A dor Havia uma cidade no século XIX onde tudo funcionava - TopicsExpress



          

A dor Havia uma cidade no século XIX onde tudo funcionava perfeitamente. Não havia doenças, assassinatos, ou qualquer tipo de dor ou infelicidade. Certo dia um garoto brincava de fazer barquinhos de papel e lançava-os próximo a uma enxurrada que desembocava no esgoto. Ele estava animado, pois seus pais o liberou pela primeira vez para brincar fora de casa, que, aliais, proibiam brincar perto do esgoto. A mãe do garoto não imaginava que ele estava fazendo algo proibido, e muito menos seu pai, um utilitarista ferrenho que poderia o punir severamente. Sua irmã havia se pedido nos canais subterrâneos da cidade anos atrás, mas menino nunca soube desse motivo, e queria descobrir o que tanto intrigava seus pais em relação ao esgoto. Durante a brincadeira, ao se aproximar do bueiro para resgatar seu barquinho, a criança ouviu um barulho, um grito esquisito vindo lá de dentro. Não pensou duas vezes, meteu suas perninhas esquálidas para dentro daquele buraco negro, caindo na trilha que o canal fazia e se encharcando de sangue, pois havia órgãos e vísceras circulando na água. O olfato dele alertava que o grito vinha do lado esquerdo da trilha, por onde seguiu. Já não vendo mais nada, sentia o grito cada vez mais intenso. Com isso, nem as vísceras mais fedidas, mais podres fariam desmaiar ou sequer parar de andar em direção ao seu destino. O jovem já sentia próximo do seu objetivo quando um canhão de luz o revelou, deixando-o imóvel. Eram os policiais da cidade que o procuravam. Ao olharem para o rosto do jovem, desligaram o canhão, o encheram de bordoada e cassetetes, e seguiram viagem. Ele pensou que sua roupa de mauricinho iria salvá-lo, mas já estava irreconhecível e parecia um mendigo maltrapilho, algo que não se via na cidade, já que a dor era proibida. Ao mesmo tempo, já mancando, o mancebo, percebeu que o grito vinha mais com mais frio, entrava mais úmido nos seus ouvidos. Avistou uma válvula e a girou, descobrindo uma porta de onde vinha aquela voz. Quando o homem abriu, e deparou-se com uma senhora encurvada, no chão, toda feriada, sem cabelos, com um crânio Neandertal aberto. Ele perguntou o que havia de errado, porque estava gritando daquele modo. As únicas palavras que saíram da boca dela foram: ’’ Eu sou a lixeira do desprazer, da escória, do escroto. Se existe alguém sorrindo, há outro infeliz. Mate-me, que terá o mundo como ele é, com dores e tristeza. ’’ Ofegante, pegou o canivete de seu bolso, e rechaçou o que restava das vísceras da senhora. Já idoso e barbado, se entregou a dor e a agonia, mutilando seu próprio corpo, transformando-se num novo Guardião do Desprazer. Muffin Atômico
Posted on: Sun, 10 Nov 2013 18:33:43 +0000

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