A VISÃO DE MUNDO DO POVO YORUBÁ É oportuno e fundamental falar - TopicsExpress



          

A VISÃO DE MUNDO DO POVO YORUBÁ É oportuno e fundamental falar sobre a visão da criação do mundo físico, do ponto de vista do povo Yorubá, na busca do resgate e preservação da cultura e religiosidade de um povo milenar. Considerando as afirmativas científicas que vêm sendo publicadas com freqüência, como por exemplo: “O surgimento do Mundo a partir do Big Bang”; “O homem surgiu da argila”; “A humanidade surge acerca de cem milhões (100.000.000) de anos dentro do continente africano e começa a expandir-se para outros continentes acerca de cinqüenta milhões (50.000.000) de anos”. Podemos e devemos fazer uma correlação com o que já vem sendo dito pelo povo Yorubá, há muitos e muitos anos, conforme consta registrado no livro de DARAMOLA, O & JEJE, A. Awon àsà ati Òrìsà ile Yorubá. Ìbàdàn, Onibon – Oje Press, 1975. ELÉDÙMARÈ/Senhor do Universo, “saturado” de tanta energia emanada por ele mesmo, “explode” e se subdivide nos OSA/Divindades: OMI/Água; ILÈ/Terra; ÒFÚRUFÚ/Ar; INÀ/Fogo e seus desdobramentos (ODÒ/Rio, ÒKUN/Mar, ÒSA/Lagoa, ÒJO/Chuva, IGBÓ/Floresta, AFÉFE/Vento, ARA/Raio, dentre outros). Disposto a criar o AYE/Mundo Físico – vida, apresentou às suas divindades duas cabaças, uma contendo uma massa negra e outra uma massa branca (hoje representada pelo ÈKO ou AKASA/mingau feito de fubá de milho branco), além de uma árvore denominada árvore da vida. Pondo a prova que: a divindade que conseguisse colocar uma cabaça em cada mão e a árvore na cabeça iria criar o AYE. Como nenhum dos OSA conseguiu realizar o intento, ELÉDÙMARÈ, então, criou uma divindade, representação e emanada dele mesmo, ou seja, Orun+mi+ela = Universo+minha+ação => ORUNMILÁ = Minha ação do Universo. ORUNMILÁ tendo conseguido realizar a tarefa, recebeu o saco da existência, além das cabaças e da árvore. Atirou na imensidão do Universo a terra contida no saco da existência. Enviou um camaleão - hoje símbolo de ELÉDÙMARÈ e ORUNMILÁ - para pisar na terra, comprovando a sua firmeza, e uma galinha para espalhar a terra (ILÈ NFÉ / terra que se espalha, origem do nome da cidade de ILÉ IFÈ – berço da civilização yorubá). Já na terra plantou a árvore colocou as duas cabaças questionando ELÉDÙMARÈ quanto aos próximos procedimentos para criação do aye. Foi então orientado a juntar o conteúdo das duas cabaças e no dia seguinte, antes do sol nascer, deveria destapá-la, nascendo então ESU IGBÁ KETA - a terceira cabaça. ELÉDÙMARÈ orientou-o, ainda, que sobre ele deveria jogar água todos os dias antes do sol nascer para que crescesse e se multiplicasse. Atitude hoje reproduzida no processo de iniciação. Assim iniciou-se o ciclo de criação e reprodução da humanidade. Cabendo a ORUNMILÁ, o TESTEMUNHO DO DESTINO, o controle de todas as vidas humanas no aye. Aos OSA que, como parte integrante de ELÉDÙMARÈ, continuaram juntos dele, coube a tarefa de escolher a cabeça daqueles que nasciam. Logo, ORÍ/cabeça + OSA/divindade = Orisa. ESU, por ter sido o primeiro da existência genérica que constitui cada um de nós (argila), teve a felicidade de ter a sua cabeça escolhida por todas as divindades da natureza, recebendo o título de ENUGBARIJO – a boca coletiva. Muitos anos se passaram, famílias, aldeias, vilarejos, cidades e demais grupos étnicos foram sendo formados, e espalhados por todo aye, até que um dia ORUNMILÁ se sentindo cansado e sem condições de controlar tanta gente, solicitou que os Orixás viessem até o aye para lhe ajudar. Na solução do problema, ELÉDÙMARÈ verificou em cada grupo étnico constituído, àquela pessoa que mais se destacara como ONÍLÈ/Senhor da Terra (senhor de muitos filhos e de vasto território) ou como ÌDÍLÉ/Importante personalidade da família (aquele que apesar de não ter filhos ou terras, era considerado pela família como benfeitor) a fim de dar-lhes o seu ÌPÒNRÍ (força vital) fazendo com que ele representasse o orixá que havia escolhido a sua cabeça. Assim citamos, por exemplo, a força e representação do fogo, atribuída à: SANGO na cidade de Oyo; AIRA em Save; ORAMFÉ em Ifè; “ZAZE em Angola”; “ELEMUSAT na cultura Omoloko do povo Kathókee”; “HEVIOSO no Dahome”; etc. Estes ESA/Ancestrais foram, após a morte, divinizados pelo seu povo e hoje são reconhecidos como a representação viva dos orixás. Em cada canto desse planeta, seja na áfrica negra ou não, em qualquer cultura que reconheça a força e a importância dos elementos da natureza apontando uma divindade, existe a ação e a força vital de ELÉDÙMARÈ. Precisamos hoje, no terceiro milênio, conhecer e entender nossa cultura e religiosidade, a fim de, na qualidade de afro-descendente, continuar a luta dos nossos antepassados pela preservação e o bom nome de ODÙDUWÀ o precursor da cultura Yorubá e restaurador da Cidade de ILE IFÈ, berço, não só, da cultura Yorubá, como também, da humanidade. * Professor e Olóyè Marcelo Monteiro Odearaofa, Presidente Fundador do CETRAB – Centro de Tradições Afro-Brasileiras
Posted on: Sat, 10 Aug 2013 05:33:09 +0000

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