Texto por Dimitrios Meimaridis "Eu vi e continuo vendo muitas - TopicsExpress



          

Texto por Dimitrios Meimaridis "Eu vi e continuo vendo muitas pessoas questionando sobre a greve dos alunos da Unesp. O mais triste é ver uma divisão entre os alunos, como se as exigências feitas pelo grupo em greve não atendessem também aos que são contrários a ela. Escrevi esse texto sobre o mito da união estudantil no campus da Unesp de Bauru. Mas acredito que seria importante estabelecer alguns preceitos, para poupar o esforço de algumas pessoas em ler sobre o mito em si. A primeira coisa que precisa ficar bem clara é que, todos estão na Unesp pra estudar. É ridículo o argumento de que “eu não quero greve por que quero estudar”, como se as reivindicações feitas por boa parte dos alunos não atendessem diretamente ao propósito de uma melhor qualidade de educação da instituição. E além do mais, se a pessoa entra na faculdade e estudar não é a sua prioridade, é óbvio que ela está no lugar errado. O segundo argumento contrário que eu vejo é que vai “ficar caro se atrasar a minha formação, já que eu vou pagar aluguel e contas a mais”. Aí eu me questiono sobre a economia que esses mesmos alunos tem ao longo da própria formação ao não serem obrigados a pagar taxas de matrícula e mensalidade, fora os alunos que recebem bolsa ou que tem a oportunidade de estudar fora através de um programa de intercâmbio bancado pela faculdade... Será que se jogar 4 (ou mais né...) anos de gastos com isso em uma balança com o suposto tempo a mais que você ficará na faculdade a diferença não é menor do que bancar um curso em uma faculdade privada de mesmo nível? E outra, se você está tão preocupado com a greve atrasando a sua formação, por que não entra e ajuda em números a exercer uma maior pressão sobre quem não quer negociar para que as reivindicações sejam atendidas e a greve possa acabar? A terceira consideração é talvez a mais importante, muitas pessoas confundem a função do aluno de uma universidade pública. Eu falei ali em cima que o ensino “é gratuito”, mas isso é uma grande mentira. Afinal de contas, é graças aos esforços de muitos outros brasileiros, esses que em grande maioria se quer têm a chance de pisar numa faculdade pública para estudar, que nós temos a oportunidade de estudar de graça. Muitos acham que é estudar é o dever do aluno, quando na verdade a função verdadeira dos alunos é fiscalizar e garantir que o dinheiro do contribuinte brasileiro está sendo distribuído e aplicado de forma correta nas instituições de ensino. Essa é uma tremenda responsabilidade e que muitos simplesmente ignoram. Se você não concorda com esses três fatores que eu citei acima eu gostaria de dialogar com você pra entender o seu ponto de vista. Peço até que não leia o texto abaixo antes disso, pois, estará desperdiçando o seu tempo. Existe um mito dentro do campus de Bauru de que não existe segregação entre os estudantes das três faculdades e que todos eles formam um mesmo corpo estudantil. Esse mito foi amplamente difundido dentro das assembleias do campus, todos falavam na nossa igualdade nos mais diversos e pomposos discursos, mas ao final de toda assembleia as diferenças entre os alunos se tornavam explícitas. Gritos de guerra e xingamentos cercavam e ainda cercam a disputa entre os tais alunos que são, segundo o mito, iguais. As retaliações aconteciam se não diretamente na assembleia, migravam para as redes sociais em seguida. Uma das coisas que ficou muito clara de uma assembleia para outra, foi que, se existiam pessoas que queriam a greve simplesmente pelo motivo de ter greve, também naquele local se encontravam pessoas que votavam no não pelo próprio motivo de não ter a greve apenas. Isso era facilmente perceptível uma vez que após as votações do indicativo de greve, muitos se levantavam e deixavam o local, demonstrando um verdadeiro descaso com o próprio movimento estudantil, que em alguns casos contava ainda com pautas para serem discutidas. Entretanto, não acredito que uma postura deveria ser cobrada desses alunos, uma vez que, eles também nunca participaram do movimento estudantil, estavam ali para sanar o interesse de uma faculdade em específico. Muito se especula dos verdadeiros motivos pelos quais os estudantes da FEB, em sua grande maioria, se demonstraram extremamente resistentes ao ideal da greve. Se o mito não fosse uma realidade tão forte, acredito inclusive que muitos teriam mudado o seus votos. É necessário admitir que sim, existem diferenças entre as unidades da FEB, FC e FAAC e que elas precisam ser resolvidas para que o mito comece a desaparecer e vire uma realidade. Muitos estudantes contrários à greve insinuaram que ela é apenas uma forma para que os cursos que a aderirem pudessem iniciar o processo de férias mais cedo. O que eu já posso constatar que é uma grande mentira. Sim, existem aqueles que não dão as caras mais pela faculdade. Mas a realidade é que pra quem quer de fato construir uma Universidade melhor, a greve proporciona um território próprio e adequado para os alunos fazerem a suas reinvindicações. O grande erro ao dividir tudo em um campo de batalha entre os estudantes da FEB e da FAAC é que foi criada uma ilusão de que um dos lados sairia perdendo pelo resultado do indicativo de greve. Essa rivalidade criada impossibilitou inclusive que algumas pautas unificadas pudessem ser discutidas. A grande verdade é que a FEB tem um número de problemas menor do que qualquer uma das outras duas faculdades. E isso acaba diminuindo as chances de um aluno dessa faculdade optar pelo ideal de greve, já que ele muitas vezes não enxerga dentro do seu próprio curso um bom motivo para entrar em greve. Se você acrescenta a essa equação a rivalidade criada e o fato de que as pautas de necessidades das outras faculdades foram pouco divulgadas, as chances de um aluno votar a favor da greve se tornam quase nulas. Existe, entretanto, um grande problema dentro da FEB. A falta de professores. Pode parecer um absurdo falar isso na frente de alunos das outras faculdades, mas essa é de fato uma realidade que quase todos os cursos da engenharia enfrentam. A grade dos alunos dessa faculdade é formada por uma série de matérias optativas, das quais, os alunos precisam escolher algumas para complementar o seu curso. Um fato que não é muito divulgado e comentado, é que, muitas matérias optativas não contam com professores contratados e muitas vezes a faculdade acaba se quer abrindo a matéria “criando a opção” para os alunos. Ou seja, as matérias optativas, não são tão optativas assim. Os alunos acabam sendo forçados a escolherem entre as disciplinas que já contam com um professor, e em alguns casos essa escolha ainda não apresenta muitas alternativas. Acredito que só isso já era o suficiente para que alunos da FEB criassem as suas reivindicações. É até algo sensível por parte até de alunos do meu curso já que é uma realidade vivida por muitos dos alunos de Jornalismo. A única diferença é que as matérias no nosso curso não são optativas e nós não temos alternativas. Somos forçados quase todos os semestres a esperar, em alguns casos por meses até, pela contratação de professores substitutos. Ao analisar esses ideais em comum, poderíamos ter estabelecido inclusive propostas que unissem a faculdade visando melhorias, ao invés de brigas e discussões que em muitas vezes beiravam a infantilidade por parte dos envolvidos. A segregação entre os alunos prejudica apenas os próprios alunos. A greve nunca deveria ser vista como um ponto de vitória ou de derrota para ninguém. A greve, do meu ponto de vista, é apenas uma declaração. No nosso caso, uma declaração de que, nós alunos, estamos cansados da qualidade de ensino que a Universidade nos oferece. Essa declaração demonstra não apenas a nossa insatisfação com o ensino, mas que também não estamos mais dispostos a continuar empurrando esse problema pra frente, fazendo vistas grossas e garantindo o funcionamento da instituição. A proposta da greve deve ser de estabelecer uma negociação direta entre quem comanda a faculdade e os alunos e no nosso caso, também os funcionários que estão em greve. Se as reivindicações forem atendidas TODOS os alunos saem ganhando, não são apenas aqueles que vão conquistar os novos direitos, mas também aqueles que terão no seu diploma o nome de uma faculdade que é reconhecida por ter uma boa qualidade do ensino (e isso vale tanto pra quem está terminando a faculdade quanto para os que já concluíram). Como eu disse lá em cima no começo do texto, se você quer que a greve acabe rápido e não atrapalhe o andamento da sua formação, não fique de braços cruzados sendo completamente inútil à situação (e complacente com os problemas), faça a sua parte e brigue por aquilo que também vai beneficiar você, seja isso de forma direta ou indireta. Se você concordou com esse texto e quer mudar a Unesp, mobilize-se! Faça parte do movimento, e ajude a greve acabar o mais rápido possível com as nossas reivindicações atendidas!" Envie seu conteúdo pra gente! Inbox ou mobilizabauru@gmail
Posted on: Sat, 20 Jul 2013 18:46:49 +0000

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