A Esclerose Múltipla é uma doença neurológica que acomete - TopicsExpress



          

A Esclerose Múltipla é uma doença neurológica que acomete predominantemente jovens em idade produtiva. É uma das principais causa de incapacidade física nessa faixa etária. Causa alterações neurológicas agudas conhecidas como surtos. O surto é um processo inflamatório que ocorre em qualquer ponto do cérebro, nervo óptico ou da medula. O paciente apresenta um sintoma neurológico agudo e deve ser prontamente tratado a fim de minimizar a probabilidade de sequelas. Neste primeiro parágrafo já vai um conceito importante: a Esclerose Múltipla Clássica (EM) não é uma doença degenerativa (como o Alzheimer ou a doença de Parkinson, por exemplo).Diferente disso… é uma doença inflamatória, que devem ser tratada prontamente a fim de minimizar o acúmulo de sequelas. A somatória de sequelas pós-surtos é que propicia o aumento progressivo da incapacidade neurológica (e essa evolução é muito variável – caso a caso). Nos primeiros anos da doença os surtos respondem melhor ao tratamento agudo, com a evolução da doença os surtos podem ir tendo uma resposta menor. Geralmente o paciente acaba, após muitos anos de seguimento, evoluindo com intensidade bem menor ou mesmo sem surtos agudos, no entanto, pode piorar lenta e progressivamente do ponto de vista neurológico (chamamos essa fase de Secundariamente Progressiva). De início temos a predisposição aos Surtos (focos de inflamação no cérebro, medula ou nervo óptico). Esses surtos começam de repente, atingem o ápice e melhoram (geralmente mais rapidamente com o tratamento médico). A melhora pode ser parcial ou total (a depender de inúmeros fatores, como o tamanho do foco de inflamação, o local acometido, a intensidade, o tratamento) – geralmente surtos no início da doença respondem melhor. Essa fase é chamada de SURTO-REMISSÃO. A duração é de anos (variando de paciente para paciente). Alguns apresentam sequelas importantes em poucos anos e outros têm vida normal ou praticamente normal após muitos e muitos anos de acompanhamento. Após essa fase o paciente pode entrar na fase SECUNDARIAMENTE PROGRESSIVA, nesta fase ocorre piora bem mais lenta e cessam os surtos. A resposta ao tratamento é pior nesta fase e este geralmente deve ser revisto. A vantagem dessa fase é a redução importante da imprevisibilidade da fase de Surto. A fase de Surto-Remissão deixa o paciente apreensivo com o risco de um surto a qualquer momento (algumas pessoas sofrem muito com essa imprevisibilidade e acaba limitando sua vida social, sentimental ou mesmo profissional pelo risco do surto mais do que pela limitação neurológica). Lembrando que existe uma forma de EM que nunca surta e piora lenta e progressivamente desde o começo. Ela é infrequente e chamada de PRIMARIAMENTE PROGRESSIVA (lembra mais as doenças degenerativas que as inflamatórias). Outra forma rara é aquela que Surta mas piora progressivamente entre os surtos. Chamamos essa de PRIMARIAMENTE PROGRESSIVA COM SURTOS. Não sabemos exatamente o porquê uma pessoa desenvolve esclerose múltipla e outra não. Certamente existem fatores geneticamente determinados para a doença aliado a fatores ambientais. É uma doença do grupo de doenças AUTOIMUNES. As doenças autoimunes são aquelas em que o próprio sistema imunológico do paciente ataca órgãos e tecidos. O sistema imune humano é extremamente complexo e guiado a nos proteger de patógenos e substâncias externas e nocivas ao nosso organismo. Por vezes ocorrem erros no processo e o sistema imunológico ataca tecidos saudáveis e provoca doenças dos mais variados tipos (por exemplo = diabetes tipo 1, vitiligo, psoríase, lúpus, tireoidite, entre outras). A esclerose Múltipla é uma doença autoimune. O principal alvo do sistema imunológico na esclerose múltipla é uma estrutura chamada BAINHA de MIELINA. Ela reverte o axônio dos neurônios (como o isolamento de um fio de eletricidade), fazendo com que o impulso elétrico nervoso ganhe mais velocidade. Por isso chamamos a EM de doença DESMIELINIZANTE. (há destruição focal da mielina comprometendo a condução nervosa no cérebro, medula ou nervo óptico) A doença começa com um surto clínico. O paciente apresenta alguma dificuldade neurológica relacionada a uma inflamação na medula, no cérebro ou no nervo óptico. Os sintomas dependerão do local da lesão. Dentre as alterações mais comum estão: Em qualquer uma dessas manifestações um médico neurologista deve ser imediatamente consultado a fim de determinar a natureza do processo e iniciar rapidamente o tratamento. Lembrando que apenas 1 surto NÃO define a doença. É necessária a evidência de que o processo é recorrente !! Mais de um surto clínico, ou evidencia radiológica de surtos (mesmo sem sintomas) com idades diferentes. (para isso é muito importante a realização de Ressonância Nuclear Magnética). O diagnóstico da esclerose múltipla é em grande parte clínico. Pautado em uma história clínica pormenorizada e direcionada, identificando o processo de surto e remissão. Aliada à história clínica está o exame físico e neurológico, mostrando ao neurologista os locais de disfunção neurológica e sua intensidade. Os exames mais importantes na complementação diagnóstica (selecionados caso –a caso) são: O tratamento da esclerose múltipla depende de inúmeros fatores, com idade, desejo reprodutivo, fase da doença, ritmo de vida, etc… É basicamente dividido em 2 vertentes: Além do tratamento medicamentoso é fundamentas o suporte multidisciplinar que será composto a depender do contexto clínico por: fisioterapeuta, fonoterapeuta, psicólogo, fisiatra, etc… O foco é reduzir a freqüência anual de surtos, além de minimizar o risco de sequelas. O reconhecimento e tratamento precoce do surto é medida fundamental. Não. É uma doença crônica. O paciente deve ser seguido de perto pela vida toda. As medicações reduzem a freqüência e intensidade dos surtos, atrasando a progressão da doença, mas não garante a cura ou que um surto não irá ocorrer. Existem formas mais benignas da doença, onde os surtos são espaçados por muitos anos. Também existem pacientes que apresentam apenas um surto e nunca desenvolvem esclerose múltipla (que necessita ter recorrência para ser diagnosticada) - neste caso chamados de episódio demielinizante isolado. Sim. Podem casar, constituir família, ter filhos e até netos !! A doença não é transmissível e nem passada diretamente aos filhos (os filhos terão um aumento pequeno do risco de ter Esclerose Múltipla, mas a maior chance é de não terem a doença). A esclerose múltipla não gera infertilidade na mulher (determinados tratamentos medicamentosos podem gerar algum grau de infertilidade). A paciente com esclerose múltipla deve se preparar para a gravidez junto com seu neurologista de confiança. Tem estar compensada clinicamente, com medicações que causem o menor risco ao bebê, tem fazer um excelente pré-natal, etc… Com esses cuidados a gravidez é possível e geralmente dentro da normalidade. A amamentação também é possível, a critério do pediatra e na dependência das medicações usadas pela mãe.
Posted on: Sat, 09 Nov 2013 23:00:50 +0000

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