A decisão do governo Sarney em mandar jogar lixo atômico na Serra do Cachimbo, no Pará, à época governado por Hélio Gueiros, mexeu com o brio do povo paraense que saiu às ruas para protestar contra tal ato. Ao saber da manifestação através do rádio, datilografei, às pressas, uns versos para distribuir durante a passeata. O sucesso foi tanto que a composição acabou publicada em todos os jornais de Belém. Ei-la: ÉGUA! NO NOSSO, NÃO! Senhores “donos da vida” deste Brasil gigantesco, não queiram tornar a Serra do Cachimbo num dantesco Inferno radioativo. Ante fato tão grotesco, lhes afirmo, sem rodeio, que só no cachimbo alheio lixo atômico é refresco! Caulim, madeira, alumínio, ouro, ferro e tudo o que há de bom, nos roubam deixando buracos somente e pra compensar, o que não presta, o que polui, o que empesta, mandam jogar no Pará. Se vocês não têm cachimbo para por lixo poluente, coloquem tudo no rabo dum trem e saiam da frente que daqui eu faço o alarde pois pó de Césio só arde é no cachimbo da gente!... Joguem o lixo no cachimbo dos “states”, do Japão, do Iraque, da PQP, da Rússia, do Paquistão, do Irã ou da Polônia mas não joguem na Amazônia, seus porras! No nosso, não!!! A nós compete mostrar que o Pará tem voz e vez. Portanto, caros senhores, em claro e bom português eu lhes digo no capricho: - Enfiem todo esse lixo no cachimbo de vocês! ( Do livro: “Colmeia de Tataíras - Versos de Circunstância ” )
Posted on: Wed, 13 Nov 2013 10:34:13 +0000
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