A CHEGADA DE ZIGARA Por mais que não fosse fácil encontrar - TopicsExpress



          

A CHEGADA DE ZIGARA Por mais que não fosse fácil encontrar um lugar em silêncio no meio de uma cidade enlouquecida, sabia que não podia deixar de fazer tudo que estivesse ao seu alcance para que o presente seguisse o seu movimento. Lembrou-se de alguns ensinamentos e começou a respirar profundamente. Aos poucos toda aquela confusão sonora foi se unificando e se transformando em música para os seus ouvidos. Deixou-se fluir com aquela música até encontrar uma figura de pausa que lhe revelou em segredo os mistérios do tempo e o abençoou como guardião do som do silêncio. Sem entender se o tempo passava por ele ou se ele é quem passava pelo tempo, caminhou do quarto ate a cozinha para pegar um café e agradeceu o caminho que experimentava tendo como companheira de viagem o benefício da dúvida. De volta ao quarto, sentado em sua cadeira onde a pausa tornou-se música e ele o guardião do silêncio abençoado pelo tempo, equilibrou seus pesos e medidas na balança das incertezas e disse a si mesmo que seria seu próprio tempo e possibilidade. Sem estardalhaços de estréias e lançamentos, me olhou em silêncio por algum tempo e sorriu como se soubesse alguma coisa que eu queria esconder. Sem querer confirmar suas suspeitas ameacei levantar e fugir daquela curiosidade que me prendia feito um imã aquela cadeira, mas minhas mãos suadas tornava clara a confusão que me deixava vulnerável. Tendo a sua disposição a liberdade de um silêncio Onisciente, sentou-se ao meu lado e pediu carinhosamente que o chamasse apenas como Zigara Vê-lo de posse de uma intimidade que não havia lhe dado causava-me estranheza. Definitivamente não estava à vontade com a sua presença, mas sabia com todas as forças de minha certeza que não poderia perdê-la. Fugi de seus olhos sabendo que já era tarde para tentar esconder o quanto torcia para que ele quebrasse aquele silêncio entre nós dois com uma música que surpreendesse meus ouvidos. Em meio a uma atmosfera impregnada de expectativa, sorriu como se dissesse entre aspas “Decifra-me ou te devoro”. Não era bem o que eu queria traduzir sobre aquele sorriso, mas sabia que ali havia coerência. Tudo estava consumado e não era hora para muitos rodeios. Ele estava ali e não havia alternativa que não fosse iniciarmos uma relação. Dali por diante seriamos um e ao mesmo tempo muitos caminhos querendo chegar a algum lugar, e nada do que eu fizesse iria mudar a situação. Ainda um tanto quanto atordoado aceitei sua presença, e mesmo sem saber direito onde tudo aquilo poderia chegar, enxuguei as mãos suadas e agradecido me preparei para escrever colocando-me a disposição daquele personagem que estava nascendo e criando sua trama no tempo. Curioso e sem ressalvas, deixei à Zigara o trabalho de se apresentar nas páginas em que se guardava sob o título de Boca Miúda na Rede.
Posted on: Mon, 18 Nov 2013 02:45:19 +0000

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