A TV é regida pela economia Dominique Wolton, estudioso francês, - TopicsExpress



          

A TV é regida pela economia Dominique Wolton, estudioso francês, tem uma visão muito favorável ao público e considera que a polissemia das imagens televisivas dá, a quem as assiste, a possibilidade de selecionar as informações que considerar mais pertinentes e mais relacionadas ao universo cultural construído pela história de vida do espectador. No que se refere à qualidade dos programas de televisão, a visão de Wolton é a seguinte: “Se o público assiste a maus programas não é tanto porque gosta deles, e sim porque eles lhe são oferecidos. Os maus programas dizem menos sobre o público do que sobre a representação que se faz do público por parte daqueles que os produzem e difundem. Em resumo, digam-me quais os programas assistidos e eu lhes direi qual a concepção de público que existe na cabeça dos que o produziram. Por tudo isso, a pesquisa de audiência avalia menos a demanda do que a reação à oferta”. Qual é a utilidade das transmissões de televisão, se a significação da emissão não pode ser realmente controlada por quem a produz e se quem assiste jamais passivo é diante da imagem, retendo apenas as informações que quer reter? Para Wolton, a TV serve para se conversar sobre o que é transmitido. A televisão é um formidável instrumento de comunicação entre os indivíduos. Wolton não discorda dos intelectuais frankfurtianos, quanto à definição de que a TV é integrante do que chamamos de “indústria cultural”: “O empirismo modernista postula a vitória do melhor e a ausência de restrições inúteis. Em resumo, é preciso banalizar a televisão, reduzi-la àquilo que é, ou seja, um espetáculo e uma indústria do espetáculo, que mobiliza os melhores profissionais e sabe aproveitar-se das novas possibilidades técnicas, da demanda do público e de um setor em expansão”. Ao estudar a experiência europeia dos anos 1950 e 1960, com a construção de televisões públicas, Wolton mostra que o paradigma inicial era político nos dois sentidos da palavra: por um lado, desconfiava-se da influência política e cultural que a televisão poderia ter; por outro, pensava-se que sua importância, enquanto meio de massa, impunha que fosse objeto de uma política de orientação e que a colocaria fora das leis de mercado. Mas, nas décadas de 1970 e 1980, a TV pública foi substituída em alguns casos e foi obrigada a conviver – na maior parte das vezes – com a TV privada, o que alterou os paradigmas da televisão, transportando-os do terreno da política para o da economia. De fato, o paradigma atualmente dominante é o econômico, e também nos dois sentidos da palavra. A televisão não deve mais ser uma atividade de extensão, mas como todas as outras atividades, inclusive as culturais, deve ser regida pelas leis de mercado, com preços reais, veto aos produtos que não vão ao encontro do público, lucro, recurso à publicidade, busca do máximo de rentabilidade. Nada justifica que a televisão escape da lei econômica geral, pois o passado demonstra que tal comportamento não garantia a melhor qualidade dos programas. Ao contrário, a submissão às leis do mercado, como atesta o sucesso dos seriados americanos pelo mundo afora, não resulta necessariamente em maus produtos. O paradigma atual da televisão também é atividade econômica, no segundo sentido da palavra, isto é, a televisão é uma indústria como as outras, cultural, sem dúvida, mas mesmo assim indústria, e por isso submetida às leis inerentes ao mercado, como vemos no movimento editorial, na indústria do disco ou no cinema.
Posted on: Thu, 29 Aug 2013 13:30:08 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015