"Àqueles que vivenciam a Saúde Pública brasileira, Não é - TopicsExpress



          

"Àqueles que vivenciam a Saúde Pública brasileira, Não é obra deste governo o estado calamitoso em que se encontra SUS. Mas décadas de omissão, falta de investimento e má gestão do dinheiro público garantiram ao governo do PT o substrato para a instalação de uma máquina de propaganda e aparelhamento das instituições que não se via desde os tempos ditadura. Apesar do executivo se dizer aberto a críticas, negociações e propostas, o que se vê são retaliações, acusações de conspiração e motivação política a todas as contestações e denúncias feitas às pautas do governo e sua legião de "aliados". Agora, sob o pretenso argumento que "estar ouvindo as ruas" a presidente Dilma direciona a sua máquina contra os médicos e com esse programa "Mais Médicos" reimprime uma agenda requentada do fracassado Provab. Adicionando isso à importação de médicos estrangeiros e o serviço civil médico obrigatório de 2 anos, vende a solução instantânea para os problemas do SUS tendo vista a sua reeleição em 2014. Convenhamos, para quem não trabalha ou estuda na área da Saúde, as medidas anunciadas por decreto parecem boas e são ótimas propagandas de um governo "que faz". Mas quem apenas passou perto de uma escola de saúde sabe esses números, não necessariamente, melhoram a saúde. Saneamento básico e às vezes uma ambulância, um antibiótico ou apenas soro fisiológico mesmo salvam mais vidas do que "Mais Médicos". Particularmente, sou favorável ao serviço civil obrigatório daqueles que estudaram em escolas públicas. Formado pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, acredito esta ser uma forma justa de retribuição pela gratuidade de meus estudos, mas acreditar que isso vai melhorar a formação médica além de apenas fornecer mão de obra barata e compulsória para o governo é pura inocência (ou burrice). A pretensa supervisão desse "estágio obrigatório no SUS" pelas universidades e instituições públicas não pode ser levada a sério já que os professores e médicos nem dão conta dos alunos que estão dentro das instituições, quem dirá fora. Isto porque além da falta de pessoal, nossas escolas estão direcionadas para a formação de especialistas que não conhecem o sistema de saúde em que estão inseridas! O SUS é que precisa ser trazido para dentro das escolas médicas! Há mais de uma década discute-se a reforma curricular nos cursos de medicina como efetiva estratégia de consolidação do SUS e implementação de um Programa de Saúde da Família eficiente. Nos meus tempos de Diretório Acadêmico e movimento estudantil, frequentei algumas mesas propositivas sobre o assunto. São diversas as entidades médicas e comissões ligadas ao Ministério da Educação e da Saúde que têm suas propostas e nenhuma delas foi sequer ouvida pelo "rolo compressor" do PT. A medida provisória publicada e anunciada como mega evento na segunda-feira e já foi veiculada como propaganda nos intervalos do Jornal Nacional no dia seguinte! O governo aproveita-se da força do movimento das ruas para superficializar a discussão sobre o ensino médico e o financiamento do SUS jogando a população contra os médicos numa "pseudo luta de classes" Marxista, onde o enfrentamento com a elite/burguesia médica seria o caminho para a revolução no SUS. Para os que acham minha analogia um exagero, deem maior atenção às mensagens e hostilidades que proliferam nas redes sociais e veículos de comunicação nos chamando de mercenários à corporativistas. Toda semana o Governo Federal arruma um jeito de anunciar que um prefeito "pobrezinho" não consegue um doutor "interesseiro" para trabalhar no interior por R$30.000,00. Frente ao valor, astronômico para a maioria da população, quem vai discutir contrato e condições de trabalho, infraestrutura do serviço e as limitações políticas do cargo? Tive todas as condições de seguir em outras profissões, mas quis ser médico. Batalhei no vestibular para cursar uma boa universidade e, com muito custo, cheguei onde estou hoje. Já comprei esparadrapo do meu bolso pra fazer curativo, transportei paciente grave em ambulância sem monitor, operei emergências em sala sem foco cirúrgico, fios e instrumental adequados, improvisei dedo de luva como dreno cirúrgico e saco plástico como coletor de urina... Trabalho hoje no SUS por opção e amor ao próximo, mas preciso de dinheiro para sustentar minha família e insumos para trabalhar! Nenhum "marketeiro" ou figurão do Ministério da Saúde veio me ajudar quando faltou sangue, remédio ou vaga para internação. O Sr.Sérgio Cabral não esteve ao meu lado na UPA quando declarei o óbito de um paciente com AVE hemorrágico que atendi em 3 ocasiões por crises hipertensivas (em meses seguidos!) e que não conseguia marcar consulta no ambulatório. Nem o Sr. Eduardo Paes esteve disponível para informar aos pacientes que agora eles não vão mais enfrentar filas, vão morrer em casa esperando um telefonema do SISREG para agendar a cirurgia tão aguardada. A todos nós que vivemos, respiramos e sangramos pela Saúde Pública brasileira queria deixar esta mensagem: conservemos imaculada a nossa vida e a nossa arte. As máscaras vão cair e o tempo há de borrar a maquiagem barata que estão jogando em nossos olhos. Enquanto não se discutir, planejar e implementar mudanças efetivas no ensino médico, financiamento e gestão do SUS, tudo não passa de brincadeira, truque barato que se faz com palavras e "pó de pirim pim pim". Façamos, então, que essa patota toda suma de nossas vidas, como um passe de mágica, nas próximas eleições! Saudações e abraços, Guilherme Machado Costa"
Posted on: Thu, 11 Jul 2013 11:04:44 +0000

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