A medida que o tempo foi passando, com as luzes apagadas e som de alta qualidade invadindo seus tímpanos, sua mente era tomada por uma série de imagens, com num clipe sem nexo, com carrinhos de bebê descendo desgovernados por ladeiras lavadas de sangue, explosões nucleares, Marilyn Manson careca discursando em frente a um estandarte nazista, cabeças decapitadas rolando sorridentes nas calçadas dublando alegremente a música, cães zumbis de fraque tocando pianos de cauda a beira do mar, Yoko Ono deitada num divã dizendo vamos ficar pelados. E boom, o silêncio e o susto. Como quem desperta de um sonho, Carol pula da cadeira, desplugando o fone de ouvido. No monitor, a capa do White Album estático na tela do YouTube. O cursor piscando, como se pedisse mais um clique no play do player, vamos, medrosa, não era o que queria? Vem, mais uma vez, venha ver o que reservo pra você. Algo havia mudado. Ela já não era mais a cirurgiã em frente a um braço com fratura exposta. Era uma garotinha em frente ao cadáver da mãe em Varsóvia. Ou em Bagdá. Uma onda de pavor a tomara. R9 causou uma reação inesperada. Sem desligar o pc, sem trocar de roupa, sem olhar para trás, jogou-se na cama, puxando o edredon sobre a cabeça. Mas os demônios, agora despertos, não cansavam de entoar lá dentro: number nine, número nove, NOVE!
Posted on: Sat, 24 Aug 2013 00:42:49 +0000
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