A Teologia Pobre Que Eu Herdei Por Lucas Medrado A formação da - TopicsExpress



          

A Teologia Pobre Que Eu Herdei Por Lucas Medrado A formação da nação Brasileira se dá de certa forma mais insana de nossa história, começando pelo jargão “o Brasil foi descoberto”, mas pelo que parece ele foi achado. Verdade é que já existia uma grande civilização aqui com uma cultura (indígena). Misturado ou miscigenado desde seu início, nossa nação é resultado de uma conjunção cultural imensa. Dando um salto na história e já se tratando da formação protestante brasileira, percebemos que esse protestantismo de imigração era predominantemente étnico, com o passar dos tempos proselitista e escatológico, isso com a predominância de outros protestantismos. Faz-se necessário esquematizar ou sistematizar os “protestantismos” relacionados acima. O de imigração ou “nórdicos” tem de ser etnocêntrico com a limitação jurídica, e não com a preocupação evangelística. O de missão aparece com a vinda de missões, de cunho totalmente norte-americano (Mendonça, 1995: 191). Por fim o escatológico (pentecostal?); que vem dos Estados Unidos, nele entrelaçado está uma mensagem de pobres para pobres incultos. É importante lembrar que o protestantismo histórico brasileiro, é herdeiro das tradições sulistas norte-americana, se não foi abertamente escravista, foi condescendente e omitiu-se diante da exclusão forçada dos negros africanos sequestrados para o Brasil e seus descendentes, os afrobrasileiros (Pinheiro, 2008: 109). Salvo guardar que o contingente imigratório europeu integrado na população brasileira é avaliado em 5 milhões de pessoas. Segundo Darcy Ribeiro apesar de numericamente pouco ponderável, o papel do imigrante foi muito importante como formadores de certos conglomerados regionais nas áreas sulinas, em que mais se concentrou, criando paisagens caracteristicamente europeias e população dominadoramente brancas. A passagem do padrão tradicional, no qual se torna arcaico, tem seu ensejo futurístico ao padrão moderno. Que era caracterizado pelos diferentes ritmos em todas as regiões, mas mesmo as mais (sociedades mais pobres) progressivas se veem tolhidas e reduzidas a uma modernização reflexa. Mesmo as populações rurais e urbanas marginalizadas enfrentam resistências, antes sociais do que culturais, à transfiguração, porque umas e outras estão abertas ao novo, fica incluso nesse meio o protestantismo “de fora”. Dada à homogeneidade cultural da sociedade brasileira todas as pessoas que compõem essa cultura (brasileira) é capaz de comunicar-se com os contingentes modernizados, como se predispõe a aceitar inovações. Esses são o resultado fundamental do processo de deculturação das matrizes formadora do povo brasileiro. Empobrecido, embora, no plano cultural com relação a ancestrais europeus, africanos e indígenas, o brasileiro comum se construiu como homem perceptível e receptivo às inovações do pregresso e processo do que o camponês europeu tradicionalista, o índio comunitário ou o negro tribal. Ademais os povos antigos demonstraram que eram passivos a outras crenças, nisso percebemos que os índios brasileiros contribuíram muitos para o progresso dos imigrantes, segundo teólogo Jorge Pinheiro: “Assim podemos dizer que os grupos indígenas, que povoaram o Brasil antes do advento dos portugueses não chegaram a um conceito claro da divindade, menos ainda a cultuar publicamente um deus, mas tenderam a um monoteísmo implícito na figura de um ser superior...” (2008, pp. 108). Ao analisarmos os caminhos encontramos situações que levam a ver: a miserabilidade da nação brasileira. As bandeiras da emancipação, democracia e justiça social continuaram latentes e urgentes tanto quanto as do passado. Essas bandeiras, sociais e políticas, traduziram a fragilidade do protestantismo no Brasil. Os batistas que chegaram aqui chegaram como imigrantes, não como missionários, por isso os caminhos a outros protestantes estavam abertos como veremos logo mais. Com esses elementos básicos da “formação” nação, trataremos da teologia simples trazida pelos missionários. Sendo trazida, essa teologia fora com um todo formulada universos sociais de reorganização. Segundo Mendonça: “A reorganização foi necessária na Inglaterra, no século XVIII, no momento até certo ponto caótico da passagem da estrutura rural para urbana industrial, em que a pobreza e o desajuste social punham em riscos os projetos sociopolíticos. O metodismo foi, entre outras coisas da natureza exclusivamente religiosa, um movimento de reajuste da mentalidade e dos costumes, isto é da recuperação num mundo irremediavelmente diferenciado, dos padrões de cultura tradicionais moldados pela fé puritana.” (1997, pp. 135). Os missionários metodistas, pela sua simplicidade e racionalidade conseguiram fazer com que fosse assimilada facilmente pela população, sendo que sua teologia não apresentava explicações (pobre) e sim contorno de universo já conhecido, porém ameaçado pelo caos. Essa teologia simples abordava o reajuste dos indivíduos aos padrões da sociedade tradicional (conversão) e eternidade (céu). Os missionários que vieram ao Brasil trouxeram de presentes a pátria brasileira indeléveis marcas da Era Metodista. Os missionários que pregaram no Brasil estavam munidos da mensagem metodista. Não obstante essa “ética” protestante no Brasil tornou-se muito rígida pela necessidade de firmar-se no centro de um campo religioso adverso. Então, o primeiro resultado da implantação de um sistema de crenças num campo religiosos diverso teve resultado, ao nível da ética, uma contracultura (Mendonça, 1997: 137). Fica evidente que a teologia (humilde-simples e/ou pobre) missionária fora ajustada em suas origens geográficas. A reconversão de indivíduos a seus padrões tradicionais trouxeram a América a expansão no séc. XIX. Deste modo a nação brasileira em sua cultura totalmente ibérica intrínseca ao índio e do afro não significou o reencontro de uma concepção religiosa, porém a assimilação de um novo pensar... O protestantismo tradicional, nos seus primeiros anos (implantação) dá ênfase no messianismo de suas mensagens missionárias (Mendonça, 1984), provavelmente para ajustar a mente dos brasileiros, para fazer expandir os movimentos nas décadas do séc. XIX e nas primeiras do séc. XX. Nos dizeres de Mendonça: “Se o protestantismo tradicional resistiu à ameaça do sincretismo e manteve até certo ponto a pureza da mensagem missionária original, é no pentecostalismo que vamos encontrar formas bastantes claras de sincretismo.” (1997, pp. 138). Em sua matriz teológica o pentecostalismo é protestantismo tradicional na sua expressão não clerical. Todavia é necessariamente obrigatório pensar que a Era Metodista, construiu e/ou consolidou base sobre o qual o movimento pentecostal ergueu seus próprios braços. Práticas e ensinos como noção de pecado e imortalidade futura foram uma constante no protestantismo tradicional. Como era de se esperar, essas funções tem valores e práticas diferentes no pentecostalismo, e neste caso o mal é personificado, ficando responsável, por doenças, vícios, e crimes. Essa nova característica pentecostal têm suas raízes nas soluções dos problemas ao nível do cotidiano. Devido a esses pormenores a prática religiosa protestante tradicional que agora passa a ser prática religiosa pentecostal no decorrer da história, dá um desfecho que constituiu o caminho para o objetivo/milagreiro. Isso nos dá margem para concordar que embora o pentecostalismo tenha vindo de outros lugares, principalmente dos Estados Unidos, a linguagem pentecostal apresenta traços bem próximos aos da cultura religioso-brasileira. Nesse sentido estritamente sistemático no protestantismo popular brasileiro, vale ressaltar que o pentecostalismo seria um meio caminho entre o protestantismo tradicional e o catolicismo popular. Também há de ser observar que é possível sim, que no futuro surja novo campo religioso emergido de uma tradição cristã que se aperfeiçoem e estruture sua base na “multiculturalidade” brasileira. Assim a multicultura pode ser o cruzamentos de raças que traduzem culturas relacionais. Partindo desse pressuposto Iracema de (José de Alencar) narra bem os fatos de Martim (guerreiro branco-europeu) junto à índia Iracema (índia tabajara-brasileira), e dessa relação nasce Moacir (mistura da nação brasileira com a nação europeia). Entre encontros e desencontros, nossa cultura e/ou multicultura brasileira é relativizadora, a pretensão protestante é deontológica. Como afirma Sergio Buarque de Holanda é açucarada e dengosa. Nesses moldes a cultura relacional brasileira é o concreto imediato da vida do brasileiro. Não seriam todos estes processos, organizados por índios, humildes, missionários simples e um teologia pobre, porém rica? Ululante que sim, essa teologia que a bem da verdade professamos, ela tende a responder as necessidades de nossas perguntas e ao mesmo tempo mostrar que embora seja racionalizada intelectualmente ela é herdada dos povos, simples, “pobres”... “Assim a realização da essência da brasilidade, em sua relação com brasilíndios e afrobrasileiros, deve se orientar em direção a essas multiculturalidades, na medida em que essas manifestações de suas origens criativas remetem ao que é perene nelas”. Exprimem o que lhes é, suas solidariedades do plano formal e sua finitude.” (PINHEIRO, 2008, pp. 122). Pensando bem as sobre essas proposições é possível entender o quanto o Brasil é de fato miscigenado. Não só isso, o que herdamos foi mais do que culturas ou costumes de outrem; É de se lembrar, que tal Teologia está muito intrínseca em nossas igrejas, livros, discursos, e nem nos damos conta disso, é bem tupiniquim, bem simplista, bem ridicularizada, bem de fora, bem informal para um discurso improvisado e livre... Somo assim por herança ou assimilação? De qual teologia deveríamos fazer parte? Qual professar? A de fora? A de dentro? Essas perguntas só nos provam o quanto se intensificou a motivação dos colonizadores em evangelizarem as culturas “pagãs” (na visão católica, a indígena e posteriormente, a afros), porém os missionários, pregadores e até alguns teólogos apresentam o mesmo objetivos. E para esses, pagãos são todos que são de fora “do protestantismo tradicional, radical, conservador”. Não seria essa uma afirmação de uma teologia que só questiona, e esta sempre à margem da sociedade pluricultural? Onde está o simplismo que herdamos? Sendo dessa forma, uma crença nega a outra, que de fato é negado pela seguinte, por este viés e/ou performance, todo o ethos do protestantismo foi construído em termos relativamente de negação, das mais várias particularidade, só destruindo a simplicidade de uma teologia prática e objetiva. Nesse sentido posto está a finalização não concluindo, mas considerando que somos voluntários ou involuntariamente “acometidos” pela herança teológica de uma sociedade “marginalizada”, a priori, se não fosse assim com assimilaríamos uma formalidade tamanha no decorrer da história? Tinha que ser ordinário (comum) e de fácil interpretação todos os dizeres teológicos dos missionários. Um brinde ao protestantismo gótico, de ensino simples, da teologia pobre: salvacionista e convercionista que herdei. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MENDONÇA, Antônio Gouvêa – Protestantes, Pentecostais e Ecumênicos. São Paulo: Umesp, 1997. RIBEIRO, Darcy – O Povo Brasileiro: A Formação e o Sentido do Brasil. 9ed. São Paulo: Companhia de Bolso, 2010. PINHEIRO, Jorge – Deus é Brasileiro: As Brasilidades e o Reino de Deus. São Paulo: Fonte Editorial, 2008.
Posted on: Sat, 28 Sep 2013 17:36:12 +0000

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