A nova ditadura, a dos líderes do “mundo livre” 20 de Aug de - TopicsExpress



          

A nova ditadura, a dos líderes do “mundo livre” 20 de Aug de 2013 No que o seu próprio texto define como um dos “episódios mais estranhos da história do jornalismo da era digital”, num sábado, dia 20 de julho,no porão dos escritórios do The Guardian,um editor sênior e um especialista em computadores do jornal, usando alicates de metal e outras ferramentas domésticas, destruíram os discos rígidos e chips de memória que guardavam os arquivos criptografados sobre a espionagem americana vazados por Edward Snowden. Representantes do Governo inglês assistiram e fotografaram a cena, mas não puderam apreender a memória dos computadores, por não haver ordem judicial e por não poderem usar (mais) força contra um jornal e cidadãos ingleses. Ao menos, por enquanto. É disso o que estavam atrás ao prender o brasileiro David Miranda, companheiro do jornalista do The Guardian que publicou as matérias sobre Snowden, Glenn Greenwald. O triste espetáculo lembra – a mim e, certamente a muitos – a segunda imagem que tive da ditadura de 64, quando tinha apenas seis anos: os livros de meu pai sendo queimados. A primeira havia sido a de tanques rolando pela então pacata Rua Dias da Cruz, no subúrbio do Méier. E o que li, mais tarde, horrorizado, sobre as fogueiras de livros no III Reich. Alan Rusbridger, editor do Guardian, contou que, há dois meses, foi contactado por um funcionário do Governo britânico em nome do primeiro-ministro britânico, David Cameron, que exigiu a devolução ou destruição de todo o material de posse do jornal. Rusbridger revelou ainda que o mesmo funcionário do Executivo britânico disse que se o material não fosse entregue ou destruído, o Governo iria toma-los do The Guardian por via legal. O jornal parece que não acredita que ainda possam existir vias legais na Inglaterra e os destruiu. Ele explica que não podia correr o risco de ser obrigado a devolver os arquivos e revelar o que sua fonte, Snowden, havia fornecido ao jornal. Mas Rusbridger avisou que existiam outras cópias dos arquivos, fora do Reino Unido, na América e, especificamente, no Brasil. As autoridades inglesas, ao que parece, não acreditaram e, por isso, detiveram Miranda logo que ele colocou os pés no Aeroporto de Heathrow, onde vale a lei antiterrorismo que permite detenções sem ordem judicial. Tudo combinado, como admitiu a Ministra do Interior britânica, Theresa May. É a segunda vez que um cidadão brasileiro é atingido, sem nenhuma razão legal, pela histeria das autoridades inglesas. Em 2005, Jean Charles de Menezes foi assassinado pela Scotland Yard, em Londres, com a desculpa de que se caçavam os responsáveis por um boato de atentado no Metrô de Londres, ocorrido na véspera. Quinze dias antes haviam ocorrido explosões que mataram 52 pessoas. Nada justificava a execução de Jean Charles, mas havia, de fato, um clima de comoção e nervosismo. Agora, não há nada disso. Miranda foi pego numa armadilha conscientemente montada com o fim exclusivo de intimidar o jornalista Glenn Greenwald. A reação do Governo brasileiro está sendo correta, mas terá de subir de tom. Está cada vez mais claro que o autoritarismo norte-americano, que faz dos ingleses seus cães terriers, não poderá ser detido sem uma forte reação internacional. Os idiotas da direita brasileira não queriam que o país reagisse contra a violência cometida contra Evo Morales, com o risco que correu seu avião sem lugar para pousar, por ordem dos EUA. Agora, o que dirão da detenção de um brasileiro acusado de…nada? O surto autoritário imperial parece não ter limites. E não terá, se a humanidade não os colocar, e já, e firmemente. Por: Fernando Brito
Posted on: Thu, 22 Aug 2013 12:02:43 +0000

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