A Casa da Colina - Parte V , - Alô?... Júlia? ... Júlia? - TopicsExpress



          

A Casa da Colina - Parte V , - Alô?... Júlia? ... Júlia? – Carlos ficara espantado com o telefonema, mais espantado ainda por causa do final da ligação. Apenas o fato de Júlia dizer que estavam tentando assassiná-los espantou-o. De início até pensou ser mais algum dos dramas da sobrinha. Naqueles últimos dias a garota estava bastante estranha. Mas quando a ligação entrou em interferência e tudo o quê ele pode escutar foi aquele maldito som da caixinha de música, sua espinha gelou. “Mas o quê diabos está acontecendo lá? ... Deve ser mais algumas das loucuras da Juh... deve estar tentando me espantar... Mas... Eu não me lembro de ter encontrado a caixinha?” Carlos lembrara-se do dia anterior quando Júlia desmaiara no sótão. Eles estavam procurando de onde o som vinha. Mas interromperam a busca quando a sobrinha desmaiou e, mesmo depois de passado o susto, não retornaram à procura. Tentou ligar novamente. Mas a mensagem apenas disse que o celular estava fora de área ou desligado. Carlos olhou para a mesinha de vidro que havia próxima à porta da casa, encarou as chaves de seu carro.“Não deve ser nada”. Seguiu na direção de seu banheiro. =|=|= O vento frio bate contra o seu rosto. Seu coração palpita loucamente. Sente as lágrimas de seus olhos escorrendo. Não tinha certeza se atingiria seu objetivo. Mas não teve outra escolha. Não poderia ficar com ele ali dentro. Apenas depois do salto percebeu quão louca fora a idéia. O som da caixinha de música ficava cada vez mais distante, ela sabia que o brilho azul deveria estar observando-a cair. Seus braços oscilavam tentando buscar um equilíbrio impossível de existir. Suas pernas faziam movimentos leves e difíceis como se tentasse pegar mais algum impulso no próprio ar, mas era inútil. Sentia a gravidade acelerando sua queda. Sentia a força inevitável que a levaria de encontro ao solo. O som da caixinha cessara. Fechou os olhos com o intuito de diminuir a dor. Inspirou fundo o ar, como se previsse que aquele fosse seu último suspiro. Prendeu a respiração. Sua perna fora a primeira a entrar em contato, mas ela sequer teve tempo de assimilar a dor nesta. Pouco depois todo o seu corpo afundara. Sentiu seu corpo molhar. Sentiu todo o ardor do impacto. Ainda assim sua perna encontrou o solo, fazendo-a torcer o tornozelo. A dor neste, fora intensa. Fazendo-a pronunciar um grito de dor. Mas tudo o quê saíra de sua boca foram bolhas. E a água entrou com o amargo e salgado gosto do cloro. O reflexo de dor veio no impulso de sorver ar. E tudo o quê sorveu foi água. Uma água ardente que fizera sua cabeça latejar e seus pulmões pareceram queimar. Seus olhos adquiriram rapidamente um tom vermelho. A água passava por sua garganta ao mesmo tempo em que a última sorvida de ar tentava sair. Criando uma sensação borbulhante e agonizante. Com o tornozelo ainda expurgando em dor ela pisara fortemente no fundo. Conseguindo impulso. Sentiu um frio indescritível atingir seu braço, depois o outro. Logo o frio chegou a sua cabeça. Todos os pelos de seu corpo eriçaram de frio. Tossiu, tossiu bastante, seus braços e suas pernas debatiam-se louca e desorganizadamente para que ela não afundasse novamente. Tentava sorver ar, mas tudo o quê fazia era engasgar com a água que seus pulmões lutavam para expulsar. Finalmente puxou ar, apesar de ainda haver água em seu interior. Seu coração estava acelerado, seu rosto vermelho por quase afogar-se. Já com a respiração mais controlada nadou até um das beiradas da piscina. Seus dentes começaram a bater, incontroláveis. A sensação de ficar dentro da água parecia mais quente, mas não poderia ficar ali por muito tempo. - Júlia! ... Júlia! ... Júlia! – Escutou alguém gritar seu nome. Olhou para cima, para sua varanda. Não havia ninguém lá. Com todas as forças que ainda conseguia utilizar ela saiu da piscina. Tentou erguer-se, mas agulhas finas e em brasas perfuravam seu tornozelo, ela caiu sentada no chão, quase escorregando novamente para a piscina. Olhou para o tornozelo dolorido. A escuridão não deixava-a vê-lo muito bem, mas não era preciso luz alguma para saber que ele deveria estar tão roxo quanto uma uva. Ele estava visivelmente inchado. O som da caixinha de música fora novamente entrando em seus ouvidos. Um desespero atingiu-a. Ergueu-se novamente. Deu um passo, a dor fê-la revirar os olhos, apesar de apenas arrastar a perna machucada. A escuridão fê-la tropeçar em algo, por puro reflexo tentou apoiar-se na perna fraca. Gritou e gemeu de dor. Um tom acinzentado e piscante perpetrou sua visão. Os sons desapareceram de seu ouvido. Ainda em tom nublado viu o mundo girar, mas não conseguiu sentir o impacto de seu corpo com o solo. Desmaiara. =|=|= Correu desesperadamente para o quarto de Maurício. No corredor, tentou abrir a porta, mas estava trancada. Bateu. – Maurício? ... É o Bruno! Abre a porta, a gente tem que vazá dessa merda aqui! – Mas ninguém respondeu do outro lado. Bruno tentou forçar a maçaneta, mas fora inútil. Carregado de vontade jogou seu ombro contra a madeira. Tudo o quê conseguiu foi uma forte dor no braço. Carregado de raiva, já suando, ele começa a desferir chutes contra a porta. Depois de cinco tentativas, arromba-a. Adentra o quarto, mas aparenta não haver ninguém ali. Escuta estranhos ecos vindos da escadaria, a porta de acesso a ela estava aberta. Mas, por causa da escuridão, não era possível enxergar o topo. - Sssssssssaiaaaa... – O calafrio percorre suas costas. Olha para os lados, vê, preso a parede, a silhueta do quê deveria ser um taco de beisebol, pega-o. Põe-no em riste e inicia uma subida, mas é parado por seus ouvidos, que escuta um estranho som vindo debaixo da cama de Maurício. Uma estranha claridade parece vir de lá. Bruno engole o seco. Ainda com o bastão em riste aproxima-se da cama. Seu coração Deixa o bastão em cima da cama e ajoelha-se. Levanta o pano que cobria colchão até chão. Suas pupilas contraem rapidamente. Sua visão fica cega momentaneamente. Mas logo começava a retornar com manchas rubro-negras piscando e atrapalhando sua visão. Ainda com os olhos em chamas leva a mão para a parte inferior da cama. O pincel de luz que atingia seus olhos diminui consideravelmente. De maneira a deixar tudo, para Bruno, na mais completa escuridão. Tudo, exceto aquilo que estava próximo da lanterna que Maurício segurava, e que, agora, tinha seu campo de iluminação obstruído pela mão destra de Bruno. - Porra moleque! Precisava me cegar com esse bagulho aí?... Anda... Vambora logo. A gente tem que caí fora dessa merda. - Mas ele pode pegar a gente. - Eu sei! E é por isso que a gente tem que cair fora agora! - Bruno segurou o pulso de Maurício e tentou puxá-lo para fora de sua ‘toca’. Mas o garoto desvencilhou-se e escondeu-se mais ainda por debaixo da cama. Mas um estranho som assustou-o fazendo-o bater com a cabeça contra o ‘teto’ do espaço, e, por conseqüência, fê-lo sair de lá. Um estrondoso som de água espirrando ecoou vindo da janela. O jovem correu para a janela. Algo havia caído na piscina. A luz do luar permitia que ele visse alguém debatendo-se na água, parecia afogar-se. Seu coração acelerou dramaticamente. Reconheceu o vulto. - Júlia! ... Júlia! ... Júlia! – A jovem parecia ter restaurado o equilíbrio e conseguiu nadar para as beiradas da piscina. Ela não respondeu ao chamado do namorado. “Ela não deve conseguir me ouvir daqui. Eu tenho que ir lá agora!” Seguiu para fora do quarto quando se lembrou de Maurício parou e retornou. “Se eu deixar esse pivete aqui ela me mata!” Agachou-se novamente. - Anda, Maurício! ... Deixa de viadagem! ... Vambora logo! – Ele esticou o braço para alcançar o menino, que recuava cada vez mais. - Vai você! Se a gente ficá escondido aqui ele não encontra a gente! - Deixe de bobagens garoto! Se você vai ficar aí, eu vou te deixar aqui! - Pode ir, a gente vai ficar seguro aqui. – Apenas quando o garoto falou novamente o termo ‘a gente’ para se referir somente a si, foi que Bruno percebeu. Os pelos de sua nuca eriçaram, seu estômago embrulhara. Os olhos verdes o encararam. A pele pálida deles parecia reluzir naquele breu parcial. Bruno fez menção em recuar, batendo novamente a cabeça no teto. Foi a vez de Maurício segurar o pulso de Bruno. – Eles não vão te fazer mal. – Mas Bruno não escutara o garoto e continuou a escorrer, para fora da cama. Antes que Bruno pudesse sair completamente, seus ouvidos detectaram um novo som. As crianças que se escondiam debaixo da cama desapareceram, como que feitas de ar. Era um som infantil. O garoto apagou a lanterna. O som da porta rangendo e abrindo ecoou. A voz de Maurício soou como um sussurro. - Ele está aqui... – O som do assoalho rangendo a cada passo aumentava, aproximava-se. Bruno estava com as pernas para fora da cama. Os passos pararam. - Shhhhh... – Maurício pôs o indicador na frente dos lábios. Bruno engoliu o seco. Uma rajada fria de vento pareceu correr por debaixo da cama. As pupilas de Bruno dilataram. Ele sentiu um enorme frio em seu calcanhar, alguém havia o segurado. Estica os braços, Maurício tenta segurá-lo, mas é inútil, Bruno é puxado para fora. Num ímpeto vira-se, mas ainda está deitado no chão. A assombração está de pé, com uma navalha brilhante em mãos. Seus olhos azuis fulminavam-no. A assombração estava praticamente palpável. A boca do ser espumava sangue. A marca em seu pescoço também sangrava. Bruno sentiu em sua face gotas de sangue que se desprendiam da barba de seu algoz. O ser ergue o pé e fez menção em pisar na face de Bruno. O assoalho range forte por causa do impacto. Bruno rolara antes do encontro entre sola e fuças. Num ímpeto e destreza inenarrável, Bruno põe-se de pé, desviando, no caminho de ficar com a coluna ereta, de um arco prateado que o ser desenhou no ar. O ser atacou-o novamente. Com a cara exalando fúria, com a boca exalando sangue. Com olhar exalando ódio. Com os ataques exalando fúria. O jovem abaixa-se, projeta-se para o lado, salta para trás, desvia de todos os ataques, recuando. A expressão de fúria aos poucos vai diminuindo da face do algoz. Um sorriso ensandecido brota em sua face. Parece gostar da ação. Um novo ataque, mais rápido. Por pouco Bruno não desvia, a navalha chega a abrir um rasgo diagonalmente em sua blusa, onde seria região abdominal. O jovem continua a recuar, até que suas costas encontram a parede. A assombração estica a mão. A música não parara de tocar por instante algum. A navalha brilha. Um novo arco desenha-se no ar. Num reflexo instintivo. Bruno abaixa-se, desviando do golpe e depois, numa cambalhota, rola por cima da cama. No ato, pega novamente o bastão de beisebol. Quando sai do outro lado da cama, de pé, já está com o instrumento em riste, em posição de ataque. Olha para a direção onde a ‘criatura’ estava. Não há nada lá. Olha para o chão, vê uma quantidade massiva de sangue criar uma poça sob seus pés, parece brotar de algum lugar atrás de si. Um som sufocado de respiração ecoa, também vindo atrás dele. Sente uma baforada fria em sua nuca. Sem qualquer curiosidade em se virar para vê qual era a causa, Bruno rola para o lado, desviando o máximo que pôde de um novo arco prateado que tingia o breu do quarto. Mas um ardor frio surge em suas costas. Ainda assim, carregado de um instinto veemente, o jovem posiciona os pés. rodando-os, ainda agachado. No movimento de virar os pés ele desdobra os joelhos, levantando-se. Para completar o movimento, com o taco, ele desfere o movimento de ataque, desenrolando a curva que seu tronco fazia, colocando toda a força que tinha e toda a força adquirida no ato, em suas mãos. O bastão atravessa o ser, aonde seria sua cabeça. O fantasma se desfaz como se fosse ar. Por causa da tamanha força imposta, Bruno gira e quase cai. O som da caixinha de música cessa. A poça de sangue desaparece. Um estranho som de uma lâmina oscilando ecoa. Ele olha para o chão. E, reluzindo à luz do luar, vê a lâmina enferrujada do ser fincada na madeira do assoalho, oscilando levemente. Vê um fio de sangue correr o fio da lâmina. O ardor frio de suas costas começa a aquecer. Passa as mãos nas costas. – Lsslsls... – Geme de dor. Sente o sangue, mas o cote fora apenas superficial. Bruno agacha-se e segura a lâmina. Após alguns instantes na mão do jovem, tanto cabo como lâmina, começam a se desfazer, em uma poeira com a textura de ferrugem, que logo é dissipada pelo vento que corre da janela. Bruno retorna a agachar-se, e mais uma vez olha para debaixo da cama. Maurício espanta-se. – Anda! ... Vamo, ele já foi embora, agora tá na hora da gente ir. – Bruno segura Maurício e puxa-o para fora com facilidade. Talvez por causa do susto, ou talvez por causa da surpresa de ver Bruno ainda vivo, o garoto não hesitou e deslizou para fora da cama. As luz da casa retornara. “Seja o que tenha acontecido essa coisa deve estar bem longe agora! Morto! Bem morto de preferência! Não essa mortezinha paraguaia que ele anda tendo!” Ambos seguiram para fora do quarto. Antes que alcançassem a porta, a menina e o garotinho de olhos verdes fizeram-se aparecer na frente deles, impedindo-os de passarem. Uma voz silenciosa e sibilante ecoou. - Vocês não podem... Ele vai voltar. Vocês têm que se esc... – A voz da menina é dissipada, junto com sua forma. O bastão de aço atravessara a imagem dos dois, fazendo-os desaparecer no ar. - Não posso é Caralho que eu não posso! – Bruno segura o pulso de Maurício e ambos seguem para os corredores. Nada de anormal é visto, descem as escadas sem nenhum problema. Seguem para fora da casa. =|=|= - Merda! – Falava Ricardo enquanto girava a chave na ignição. Mas as tentativas eram em vão. – Carolina... Não tem jeito não, acho que o carro morreu. – As vestes dele estavam sujas. Mostrando que ele provavelmente já teria aberto o capô do carro e olhado os prováveis problemas. – O jeito é voltar a pé mesmo... Cê vai na frente que eu vou ligar pro reboque da oficina... Errr... Qual é mesmo o número da oficina aqui desça cidade? – Falava Ricardo enquanto procurava o número na agenda de seu celular. - Então eu vou ligar pra Júlia... Vê se o Bruno pode vir buscar a gente aqui... Deixei a chave do meu carro lá em casa... – A mulher tentou ligar. Mas apenas um som agudo saiu do celular. Ela estava sem serviço. “Ótimo! Só faltava essa!”. Olhou para o marido que estava com o aparelho dele à orelha. Já iria pedir o telefone dele para realizar a ligação quando a voz dele fez-se escutar. - Err... Querida? Cê pode me emprestar seu celular? ... O meu está sem sinal. - O meu também. – Ela arqueou as sobrancelhas como se estivesse com desgosto da situação. Ricardo trancou o carro. Ambos olharam para a estrada de terra completamente esburacada. – É melhor a gente ir logo. - Ai, querido, você não teria nem uma lanterna no carro? - Não. – Falou ele pressionando os lábios e arqueando uma de suas sobrancelhas. “Falha minha.” Ambos seguiram a estrada de terra. Carolina espantava-se com qualquer som Ricardo chegava a gargalhar do medo da esposa, mais para conter o próprio medo do que porque a situação seria engraçada. Caminharam por cinco minutos, talvez dez, no máximo quinze. Quando uma súbita sensação de frio arrepiou os pelos de seus corpos. Uma rajada circular de vento atingiu suas costas. –Ssssssaiaaa. – Folhas secas foram arrastadas num som seco que aparentava o som de passos. Carolina estancou os movimentos. - V... você escutou isso, Ricardo? – Os olhos dela estavam arregalados. - Não se preocupe, querida. É apenas o vento. – Dita as palavras, Ricardo contornou o braço em volta da esposa, que abraçou-o e, abraçados, continuaram a caminhar. - Merda! - O quê foi, Ricardo? - Pisei numa poça de lama. – Respondeu o marido enquantobalançava a perna, tentando ver o quão encharcada havia ficado a barra de sua calça e tentado tirar o excesso de lama. - Ricardo? – A voz de Carolina carregava certo espanto. - Sim? – Respondia ele quanto apoiava o braço em uma árvore, para conseguir melhor equilíbrio enquanto balançava a perna. - A gente tem algum vizinho aqui por perto? - Hmmm... Não que eu saiba. Por quê? – Ricardo olhou para a face da esposa. Ela encarava alguma coisa. Olhou para a mesma direção que ela olhava. Do horizonte da estrada de terra, uma silhueta aproximava-se. Um homem, não era possível ver seu rosto, ou sequer o que vestia. Uma leve animação surgiu na face de Ricardo, que logo iniciou a caminhar na direção do homem. Levantou o braço, como quem quisesse acenar. - Olá? Você mora aqui perto? É que o nosso carro ficou ‘no prego’. Você teria um telefone ou algo assim para nos ajudar? Tamo precisando chamar o reboque e... – A fala de Ricardo foi interrompida por estranhos barulhos que pareciam vir do bosque que rodeava a estrada. Ricardo e Carolina olharam para a origem do som. - Fujam... – A voz dele era quase muda. Ele estava molhado. E parcialmente escondido atrás de uma árvore. Seus olhos verdes eram hipnotizantes. Mas sua palidez era aterradora. Uma enorme poça formava-se sob seus pés. - Hã? O quê que cê tá fazendo por aqui garoto? Tá perdido? Aonde é que estão seus pais. - Fujam... Ele vai matar vocês. – O garoto não saía detrás da árvore. Carolina entrava em pânico por causa da situação. - Como é que é? Deixe de brincadeiras garoto... Já entendi, se tá se escondendo do seu pai não é? ... Aquele cara, ali? ... Não é? – O garoto assentiu com um leve balançar de cabeça. – Carolina pareceu acalmar-se um pouco. Ricardo olhou novamente para a direção do homem. Gritou. - Hei! ... Seu filho tá aqui com a gente! – O homem parou de se mover. Ricardo seguiu para próximo do garoto e segurou seu braço. Ele era bastante frio e molhado, chegava a dar calafrios em Ricardo. O homem puxou o garoto para a estrada, mas o garoto, sem falar nada, parecia hesitar. A única frase que rompeu o silêncio do garoto saiu de sua boca. - Vocês tem que fugir, ele vai matar vocês. – O garoto começou a fazer uma cara de choro. – A luz do luar iluminou seu rosto. Ambos acharam a face do garoto familiar, mas não sabiam de onde. Olharam para o vulto distante. Ele afastou o braço, parecia segurar alguma coisa, retornou a caminhar. - Calma garoto não precisa chorar. Carolina encarou melhor o garoto e, como se uma raio atingisse sua mente, lembrou-se. Suas pernas ficaram bambas e trêmulas. – R... Ri... Ricardo? – Lágrimas rolavam de sua face. - O quê, querida? Calma, o quê foi? – Ela apontou para o garoto. - E... ele... ele... e... ele é... é o g... – Ricardo franziu o cenho, impaciente. - Ele é o quê, Carolina? – O marido sacolejou a esposa pelos ombros. - E... ele é... é o ga... garoto do retrato... – Sua frase ecoou num sussurro. - Deixe de bobagens mulher... Não me diga que também está ficando louca. Nós dois sabemos que a Júlia tava inventado essas histórias. – Ricardo olhou novamente para a estrada, o homem aproximava-se mais rapidamente. Teve idéia de acenar novamente, mas parou quando viu algo reluzir na mão do vulto, era algum tipo de lâmina. O medo instalou-se em seu interior. O garoto começou a debater-se em seu braço, tentando libertar seu pulso da mão de Ricardo. Mas este apenas observava o vulto ao longe, temeroso e espantado. Retornou a olhar para o menino apenas quando sentiu uma sensação estranha em sua mão. Algo molhe e esponjoso. Seus olhos arregalaram quando viu o garoto. A criança parecia inchar. De seus olhos vertiam lágrimas de sangue. A criança tomava uma forma assustadora. água verta de todo seu corpo, como se fosse suor. Carolina espanta-se e inicia um choro desesperado. O garoto abre a boca para falar, mas não há voz, apenas água, uma água negra e espessa. - Ricardo! Vamo embora daqui! – Carolina puxava-o pelo braço, mas ele permanecia estático, tentando raciocinar tudo o quê acontecia ali. Uma leve música infantil perpetrou o silêncio da atmosfera do bosque. O garoto pareceu desfazer-se no ar, e tudo o quê restara da aparição fora a poça de água negra. Num reflexo súbito de pavor o esposo olha na direção de onde o vulto vinha. Não teve tempo sequer de fitar o horizonte. Tudo o quê teve tempo de encarar foram os olhos azuis e gélidos que demonstravam uma raiva incomensurável. Pele pálida, cenhos franzidos. Um bafo frio parecia ser exalado de suas narinas. A marca em seu pescoço parecia adquirir um tom escuro, mais vermelho, em carne viva. Os lábios dele começaram a movimentarem-se. Um som sufocado e difícil ecoou. - Ela é minha... Você não vai levá-la daqui! – Um arco prateado desenhou-se no ar, sangue espirrou no chão arenoso de terra batida. Um baque ecoou. Ricardo caiu no chão. Carolina grita. Ricardo leva a mão à bochecha, conseguira desviar do golpe no último instante, mas ele ainda abrira um corte em sua face. Sentado no chão Ricardo afasta-se do ‘ser’. “Isso não pode ser real. Isso só pode ser um maldito pesadelo.” Cerrou fortemente os olhos e abriu-os novamente. O ser continuava lá, aproximando-se. Carolina correu para perto dele e ajudou-o a levantar-se. “Isso só pode ser um pesadelo!” Mas seu corpo não iria esperar acordar. Pois nunca em nenhum de seus pesadelos ele havia esperado parado pela morte. Ele sempre fugia. Não seria neste que ele faria diferente. Segurou o braço de Carolina e correu. Correram para o interior do bosque. Quando olhou para trás o vulto já havia desaparecido. - A gente tem que fugir... – A voz de Carolina mostrava desespero. - Mas primeiro a gente tem que ir buscar a Júlia e o Maurício. – A voz de Ricardo ecoou resoluta. Lembrar que os filhos estavam naquela casa fez a mãe desesperar-se. Continuaram a correr, até a música desaparecesse de seus ouvidos, seguiram paralelamente a estrada, seguiam em direção ao lar. Um pouco mais a frente a música fez-se escutar novamente, o vulto do homem reapareceu. Seus olhos azuis cintilavam vividamente a sua morte. Correram para outra direção. Poucos instantes depois a música entoou, ele reapareceu. Correram, rumaram perdidamente fugindo da assombração. Mas ele sempre aparecia de novo, seguido de sua trilha sonora morbidamente infantil. - Ricardo? A gente tá perdido. – Carolina estava exausta. - Eu sei querida, eu sei... É melhor a gente tentar voltar para a estrada. – Ricardo, ainda sujo de graxa, e agora sujo de suor e lama, parecia bastante cansado. Continuavam a caminhar quando a música tocou novamente, logo viram o gelo. - Merda! – Ricardo puxou o braço da esposa para outra direção, iniciaram a corrida, até que a música desapareceu. Carolina havia tomado a dianteira, escutou um estrondoso baque de madeira quebrando atrás de si. Olhou para trás e viu Ricardo, ele havia pisado em um buraco que estava escondido pela escuridão e pela folhas secas que cobriam o solo. - Merda! – A perna de Ricardo afundara consideravelmente no solo. Chegou a cobrir até acima do joelho, fazendo seu outro joelho alcançar o solo. A dor expurgou-lhe os sentidos. Sentia a perna aquecer, sentia o sangue escorrer e jorrar, a dor era imensa. As raízes de alguma árvore haviam retalhado a perna, fosse perfurando-a, arranhando-a, ou rasgando-a. A perna dele ficou presa no buraco. O rosto do homem já estava completamente vermelho. O suor escorria freneticamente de sua testa. Seus dentes já estavam cerrados o máximo que poderiam. Ricardo tentou levantar-se. Seus olhos lacrimejaram, sua boca abriu no que seria um grito sem voz e sem fôlego, que não liberou palavras, liberou apenas saliva. Carolina correu em sua direção e segurou seu braço. Tentou ajudá-lo. Ambos fizeram força. - Ahhhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!! – Não adiantou, a perna de Ricardo estava realmente presa às raízes. O homem começara a tremer de dor, a dor era tamanha que o dava o reflexo de rir, por mais que ele chorasse. Risos arfantes e dolorosos. Ele suava frio. Seus lábios logo tomaram uma tonalidade pálida, depois foi a vez de sua pele, que aos poucos ficava mais branca. Suas tremedeiras aumentaram rapidamente. Tentaram por diversas vezes, mas era inútil, ele não conseguiria sair dali. E ele sabia disso. Se tentasse novamente era capaz de piorar o sangramento, isto se a dor não o fizesse desmaiar. Carolina tentou mais uma vez puxá-lo. Mas ele desistiu. Puxou o braço, afastando-o da esposa. - N... não adianta. – A voz dele falhava. Sua boca não produzia mais tanta saliva, o quê deixava sua voz mais rouca e o quê fazia sua garganta arder. O corpo, inicialmente febril, por causa da dor, começara a ficar frio, por causa da hemorragia. O marido colocou a mão na nuca da esposa e aproximou a cabeça de Carolina, fazendo a testa dos dois se aproximarem. - Eu te amo tanto... – A voz dele era fraca. – Eu te amo tanto... – Ele falava em meio a risos de dor e lágrimas. - Eu também te amo. – Ela abraçou-o fortemente. Ao longe, a música mórbida fez-se escutar, parecia distante, mas aproximava-se. – Anda! ... Se levanta! ... A gente precisa correr. Ele esticou o pescoço, para que sua boca ficasse bem próxima ao ouvido de Carolina. – Nós dois sabemos que eu não posso... E é por isso que você tem que ir sozinha... A mulher puxou seu braço com força, para fazê-lo sair do buraco, mas o esforço fora inútil. Ele sentiu as lágrimas dela pingarem em sua face, ele sentiu as próprias lágrimas correrem por seu rosto. E logo ele sentiu uma fina chuva que começou a cair. Carolina continuava a puxá-lo, mas ele soltou seu braço novamente. – Vá...Deixe de tolices! - Eu não posso deixá-lo aqui! Eu preciso de você! – Carolina entrava em desespero, aos prantos. Ricardo desferiu um tapa contra sua cara. - Eles precisam de você... Seus filhos precisam de você... Você precisa ir por eles... Você precisa ir... Por mim... Agora vá. – A mulher continuou estática, imóvel. Abraçou-o. Com as duas mãos ele segurou a cabeça dela, beijou-a levemente na boca. – Vá... – Ele sorriu. As pupilas de Carolina dilataram, ela via o gelo, que se aproximava vagarosamente, com a navalha em mãos. Ricardo não podia vê-lo, o ser estava numa posição de trás das costas deste. - Vá... – Finalmente a esposa escutara o marido e iniciara a corrida. Ricardo podia escutar as passadas que vinham por suas costas. O som da caixinha de música aumentava. Não suportando mais as dores ele deitou o tronco contra o solo, de modo a olhar para o céu. Estendeu os braços. Cerrou os olhos. Ficou apenas sentindo a chuva tocar a sua face. A música parou de aumentar. Os passos pararam, ele havia parado de andar bem próximo à sua cabeça. De maneira que, por alguns instantes, Ricardo deixara de sentir a chuva tocar sua face. Depois ela retornou, num único e irritante gotejar contínuo. Ele abriu os olhos novamente. E lá estava o olhar gélido de seu algoz., fitando seu olhar castanho. Lá estava a face furiosa dele, um pouco mais calma e piedosa neste instante, chegou até a esboçar um sorriso cínico. “Este bastardo quer ver-me morrer lentamente.” A chuva caía na cabeça da assombração e escorria por sua barba, num único e contínuo pingar. Ricardo cerrou novamente os olhos. A hemorragia forçava-o a cerrá-los. Estava fraco e sonolento. Sentia sono, muito sono, um sono inevitável. “Será que dormindo neste pesadelo eu acordo na realidade? Quem sabe... quem sabe.” Entregava-se ao sono, entregava-se às trevas. Mas ainda sentia a chuva banhar-lhe o corpo, assim como ainda escutava a música infantil. Aos poucos a música foi-se distanciando. “Será que ele está indo embora?”. Mas logo percebeu que não. A música distanciava, assim como a sensação da água bater contra seu corpo distanciava-se. Era ele quem partia, e não seu algoz. “? ... ... ! ... ... ? ... ... ?! ? ? ? ! ... ... ... .” =|=|= Carolina corria desesperadamente deveria fazer cinco, talvez dez minutos que iniciara a corrida sem Ricardo. Por nenhum instante parou de chorar, mas também por nenhum instante parou de correr. Corria, sua face já mostrava inúmeras escoriações, assim como seus braços. Causadas pelos galhos das vastas árvores do bosque. Não sabia para onde ia, apenas corria, para o mais longe que pudesse. Finalmente encontrou uma clareira no meio do bosque. Era o lugar mais iluminado que encontraria. Viu um poço. Aproximou-se vagarosa e temerosamente. Quase vomita com a cena que vê. José estirado no chão. Com a garganta completamente estraçalhada. Moscas e diversos insetos pairavam em derredor do cadáver, apesar da chuva. Sem contar aqueles que afogavam-se na poça já escura e, agora, gosmenta de sangue que havia sob o corpo, em cima de uma enorme pedra na forma de círculo. O cheiro ainda não era forte, mas já era aparente. Num ímpeto inicia uma nova corrida para o lado oposto. Mas música ecoa novamente. Ela continua a correr, mas percebe que o som parece aumentar a cada passo que dá. Ela deveria estar indo na direção da música. Volta para o poço, corre em outra direção, mas a música também aumenta para lá. De repente a música parece vir de todas as direções. Ela chora como nunca antes. A música cessa. Um vento frio bate em sua nuca. Carolina olha para trás. Os olhos verdes do garoto penetram o olhar da mulher. A aparência dele era normal. Ele estava apenas pálido e molhado. Com uma água negra acumulando-se sob seus pés. – Você precisa se esconder ele está vindo. Desesperada e sem saber o quê fazer, Carolina dá ouvidos ao fantasma. – Aonde? O garoto começa a erguer o braço. Ao longe a música infantil reinicia o ruído. A criança começa a se dissipar, mas consegue terminar o movimento e apontar para o poço. Um sussurro ecoa, silenciosamente. – Ele não pôde me encontrar lá... O som da caixinha de música aproximava-se, mais devagar do que se aproximava antes. Carolina cerra os olhos e passa pelo cadáver de José. Senta-se no beiral do poço. Encaixa um dos pés em alguma fenda, depois o outro, desce, vagarosamente e com cuidado, alguns pedregulhos caíam fazendo um tamborilar mais forte que o tamborilar que as gotas da chuva faziam no fundo do poço. Desceu, até a metade da profundidade, a meio caminho da água. Num piso em falso caiu. – Ahhhhh... O barulho do esparramar de água não foi tão grande e a queda não foi tão alta, fazendo-a emergir rapidamente. A chuva continuava a cair, começava a ganhar força, de maneira que tamborilar da chuva caindo no poço começava a encobrir o som da caixinha de música que vinha do exterior. Sentiu algo submerso na água encostando-se a suas pernas, espantou-se, de maneira que acabou movimentando demais a água negra do poço. De súbito o ser emergiu. Com sua boca escancarada e braços esticados. Ele parecia querer segurar-se nela. O peso dele ficou todo sobre a mulher, que afundou. Ela lutou contra seu agressor, que impedia que a mulher emergisse novamente. Ele era forte, ou pelo menos pesado. A pele dele era esponjosa. Não conseguia ver o rosto dele, mas seus membros eram bastante rígidos. Desvencilhou-se dos braços do ser. Puxou ar. Segurou-se na parede do poço. Olhou para trás. Lá estava seu agressor. Quase vomita ao vê-lo. Sua pele já estava inchada. A boca aberta e dura, nela faltava alguns dentes e um enorme pedaço da língua. O homem estava sem um dos olhos e, apesar da rigidez, seu pescoço estava mais torto que o normal. Não conseguira reconhecê-lo, mas era José lá fora, este deveria ser Lúcio. Um frio estranho subiu sua espinha. Ela não poderia ficar ali dentro com aquele cadáver. Resolveu escalar o poço novamente. A chuva forte, tornara a subida ainda mais difícil, já que as paredes do poço agora estavam escorregadias. Mas Carolina insistiu. Quando já se encontrava na metade da subida, um estranho som ecoou do fundo do poço. Era como se alguém tentasse falar mas sua voz era abafada pela água. Bolhas começavam a surgir no meio do poço. O cadáver de Lúcio começara a submergir vagarosamente. Carolina, não esperou para ver o quê iria acontecer e voltou à escalada. Do fundo o garoto saia, em sua forma esponjosa e aterrorizante. Com água negra escorrendo de todo o seu corpo e com lágrimas de sangue escorrendo por sua face. – Não... vá... e... peg... voc... Irá... mat..-la... – Ele tentava falar, mas cada vez mais sua voz era impedida pela água que saía de sua garganta. A mulher subia o mais rápido que poderia, estava relativamente perto do topo quando escutou o som da caixinha. Estancou. Após alguns instantes dois brilhos azuis surgiram no topo. Ela não podia ver nitidamente o rosto do vulto, mas sentia a raiva em seu olhar. O ser apoiou-se nas beiradas e projetou-se para frente, tentando observar o fundo, mas não conseguia vê-la. Espantada Carolina fez menção em descer um passo. Mas uma pedra solta acabou caindo e atingindo o fundo do poço, emitindo um tamborilar pesado. As pupilas do ser contrariam, ele jamais havia demonstrado tanta raiva. Mas logo a face dele desapareceu, ele parecia ter se afastado, a música diminuiu até o ponto de desaparecer. Carolina esperou alguns instantes e resolveu retomar a escalada. Uma estranha sensação de frio foi sentida em seu corpo. Um peso estranho surgia em seus ombros. O garoto ressurgia, agarrado aos seus ombros. Ele tentava falar, mas tudo o quê saía de tua boca era uma água negra que banhava seu corpo e parecia fazê-la pesar ainda mais. Desesperada e temerosa, Carolina continuou a subir. O garoto apertava-a mais forte ainda. Das frestas entre as pedras que compunham a parede do poço, começou a brotar água negra que em instantes tornou-se um líquido rubro e viscoso. Com muita dificuldade Carolina continuava a subir, quase escorregou por diversas vezes. Quando estava bem próxima ao topo, o garoto em seus ombros chorara insanamente, de seus olhos vertia bastante sangue e de seu corpo inteiro também, não era mais água negra, apenas sangue saia das paredes do poço e do garoto. Ele parecia ficar mais pesado e era mais difícil subir. Quando Carolina estava prestes a alcançar a beirada do topo ela escutou um forte ruído. Um ruído estranho, como se alguma pedra estivesse sendo arrastada. O ruído cessou por pouquíssimos instantes. Depois se fez escutar novamente. Junto dele um antigo som entoou, e a caixinha de música fez-se escutar. A enorme pedra circular que havia no chão agora estava sendo arrastada em cima do poço. Aos poucos viu o céu desaparecer do topo. Desesperou-se para alcançar antes que ele terminasse de fechar. A abertura diminuía cada vez mais. Até que o ruído cessou. Assim como a sensação de chuva batendo contra sua face. Bateu na pedra, mas era inútil, não conseguia movê-la um milímetro que fosse. Bateu mais e mais. E o garoto chorava desesperadamente em seus ombros. Dizia que ela não poderia sair. Ou tentava dizer se o sangue que brotava de sua boca permitisse que ele falasse. O sangue brotava mais forte vindo das paredes. Enquanto batia um dos braços na pedra que impedia sua passagem, Carolina escorregou. Caiu. Suas pernas e braços escoriaram um pouco nas laterais da estrutura, mas nada de grave aconteceu com ela. Ela apenas afundou brutalmente no poço. Nem por um instante sequer o garoto desgrudou do corpo dela. Não era mais água o quê compunha o fundo, era sangue, e somente sangue. Com seu gosto amargo e fedor tétrico. Tentou emergir, mas o líquido era viscoso e difícil de nadar. E o corpo de Lúcio projetara-se sobre o corpo dela. E além deste havia também o garoto que abraçava-a e queria levá-la cada vez mais para o fundo. Carolina desesperou-se, segurou o fôlego o máximo que pôde. Mas chegou um momento em que não mais conseguia. Chorava bastante. Não conseguia identificar nada. Tudo o quê via era trevas, mas sabia que nadava em sangue, sentiu o gosto vermelho perpetrar sua boca e perpetrar em seus estômago e pulmões. Seus olhos arregalaram o corpo dela começou a se debater freneticamente. Mas logo os espasmos cessaram. Aos poucos a calma tomou o lugar da agonia do afogamento. Sentia seu corpo flutuar, mas aos poucos essa sensação ia se distanciando. O garoto falara novamente, e dessa vez ela escutou perfeitamente o quê ele disse, apesar de parecer que ele estava muito longe. – Eu não quero ficar aqui sozinho... - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Continua...
Posted on: Mon, 08 Jul 2013 03:34:22 +0000

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