se as pessoas leram o que a gente escreve, muito menos se entenderam. Todo município devia ter um departamento de idiomas minoritários no Rio Grande do Sul. Certamente a cidade de Nova Petrópolis devia ter pelo menos uma coordenadora ou um coordenador para tratar de assuntos linguísticos. As vezes fico desanimado quando vejo websites em inglês e espanhol, em alguns casos até ví em francês, mas nada de alemão - ora bolas, seja em dialeto ou em Hochdeutsch, precisa haver um esforcinho pelo menos. Um site oficial de uma prefeitura como a da Nova Petrópolis devia ter pelo menos uma página estática/fixa com informações básicas em alemão. Uma coordenadoria, um departamento destes não deixaria passar um simpósio como este na UNISINOS sem que fosse nele discutido o nosso idioma regional e os meios de comunicação modernos: unisinos.br/blogs/ihu/eventos/programacao-do-ii-seminario-do-xiv-simposio-internacional-ihu/ Qualquer coisa, favor entrar em contato. Eu criei o grupo Riograndenser Hunsrückisch aqui no Facebook justamente para discutir tais assuntos. Bittschön, fica o convite! https://facebook/pages/Riograndenser-Hunsr%C3%BCckisch/366655020086673
Posted on: Thu, 19 Sep 2013 23:52:32 +0000

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