A Trilha Libertadora da Respiração Pedro Tornaghi "Todos - TopicsExpress



          

A Trilha Libertadora da Respiração Pedro Tornaghi "Todos respiramos, o tempo todo, mas nunca nos perguntamos: e o que é respirar? Talvez por ser tão essencial, esse ato nos passa desapercebido o tempo todo. O tempo todo. A maioria de nós nem percebe se está respirando fluentemente ou com dificuldade. Só percebe quando a dificuldade está prestes a se tornar uma impossibilidade. Se respirar é viver, talvez, se estivéssemos mais conscientes de nossa respiração, pudéssemos estar mais conscientes de nossas próprias vidas. E, acho que por isso mesmo nos tornamos inconscientes; estarmos mais conscientes de nossas próprias vidas incluiria estarmos perceptivos de sofrimentos, o que seria por si só sofrer. Porém, também é verdade que, ao conhecermos o veneno, conheceríamos o antídoto. Entrar em contato com o sofrimento interno e manter a espontaneidade da respiração, nos levaria ao prazer do passo seguinte. O prazer do simples sentir, o prazer do sentir que sente; o prazer de sentir, não aquilo que fere nossos poros, mas de sentir os próprios poros. E, se o sofrimento for caminho para isso, que seja, se o preço do maná divino for caro, que o cobrem de uma vez, e que o usufruamos desde já. Uma vez tomada essa decisão nos surpreendemos, descobrimos que passamos décadas evitando o crescimento por intuir que o crescer envolve sofrimento, mas que na verdade, o que provoca – e eterniza – o sofrimento não é crescer, mas a própria resistência ao crescimento. Ao acender a luz, a escuridão desaparece, ao respirarmos profundamente, os mais temerosos fantasmas evaporam, ao permitirmo-nos sentir o grande sofrimento que achávamos carregar dentro de nós, vem a revelação: o sofrimento não era enorme e nem tinha vida própria, nós quem lhe conferíamos vida, força, tamanho e longevidade, ao resistir a ele. E, quem precisa disso? Quem verdadeiramente precisa disso? Sofrer é vício? É vício necessário? Ou é estratégia equivocada do bem viver? Ou é ilusão de conforto? Por que o alimentamos diariamente como a um filho querido? Será por simples medo que a vida aconteça? Temos medo de nos entregar por inteiro ao crescimento, seja lá o que isso signifique; daí, vamos com metade do coração, metade da atenção, como se estivéssemos nadando com o nariz metade para fora, metade para dentro d’água. Não dá para ir longe assim, não haverá fôlego suficiente. Vamos divididos e, dividido, ninguém tem fôlego o suficiente para atravessar o grande canal. Precisamos das duas pernas para andar, e que a musculatura inteira contribua, no mesmo sentido. Mas, uma parte nossa coopera com o crescimento, outra é contra e resiste. Esse conflito interno cria, alimenta e perpetua o sofrimento. E, para evitá-lo, nos tornamos inconscientes de nós, inconscientes da vida e aí, é melhor tornar-se insensível à respiração. No entanto, quando nos permitimos sentir de novo, progressivamente, mais e mais, a respiração, vem uma revelação: vamos abandonando a idéia de termos que sofrer para crescer. E é importante abandoná-la. Se você cooperar inteiramente com o crescimento, não haverá sofrimento. De todo. Se você estiver inteiramente entregue do movimento de crescer, você se deleitará; cada novo instante na estrada do crescimento será prazer e êxtase. Mas, como tomar essa atitude se o desejo de tomá-la é consciente, mas o medo que a evita, se arma nos porões do inconsciente e não temos acesso a ele? É verdade, a consciência não tem acesso pleno às regiões onde os medos e as restrições ao crescimento foram plantados dentro de nós, mas isso não nos impede de desmontar esse mecanismo anti-vida. A respiração pode ser o caminho. Um caminho acessível mesmo a quem caminhou pouco ou quase nada nessa direção. Todas as restrições que criamos ao nosso crescimento refletiram em restrições à respiração, escutando essa respiração, estaremos escutando também às restrições criadas e aos medos que as motivam. E, pasme, ao se sentir escutado, o medo vai deixando de ser medo, o medo vai se tornando sensibilidade, a chave que fechava nossas portas, passa a ser a chave que as abre. Experimente você mesmo, torne-se você mesmo sabedor disso na prática. Abandone a idéia de que é necessário sofrer para crescer e dedique uma hora de seu dia, apenas para sentir sua respiração, o que quer que isso signifique para você; e você verá medos e restrições se dissolvendo, você começará a sentir uma sensação de liberdade, de descanso, de vivacidade, de inteligência… você se verá crescendo em muitos aspectos de sua vida. Mas, lembre-se, nessa hora separada para esse ritual, dedique-se apenas ao sentir sua respiração. Tranque-se em um quarto, sem nenhuma outra atividade, sem nada de prático ou objetivo para ser resolvido e… sinta-a… sinta-a… e sinta-a novamente, e novamente, e novamente. Sempre que se perceber disperso, observe a dispersão e sinta como você sente sua respiração durante a dispersão. Se você se pegar pensando sobre problemas que não estão no seu quarto neste momento, observe como você pensa e… sinta como está sua respiração durante o pensar naquilo. Alcançar isso já seria uma grande revolução na sua vida. Uma enorme revolução. Mas, é possível ir ainda mais além com a respiração e com o que pode ser entendido como crescimento. A respiração traz consigo muitas possibilidades e é possível explorá-las. Certas respirações específicas desenvolvem capacidades também específicas nossas, uma respiração em ritmo quaternário na parte direita de nosso pulmão por exemplo, pode nos dar uma capacidade de concretização de planos inimaginável a um ser – que até hoje era – essencialmente sonhador; uma respiração em ritmo trinário no lado esquerdo do pulmão pode desenvolver a criatividade em alguém que se achava incapaz de sê-lo. Sentir plenamente a respiração pode ser o primeiro e o mais essencial e revolucionário passo já dado numa vida, mas, um passo, descortina caminhos e mais caminhos de exploração, vida afora, pelos terrenos da condição humana. A ciência da respiração tem em si a possibilidade libertadora e a possibilidade de nos retornar o leme, as velas e os remos de nossa nau, para que justifiquemos o direito à vida que recebemos, para que realizemos a maior viagem ao nosso alcance, a viagem pelo mar nunca antes navegado de nosso próprio existir." .
Posted on: Tue, 23 Jul 2013 19:24:16 +0000

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