A imprensa dá conta que o empresário Abilio Diniz deixou a diretoria do Grupo Pão de Açúcar. Negócios de capitalistas à parte, lembrei-me de que quando criança ia, levado por meus pais, comer doces na Doceria Pão de Açúcar da Rua Barão de Paranapiacaba, no coração de Sampa. A loja, fundada em 1952, era uma das atrações da São Paulo ainda glamurosa dos anos 50. Foi com a doceria que o pai de Abilio Diniz começou o negócio que se tornaria o grande grupo empresarial, anos depois. Eu adorava ir à doceria. A Rua Barão de Paranapiacaba fervilhava de gente no ritmo de "São Paulo não pode parar". Época em que interessava à burguesia paulistana um centro limpo, bonito, repleto de pessoas bem vestidas, exemplar. As coisas, porém, mudaram, pois assim funciona a geografia burguesa. Aliás, a burguesia paulistana - talvez a mais egoísta burguesia do planeta - construiu seus shoppings e abandonou o centro à sua própria sorte. O que essa burguesia paulistana quer? Que o centro se transforme em terra de ninguém, em terra arrasada? O resgate do centro paulistano não é só uma necessidade por causa da história e da memória paulistana. Simboliza também o reencontro da cidade com a Piratininga pré-capitalismo, com a cidade desimportante e pequena que, no século XX, se tornou uma referência cosmopolita. Que futuro terá o centro paulistano?
Posted on: Sat, 07 Sep 2013 00:02:27 +0000