A presidente Dilma perdeu uma oportunidade de dizer a sociedade brasileira que seu governo de fato está comprometido com as mudanças que foram sinalizadas nas ruas. O seu discurso foi apenas uma peça de retórica que continuará causando desconfiança. Ela deixou transparecer que seu governo de fato não entendeu o significado do que está sendo dito nas ruas. A pauta das ruas não é o que está escrito nos cartazes, e muito menos nos excessos cometidos. A pauta é o isolamento do seu governo, o seu distanciamento do coletivo que define a nação. O fato mais concreto para a reversão disso seria que ela mostrasse por gesto, e não por palavras, que está disposta a dialogar com o conjunto da sociedade. O primeiro passo para mostrar à sociedade que o estado de direito deve ser assegurado, seria ela convocar os outros poderes, as instituições com representatividade histórica (OAB, ABI, CNBB, Centrais sindicais, etc), e na casa do povo, que é o congresso, com os representantes eleitos, fazer o chamamento para que se reabra o dialogo. Mostrar à sociedade que é ali que se deve promover as transformações. Nesse ato, já criar um grande grupo para sentar à mesa e discutir as demandas dos movimentos. E com poder executivo, claro, porque não adianta nada ficar somente nas conversas de corredores! Tem que se mostrar resultados para que a sociedade de fato venha acreditar que as mudanças estão sendo feitas. Ela não falou nada que possa trazer à nação um novo alento, muito pelo contrário se pautou em marcar apenas os excessos do movimento, legitimando o discurso conservador que quer aproveitar-se desse fato para criminalizar todo o movimento. Se utilizou de um soberbo ufanismo para resguardar a realização da copa. Sinalizou com a reforma politica, cuja urgência, de há muito o seu governo olvidou. Tanto que foi justamente sua base aliada que manobrou para impedir a criação dos novos partido. Sinalizou com a melhoria do sistema de saúde, entretanto insiste com uma fórmula, apenas eleitoreira, a importação de médicos. A população sabe que o sucateamento dos hospitais não decorre da falta de médicos. E a maior contradição, nos dois governos de seu partido, foram criadas centenas de escolas médicas, o pais forma anualmente milhões de médicos, e porque eles se concentram nas grandes capitais? Por que o sistema tá errado, e que faltou planejamento estratégico para a interiorização. O seu governo faz ouvido de mouco à solução apontada pelo próprio CMFM, a criação da carreira de estado. Acho que todos nós brasileiros esperávamos mais, mas ficou claro que a urgência do governo não é a de uma grande parcela da população, que por natureza pensa no futuro, não como um dia longínquo, mas já no amanhã, a sua juventude.
Posted on: Sat, 22 Jun 2013 03:14:01 +0000
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