A Rede Globo e a ideia de conflito. Por Marcelo Henrique Marques - TopicsExpress



          

A Rede Globo e a ideia de conflito. Por Marcelo Henrique Marques de Souza em 14/07/2013. Repare no final do vídeo (a Globo sendo hostilizada na favela da Maré), em que o locutor do palanque fala “o que eles [não se sabe a que "eles" ele se refere] querem é criar conflitos, vamos respeitar todos, inclusive a Rede Globo”. Primeiramente, há o mito de vilanizar o ‘conflito’, como algo “ruim”. Não concordo. Situações de conflito sempre geram algo pra ser pensado. Em contrapartida, a “paz” pode ser também um sinônimo de retesamento, estancamento e repetição. Portanto, é preciso pensar nos conflitos sem "melindres moralistas". Para além disso, outro dia li os comentários de alguns jornalistas acerca desse evento e a maioria se mostrava preocupada, porque pra eles o ataque aos jornalistas e à mídia seria um sinal de “ditadura”. Estão lendo muito errado a questão. Não existe mais essa figura do “jornalista-especialista”, tradicionalmente associado a um trabalho de investigação imparcial e isento sobre a realidade. Na verdade, isso sempre foi um mito, porque há sempre vários interesses em jogo. E mais que isso, basta olhar para o vídeo com atenção pra perceber que várias pessoas estavam filmando o que estava acontecendo, com os seus celulares. Portanto, esse tipo de manifestação de represália à Rede Globo não é um ataque à mídia. É muito reducionismo pensar assim. O que não faltava ali era “mídia” – e não vou nem entrar no mérito de dizer que “mídia” significa “meio”, e que nesse sentido todos os olhos e sentidos ali presentes também eram tipos de “mídia”. Fiquemos só com os celulares e já temos bastante contraponto a essa visão reduzida. Enfim, não acho que isso seja o suficiente pra minimizar o poder da Globo. Mas acho que é uma fatia interessante do que estamos vivendo. Todo mundo passou a ser um jornalista em potencial. E as pessoas continuam vendo TV, ao mesmo tempo em que filmam as coisas e entram em contato com filmagens de outras pessoas comuns na internet. E então, visões como as da Rede Globo, que são feitas pra serem repetidas por várias pessoas, não se sustentam mais durante muito tempo. O material de comparação, hoje, é muito mais vasto. E toda comparação é imediatamente um conflito. O que é sempre muito bom. Que continuem os conflitos. *Marcelo Henrique Marques de Souza é do Rio de Janeiro. Ele mesmo declara: “Sou escritor e professor de um monte de coisa ligado às ciências que chamam de “humanas”, como se houvesse alguma ciência de cachorro. Ensino (e aprendo) filosofia, redação, literatura, ética e cidadania e preparação de monografia, no ensino fundamental 2, ensino médio, graduação de pedagogia e pós-graduação em ‘educação e comunicação’ e ‘psicopedagogia’. Meus textos são ensaios e artigos críticos da lógica ocidental, que se baseia na tríade patética que mistura a sacanagem do mercado (a propaganda incluída), a hipocrisia do cristianismo e a falácia dos racionalismos. É contra isso que busco a impostura da crítica”.
Posted on: Sun, 14 Jul 2013 08:17:53 +0000

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