A política, e principalmente os políticos no Brasil, conseguem se adaptar rapidamente a qualquer situação, passando da desconfortável condição de vilões a quase vítimas do que eles mesmo criaram ou omitiram. Alvos principais das manifestações expontâneas das ruas, sumiram apavorados por curto espaço de tempo retornando em seguida com elogios rasgados a democracia e ao direito do povo protestar, mas enfatizando o que denominaram "vandalismo de arruaceiros" contra o patrimônio público, para justificar a repressão violenta da polícia militar. Anularam os aumentos das tarifas de transporte público e tentaram tirar o foco dos protestos introduzindo o requentado debate da reforma política, que logo naufragou no mar revolto e interesseiro do Parlamento. Nos estados, com a repressão dos movimentos nas mãos dos governadores e suas PMs, os temas do despreparo e da violência policial concorrem com as denúncias de corrupção oficial. Como de costume silenciam o judiciário e o ministério público, que alcançou rapidamente seu objetivo com a derrubada da PEC 37 e portanto podem investigar, mas aparentemente não há interesse no momento. Quanto a política de segurança pública, que relaxa no geral e exagera na repressão aos manifestantes, reuniões de membros do governo com representantes da sociedade civil servem de palco para a mesmice do reconhecimento de excessos e promessas de atenuantes. Sem uma pauta mínima de reivindicações devidamente estruturada por prévios debates e estudos, não haverá avanços e novamente nada se constrói. Tudo como dantes no quartel de Abrantes.
Posted on: Tue, 16 Jul 2013 11:45:35 +0000
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