3 de setembro Caetano e Capilé, da Tropicália à Mídia Ninja: - TopicsExpress



          

3 de setembro Caetano e Capilé, da Tropicália à Mídia Ninja: nem contra, nem cultura "O Tropicalismo pretende destruir a cafonice endossando a cafonice, pretende criticar Chacrinha participando de seus programas de auditório. A participação de um tropicalista num programa do Chacrinha obedece a todas as coordenadas do programa e não às do tropicalista – isto é, o cantor acata docilmente as regras do jogo do programa sem, em nenhum momento, modificá-las (...) O Tropicalismo é inarticulado – justamente porque ataca as aparências e não a essência da sociedade, e, justamente porque essas aparências são efêmeras e transitórias, o Tropicalismo... apenas xinga a cor do camaleão." Augusto Boal, 1968 O Fora do Eixo leva chumbo - na grande imprensa, nas redes sociais, de músicos, de ex-integrantes. Fogo cerrado e público. Novos depoimentos convincentes contra o FdE aparecem a cada dia. Um grupo de moças se reuniu em um manifesto contra o machismo do Fora do Eixo. Concluir que é tudo invenção de reacionários e rancorosos é tarefa para fundamentalista. pablo capile Caetano e Capilé, da Tropicália à Mídia Ninja: nem contra, nem cultura Com tudo isso, o Mídia Ninja continua recebendo elogios em veículos internacionais, como ontem o Guardian. E convite para participar de debates sobre jornalismo. E afagos de... Caetano Veloso. O velho baiano, como se apresenta, mais uma vez aplaude o Fora do Eixo. Desta vez, cita a entrevista publicada aqui com o líder do FdE, Pablo Capilé. Que foi respondida coletivamente pelo FDE, segundo o próprio Capilé. E, não respondendo o principal, disse muito. Capilé e Bruno Torturra, diretor de comunicação do Fora do Eixo e coordenador da Mídia Ninja, não explicam nada. Se defendem das acusações atacando os acusadores: direitistas, vendidos, amargos, ultrapassados. Silenciam sobre perguntas difíceis. Pablo faz de maneira antipática; Bruno, simpática. A tática tem longo histórico de sucesso. Muitos críticos acreditam que o FdE vai se dissolver. Não. Fora do Eixo/Mídia Ninja sobreviverão. Não estão aí seus inspiradores, as dentaduras sugando as tetas de sempre? Basta seguir o exemplo de quem sobrevive desde os anos 60 de oportunismo e pose. O que vai acontecer com o FdE? Patrocinadores privados, avessos a polêmicas, e ainda mais envolvendo machismo e mocinhas, reduzirão seu apoio. O dinheiro público vai continuar pingando, mas menos. O FdE estará sob escrutínio permanente, e quem der dinheiro para eles, idem. Marta Suplicy tem densidade política e capital eleitoral. Não é Gilberto Gil. Muitos jovens que poderiam se encantar com o FdE agora podem ler os depoimentos de quem saiu. A vida nas casas Fora do Eixo não parece mais tão convidativa, para dizer o mínimo. Festivais de música continuarão a acontecer - de preferência pagando os artistas. O Fora do Eixo sobreviverá, com importância reduzida, porque não tem integrantes, tem fiéis. Como em tantos "movimentos" culturais brasileiros, o principal financiamento vem dos cofres públicos. Seus apoiadores são acríticos. Alguns se aboletam em nichos confortáveis entre imprensa, academia e capital. Mas não seria exagero perseguir o Fora do Eixo? O que é o FdE perto de tantos apaniguados no nosso cinema, literatura, música? E o que são essas sanguessugas das leis de incentivo perto dos Eikes Batistas de plantão? O ponto é o que o Fora do Eixo, além de se propor como movimento cultural, também se arvora em iniciativa política transformadora - e, atenção, como a única alternativa jornalística ética e independente. Se contrapõe à imprensa tradicional, à reportagem, à pauta, à edição. Mas, se quer cobrar independência, transparência e ineditismo dos outros, comece pela própria casa. Independência: a Mídia Ninja não existe. É um pedacinho do Fora do Eixo. É impossível aplaudir Mídia Ninja e criticar Fora do Eixo, porque eles são a mesma coisa. Mídia Ninja é o Bruno Torturra, que é do FdE, e mais uns caras do FdE, usando equipamentos do FdE, e as bases são as casas do FdE. O que eles fizeram de importante fora das manifestações? Nada. O que fizeram de importante nas manifestações? Transmitiram pela internet o que acontecia, em vídeo, torcendo contra a polícia. Outros fazem parecido há muitos anos (recordo uma capa da revista "Play", editada por Alexandre Matias, sobre o Centro de Mídia Independente, em 2002). Nos protestos, outros fizeram igual, mas sem tanta repercussão, porque sem os integrantes do FdE repercutindo a cobertura no Twitter e Facebook. Outros continuarão fazendo a mesma coisa, e mais e melhor. Transparência: Fora do Eixo / Mídia Ninja querem informar o que acontece na rua, mas são especialistas em desinformação quanto se trata de explicar suas próprias atividades. Não esclarecem o que acontece dentro das Casas FdE, não abrem as contas dos festivais, não explicam as repetidas vitórias em tantos editais, e muitíssimo menos explicam suas finanças. Na entrevista publicada aqui, Pablo Capilé, afirma que o orçamento total do FdE em 2012 foi de R$ 5 milhões. E emenda: "o recurso público representa de 3 a 7% do total do orçamento do Fora do Eixo." E depois: "nosso orçamento em 2012 foi R$ 1.7 milhão em recurso público". Bem, R$ 1,7 milhão não é nem 3% e nem 7% de R$ 5 milhões. Capilé ainda informa que o Fora do Eixo "tem 20 CNPJs". Em português claro: suas planilhas não valem os elétrons que ocupam na internet. A terceira coisa importante sobre Fora do Eixo/Mídia Ninja: eles não são "o novo". Muito pelo contrário: estão perfeitamente integrados à veia principal da cultura e da política brasileiras, fundamentadas na busca de benesses e na proximidade dos cofres públicos. É filhote da Tropicália. É Contracultura a favor. O falso rock da Tropicália inventou o adesismo antropofágico. Segundo os tropicalistas, nada é certo ou errado, tudo pode ser divino e maravilhoso. O novo, o velho, o brega, o chique, o intelectual e o ignorante. Nenhum juízo de valor é possível. O relativismo é o único mandamento. Qualquer um pode dizer: estou fazendo uma coisa radicalmente nova, e se você não entende é radicalmente careta. A estratégia tropicalista-de-mercado exige a apropriação de cada novidade que pintar. Nem é mais antropofagia, é glutonice. Quem nunca engoliu esses árbitros da cultura brasileira foi ostracizado - Raul Seixas é o caso mais chocante. Não é à toa que FDE/Mídia Ninja tenham a benção de Caetano, que já pensava velho nos anos 60. Nem que tenha sido tão bem patrocinado por Gilberto Gil, quando ministro da Cultura, e por sua turma, Juca Ferreira, Cláudio Prado. Nem que o Overmundo, site colaborativo sobre cultura idealizado pelo antropólogo Hermano Vianna, e bastante financiado por dinheiro público, tenha sido doado por Vianna para o Fora do Eixo. Caetano e Capilé, da Tropicália à Mídia Ninja: nem contra, nem cultura Vianna e um grupo à sua volta articulam a ponte conceitual entre o oportunismo estratégico da Tropicália e a fuleiragem tática do FdE/Mídia Ninja. Sua coluna no Globo, pouco lida fora do Rio, embrulha a ação-entre-amigos habitual em citações dos pensadores da moda, misturando Ballard, Rucker e Philip K. Dick com Gilberto Freyre, Ronaldo Lemos e principalmente, inevitavelmente, interminavelmente Caetano. Hermano assina em série curadorias de grandes eventos corporativos. É colaborador frequente de Gil e Caetano. Lembra da milionária proposta de blog de Maria Bethania? Era ele o idealizador, e quase emplacou, mesmo sob a gestão de Ana de Hollanda no Ministério da Cultura. Hermano também é muito próximo de Regina Casé. Foi chefe de Bruno Torturra, recentemente, no programa "Esquenta", que dispensa críticas. Pauta um influente grupelho de militantes da cultura hacker-patrocinada, alternativa-estatal. É uma gente que produz pouco, fala muito e atrapalha demais. E se tem alguma posição, é sempre a favor, mas de maneira dissimulada, pernóstica, sempre fugindo do embate. É uma geléia desprovida de ideias e espinha, que não tem objetivo fora causar e faturar. Em entrevista à revista Trip, Vianna resume: "Virtude é ocupar os dois extremos ao mesmo tempo. Por isso fico no Software Livre e na Rede Globo... quando você escolhe uma posição, apaga uma parte da complexidade da vida. Você tem que ser infiel às idéias em que acredita." Entendeu? Entendemos. Caetano e Capilé se irmanam em espírito, mitomania e logorreia. Cada profeta tem os seguidores que merece. noticias.r7/blogs/andre-forastieri/2013/09/03/caetano-e-capile-da-tropicalia-a-midia-ninja-nem-contra-nem-cultura/
Posted on: Wed, 04 Sep 2013 06:57:34 +0000

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