33 - Para aprender de Deus é preciso - TopicsExpress



          

33 - Para aprender de Deus é preciso desconstruir cezarazevedo.br E Moisés foi instruído em toda a ciência dos egípcios e era poderoso em suas palavras e obras. (At 7.22) O que faria um homem trocar o palácio real pelo exílio no deserto solitário? Moisés fora adotado pela filha do rei do Egito, o mesmo que ordenara a morte de toda criança nascida homem de nacionalidade hebreia (Ex 1.16). Sua adoção fora fruto de uma estratégia bem sucedida promovida por sua mãe e irmã. Enquanto a mãe lançava o bebê no rio dentro de um cesto, sua irmã acompanhava atentamente a cena, sabendo que a filha de Faraó o encontraria. Por certo elas conheciam qual seria a atitude da princesa, pois quando esta ordenou o chamamento de uma ama hebreia para cuidar da criança, a irmã sabiamente trouxe a própria mãe de Moisés, que ainda recebeu salário para cumprir sua missão (Ex 2.8). Os primeiros anos de uma criança são fundamentais para firmar sua personalidade e Moisés deve ter sido instruído dentro da tradição oral dos hebreus, que vinha desde Adão. Levando em conta a situação desesperadora do povo de Deus, uma das passagens mais difundidas entre eles e, repassada milhares de vezes para Moisés teria sido a profecia dada por Deus a Abraão: “... Saibas, decerto, que peregrina será a tua semente em terra que não é sua; e servi-los-á e afligi-la-ão quatrocentos anos” (Gn 15.13). Não havia como Moisés não fazer cálculos, portanto ele tinha a expectativa que o tempo da intervenção divina se aproximava rapidamente, podia ser em sua geração. Se a infância é propícia para formar o caráter de um homem, a adolescência faz exalar por todos os poros os desejos naturais. Este é um período que o pregador traduziu com as seguintes palavras: “Alegra-te, jovem, na tua mocidade, e alegre-se o teu coração nos dias da tua mocidade, e anda pelos caminhos do teu coração e pela vista dos teus olhos...” (Ec 11.9). Foi um tempo que Moisés quase se esqueceu de sua origem, antes “... foi instruído em toda a ciência dos egípcios e era poderoso em suas palavras e obras” (At 7.22). Precisamos entender o significado de ciência para o egípcio, porquanto não diz respeito ao sistema racionalista que temos hoje, antes envolvia conhecimento científico com práticas de magia e concepções religiosas. Em especial os egípcios criam que era preciso conservar os corpos para ser receptáculo de suas almas na ressurreição. Precisamos nos lembrar que os mistérios desenvolvidos por Ninrode também eram passados por tradição oral dada somente aos iniciados, ademais, o próprio Ninrode poderia ter extraído parte deste conhecimento, por tradição, do próprio Adão. Acerca da ciência de Adão, São Tomás de Aquino escreveu em sua Sumula Teológica: ““o primeiro homem (…) também foi feito perfeito na sua alma para que pudesse instruir e governar aos demais. “Porém, ninguém pode instruir sem possuir ciência. Por isso mesmo, o primeiro homem foi criado por Deus de maneira que tivesse ciência de tudo aquilo em que o homem pode ser ensinado. Isto é, de tudo o que existe virtualmente nos princípios evidentes por si mesmos; isto é, de tudo o que o homem pode conhecer naturalmente”. (São Tomás de Aquino, “Suma Teológica”; I, q. 94) Fonte (em espanhol) . Moisés precisava assimilar tudo quanto conhecia dos egípcios com as histórias contadas por sua mãe. É provável que uma das soluções concebidas por ele seria certo sincretismo religioso, isto porque o mais lógico seria ele assumir que estava sendo preparado por Deus mediante os conhecimentos egípcios para ser o libertador de Israel, cumprindo a profecia dada a Abraão. Para Moisés seria usar o veneno do inimigo contra ele mesmo, pois aos quarenta anos “... ele cuidava que seus irmãos entenderiam que Deus lhes havia de dar a liberdade pela sua mão...” (At 7.25). Associando sua extraordinária formação nas artes militares, nos mistérios antigos e na tradição oral de seu povo, Moisés tentou liderar uma rebelião e, para demonstrar sua lealdade ao seu povo, matou um egípcio que maltrata um hebreu (At 7.24). Moisés cometia o mesmo erro de Jacó, porquanto sabendo portador de uma profecia divina, tentava implementá-la por meio de seus próprios recursos naturais. Esta tendência de Moisés, como a de Jacó, encontra eco na própria atitude de Adão após a queda, quanto tentou cobrir sua vergonha com folhas de vegetais. Um dos componentes da queda impregnado em nós, traço que foi marcante para a queda do próprio Lúcifer, é o orgulho. Mesmo despertados pela revelação divina, temos o entendimento que a comunicação feita por Deus se traduz em uma missão que deve ser cumprida. Todavia este cumprimento seria feito pelo exercício dos dons, talentos e inteligências dada por Deus a nós. Assim, restringimos o mundo espiritual aos recursos naturais. Por exemplo, digamos que precisamos administrar os recursos financeiros de uma igreja, pela lógica, se buscarmos conhecimentos das ciências contábeis ou da administração, estaremos habilitados para desempenhar a função que o Senhor nos incumbiu. Se nossa intenção é pregar ou ensinar a palavra de Deus, então precisamos de formação teológica em nível superior. Obviamente iremos procurar, no que diz respeito ao Brasil, uma faculdade teológica que seja reconhecida pelo Ministério de Educação e Cultura – MEC. O MEC exigi, como condição para este reconhecimento, o cumprimento de exigências como infra estrutura adequada, corpo docente qualificado, acervo bibliográfico significativo, grade curricular e conteúdo programático com mínimo de 20 horas/aulas presenciais/semana. Para ingresso do aluno nas instituições reconhecidas é preciso ainda de processo seletivo prévio conforme prescrito pela Lei de Diretrizes Básicas da Educação – LDB , assim, o antigo requisito essencial para a formação teológica visando o exercício pastoral, que era a chamada divina, deixa de ser necessária. Desta forma a própria faculdade de teologia se torna laica, em que pese seu conteúdo religioso por inferir que o conhecimento natural é adequado para implementar a revelação divina. Muitas outras ciências vão se somando a este conjunto de conhecimentos que habilitaria um homem de Deus a cumprir sua chamada divina. Moisés iniciou seu ministério com este entendimento, não seria diferente para todo e qualquer autoridade eclesiástica. Sabendo-se chamado por Deus e, entendendo ser habilitado na ciência egípcia para exercer sua função de libertador, Moisés renunciou o palácio real em prol de seu povo. Sobre esta decisão as escrituras relatam nos seguintes termos: “Pela fé, Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, escolhendo, antes, ser maltratado com o povo de Deus do que por, um pouco de tempo, ter o gozo do pecado; tendo, por maiores riquezas, o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa. (Hb 11.24-26) Moisés foi a luta e tudo deu errado. Depois de matar o egípcio tentou apartar a briga entre dois hebreus, mas sua autoridade foi duramente questionada por seus irmãos. Um deles disse a Moisés: “... Quem te tem posto a ti por maioral e juiz sobre nós? Pensas matar-me, como mataste o egípcio?...” (Ex 2.14). É interessante notar que com a formação de Moisés, esta pequena oposição não lhe faria retroceder, todavia ele temeu e fugiu para o deserto, refugiando-se na terra de Midiã, onde veio a casar-se. Moisés conhecia as forças ocultas e é provável que seu medo foi decorrente por ter reconhecido naquele instante que a dimensão espiritual é muito superior às habilidades humanas - sem uma infusão do poder de Deus, ele nada poderia fazer. Nos anos que se passaram Moisés teve dois filhos (At 7.29), pastoreando ovelhas de seu sogro naquelas terras solitárias (Ex 3.1). Por certo noite e dia Moisés repassava as histórias de sua mãe e se perguntava o que dera errado. Por que ele, sabendo-se chamado por Deus, com toda a formação que havia adquirido no Egito, ainda assim não fora capaz de executar sua missão. Ao chegar aos oitenta anos sua frustração atingiu seu limite. Ele descobrira que sua vida era como a erva verde, que sob o calor do sol, logo se secava e se consumia (Sl 90.6). Em sua perspectiva sua vida passara como um sopro e agora só havia canseira e enfado (Sl 90.10). O que lhe restava era redimensionar sua vida sob a perspectiva divina e saber que, em que pese o fato dele não conseguir libertar seu povo, Deus poderia levantar outro homem que não ele para esta obra, porquanto Deus é de geração em geração (Sl 90.1), não está limitado ao tempo. O que Moisés estava colocando diante de Deus era que, para aquela promessa de Abraão, ele estava morto, nada mais podia fazer a respeito, não havia mais força nele capaz de cumprir sua missão. Naquele momento de sua vida Moisés estava aprendendo uma importante lição espiritual: quando os recursos naturais exaurem completamente, o homem está pronto para aprender de Deus. Assim Moisés, tal como fizera Abraão em relação a Sara, não mais postou seus olhos em sua condição física, antes orou ao Senhor reconhecendo que Deus era soberano para manifestar Sua glória. Moisés estava, naquela oração, aprendendo a lição dos antigos – era necessário invocar o nome de Deus para que Sua obra pudesse cumprir neste mundo. A oração de Moisés mudou completamente sua perspectiva e abriu um novo tempo para seu povo. Orou Moisés: Volta-te para nós, SENHOR; até quando? E aplaca-te para com os teus servos. Sacia-nos de madrugada com a tua benignidade, para que nos regozijemos e nos alegremos todos os nossos dias. Alegra-nos pelos dias em que nos afligiste, e pelos anos em que vimos o mal. Apareça a tua obra aos teus servos, e a tua glória, sobre seus filhos. E seja sobre nós a graça do Senhor, nosso Deus; e confirma sobre nós a obra das nossas mãos; sim, confirma a obra das nossas mãos. (Sl 90.13-17)
Posted on: Tue, 02 Jul 2013 21:18:54 +0000

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