A imoralidade do palpiteiro. Um das coisas mais importantes na - TopicsExpress



          

A imoralidade do palpiteiro. Um das coisas mais importantes na vida dedicada ao conhecimento é ter consciência de que nós, humanos, somos seres limitados. O reconhecimento dos nossos limites constitui-se como um dos primeiros passos para se adquirir conhecimento e respeito. A um homem é impossível saber tudo. Nossa condição humana impõe-nos isso como uma realidade. Todo conhecimento do mundo está aí, acumulando-se a cada passo dado, a cada conquista superada. No entanto, não há como saber numa única vida a respeito de tudo. Confesso: sinto-me privilegiado por ser professor. Sobretudo pelo fato de poder estar em contato com um universo do conhecimento e, ao mesmo tempo, saber que minha área é limitada. Nós professores nos respeitamos e evitamos invadir a “área alheia”. Conheço excelentes professores de biologia, química, física, história, geografia e matemática. E aprendi, acima de tudo com meus colegas, a evitar ser palpiteiro. É feio ser palpiteiro. Pior, é imoral ser palpiteiro. Há um acordo entre “cavalheiros” no qual nossa conduta é balizada: sou professor de filosofia e, precisamente por isso, não fico dando palpite em áreas que não me dizem respeito. Poderia fazer isso? Claro! Somos livres para expressar nossa opinião e o conhecimento está aberto a qualquer um. Então, oras, por que não fazemos? Por que o professor de filosofia não fica opinando sobre biologia ou química, por exemplo? Por respeito. Simples assim. Por um respeito a si mesmo e por um incondicional respeito aos colegas de profissão. Muitos dos meus colegas professores dedicaram à vida estudando suas respectivas áreas de atuação. E só quem já doou parte de si aos estudos sabe o quanto foi difícil e duro adquirir aquele conjunto de informações cravadas no espírito. Talvez, por essa razão, seja inevitável não querer transmitir isso a alguém. Um professor ama tanto a sua área de conhecimento que deixa isso transbordar. Um verdadeiro professor não informa, ele transpira. Constantemente eu reflito o que significa saber e saber transpirar conhecimento. Não há um dia que eu não pense na minha didática, na minha metodologia de ensino. No entanto, o mais importante: não há um dia em que eu deixe de estudar. Acredito que um bom professor deva ser acima de tudo um estudioso. Essa é sua forma de evitar ser um palpiteiro e zelar pela verdade. E faz isso por respeito ao seu aluno, por respeito aos seus colegas e por respeito a si mesmo.
Posted on: Wed, 07 Aug 2013 19:34:32 +0000

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