A REVOLUÇÃO DA SUSTENTABILIDADE A visão económica mundial - TopicsExpress



          

A REVOLUÇÃO DA SUSTENTABILIDADE A visão económica mundial dominante continua profundamente orientada para o lucro, e convertida à economia de mercado. A própria história parece patrocinar um sistema de mercado livre, marcado pela propriedade privada do capital, com mecanismos de incentivo apoiados no lucro. As corporações modernas, quer sejam globais, multinacionais ou simplesmente entidades nacionais de maior dimensão, são os garimpeiros do século XXI, mas ao contrário dos prospectores de ouro do passado, estes protagonistas modernos não são homens solitários e livres, nem indivíduos sem poder. Em nome da reforma, exercem uma enorme influência nas instituições, dentro dos governos e nas organizações internacionais, como o banco mundial ou o FMI. Asseguram que nenhum recurso, de qualquer tipo, está fora do seu alcance. O objectivo é maior do que o ouro; é o objectivo convergente de lucros corporativos que pode acabar por controlar os recursos locais das populações, malogrando qualquer tentativa de alcançar a sustentabilidade de um lugar ou de uma região. Os custos humanos e ecológicos desta ordem global sobem diariamente. Os perdedores são os trabalhadores de muitos países, é a distribuição dos proveitos e da riqueza, são os recursos naturais e o ambiente global e, naturalmente, a sustentabilidade e as perspectivas de auto-determinação de muitas comunidades locais. Entretanto, assiste-se à perda dramática dos recursos naturais na generalidade dos ecossistemas da Terra, sendo evidente que, em muitas regiões, mesmo as práticas tradicionais de utilização dos recursos não serão possíveis por muito mais tempo. A escolha é entre um ganho a curto prazo e uma prosperidade sustentável. O desenvolvimento económico e a prosperidade dependem da manutenção de um fluxo adequado dos serviços oferecidos pelos ecossistemas naturais, e um desenvolvimento económico saudável e justo tem que integrar o equilíbrio dos sistemas biológicos que suportam a vida. Mas como conciliar o pensamento ecológico e a economia quando a visão mundial dominante é orientada para o crescimento, num sistema de mercado onde o desenvolvimento industrial é avocado como a resposta para a maioria dos problemas da pobreza, da desigualdade e mesmo da degradação ambiental? Como dizia o filósofo Thomas Kuhn, as novas ideias dificilmente suplantam as antigas. A história provou isso inúmeras vezes, mesmo quando a evidência científica era imensa: desde Copérnico, a Newton e à teoria da selecção natural de Darwin. A revolução da sustentabilidade terá que envolver uma mudança radical do paradigma da economia. Diário de Coimbra, 4 de Novembro de 2013
Posted on: Mon, 04 Nov 2013 08:52:09 +0000

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