A ANGOLA QUE ACREDITEI, NÃO SEI SE AINDA ACREDITO. O dia 4 de - TopicsExpress



          

A ANGOLA QUE ACREDITEI, NÃO SEI SE AINDA ACREDITO. O dia 4 de Abril de 2002 escrito com letras de estiles de bronze, na história de Angola, e que nenhuma memória já mais apagará, foi um dia em que as altas patentes na altura que fazem parte dos beligerantes deram uma lição, já mais vista à Nação e ao Mundo. Uma lição sobretudo aos políticos da minha Angola que tinham em mão os destinos do País. “Não mais á guerra, à violência, à desunião”, foram as molas propulsoras dos seus discursos. Acreditei numa Angola cheia de esperanças, de paz e sobretudo, numa Angola reconciliada. Tem bem presente na mente, aquelas belas imagens das passeatas que se seguiram àquele dia ao longo da Avenida Deolinda Rodrigues, até à Praça de Independência, sem distinção de cores partidárias, nem de classes, e com uma única linguagem: Paz e Reconciliação Nacional. Angolanos que se identificavam como filhos do mesmo país, de Cabinda ao Cunene, do Mar ao Leste. Mas dali para cá vejo a classe militar traída pelos políticos. Pois, se eles excluíam do dicionário angolano o termo guerra, os políticos parecem ter sede dele. Inventam novos dicionários, onde a manifestação ganhou um sinonimo de guerra. Oiço esta palavra brutíssima todas as vezes que há convocação de manifestação. É uma expressão real ou é saudosismo de alguns? Acreditei numa Angola reconciliada, mas que a realidade hodierna me diz cada vez que não está, me mostra graves feridas existentes tapadas com adesivos, sem um tratamento devido. Me mostra a existência de uma classe politica que pensa fazer tudo e outros não, e outra classe que nunca aceita nada, mesmo o mínimo feito. Acreditei no respeito às diferenças de filiação política, de opinião e na tolerância, mas a realidade me diz não. Acreditei que muitos problemas cuja maternidade foi a guerra teriam fim mas ainda existem. Acreditei que os políticos levaram mais avante debates construtivos que solidificassem a reconciliação nacional, mas eles me mostram que não estão reconciliados, nem são capazes de comer no mesmo prato, a pior herança que transmite todos os dias é a violência verbal, só acusações que de nada servem para construção de um verdadeiro clima de paz, e a construção de uma Angola onde todos nós nos possamos orgulhar. Cada vez mais são mostrados instrumentos que só ajudam a fragilizar a paz e a própria democracia crescente. Vão tomando lugar elementos que nos são estranhos como é o caso do gás lacrimogénio usado pela polícia no fim-de-semana passada, quando se sabe que não temos hospitais capazes de responder aos efeitos colaterais destes produtos; nós que já mal nos aguentamos com uma longa história de doenças como malária, cólera, entre outras doenças cujo combate parece não ter fim. Acreditei que com entrada em vigor de muitas leis e diplomas jurídicos, muitas situações mudariam, mas continuam como se não existisse nenhuma regulamentação. Aiwe, Angola mea, quo vadis? Sei que em todo o lado do mundo, uma manifestação deve ser justa e com objetivos bem definidos, ao mesmo tempo, a manifestação é sempre resultado de falhas de alguma estrutura. É um dos meios que aqueles que delegaram o seu poder a outrem para representá-los, poderem reclamar o seu direito. Mas no meu país nasceu um dicionário onde o termo manifestação tem o significado de guerra, não sei se é uma evolução semântica. Gostaria de ouvir mais os políticos a fazerem debates escaldantes na resolução de problemas comuns, porque dos discursos que estão a marcar os últimos dias, já estamos cansados, senão cansadíssimos. Não vale a penas referir-se e recavar o passado, procurando o pior demónio dos desastres dos angolanos que foram todos, porque cada um teve a sua parte. Depois de 11 anos de paz, parece existir ainda inimigos políticos em vez de adversários políticos. Espero que cada um dos políticos angolanos tome consciência das suas responsabilidades, e procurar fazer com zelo e esmero as suas actividades. Não procurando em primeiro lugar o seu bem pessoal, nem a fama da sua organização, senão o bem-comum de todos e de cada um dos angolanos.
Posted on: Tue, 26 Nov 2013 07:35:50 +0000

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