ACREDITO QUE AS MAIORES LIÇÕES VÊM COM AS MAIORES DECEPÇÕES E AGORA, COM OUTRAS LEITURAS Assim, pedi para um docente em licenciatura, com formação na área de educação fazer outra leitura aos fatos ocorridos. Não sei se ajuda, mas a leitura dele foi: Após análise do parecer da banca examinadora ao recurso, chega-se facilmente às seguintes conclusões: Os parâmetros de correção seguem a mesma linha de correção para vestibular, uma vez que neste se espera que o candidato domine os recursos que regulem a escrita, apresente uma idéia e a defenda na modalidade padrão escrita da língua portuguesa. O que nos leva a essa suposição é a insistência por parte da banca sobre a falta de OUTRAS LEITURAS. Qual é o referente do anafórico “outras”? Qual a leitura principal, já que é necessário outras? Não seria por um acaso a leitura da coletânea apresentada no vestibular? Como o vestibular da UNEMAT apresenta uma coletânea sobre o tema, é fácil supor que o candidato, além de usá-la, deve apresentar outras leituras que demonstrem domínio do tema abordado, o que provavelmente elevaria a nota do vestibulando. O uso desse anafórico confirma o uso de um critério de correção de vestibular em um concurso docente. Além da exigência de outras leituras - que nos remete a um parâmetro de correção de vestibular - acrescenta-se ainda a expressão “abordagem superficial ao tema” e a necessidade de “opinião crítica” na conclusão, critério de avaliação inclusive no ENEM. O que se questiona aqui é a eficiência de um parâmetro de vestibular para avaliação de um texto em um concurso docente, pois quem se prepara para uma avaliação em que são apresentados, com antecedência, os temas procura, acima de tudo, ler obras especializadas, mas, a considerar a resposta ao recurso, em momento algum foi considerado domínio teórico e metodológico do tema apresentado, parâmetro fundamental para avaliar alguém que pretenda fazer parte do corpo docente de uma Instituição de Ensino Superior. O parâmetro de um vestibular em um concurso docente leva-nos a outros questionamentos sobre a lisura e equidade no processo: é de conhecimento geral que corretores de vestibular recebem treinamento antes da correção, chegando mesmo a serem excluídos do processo caso não sigam os parâmetros. Em caso de disparidade de nota, normalmente a prova é avaliada por um terceiro corretor. Caso a disparidade não seja grande (a diferença varia de uma instituição para outra) predomina a maior nota. Como ocorreu o processo nesse caso? Apenas dois avaliadores deram o parecer e, em alguns casos, havia disparidade de 100 %. Já que os parâmetros são claramente os mesmo de um vestibular, os candidatos têm o direito de saber o procedimento nesse concurso, do qual participaram pessoas de que não se devia esperar apenas domínio da estrutura dissertativa e da modalidade padrão escrita, mas, sobretudo, domínio teórico e metodológico. Isso significaria um recorte, delimitação do tema (objeto em linguagem acadêmica) na introdução, análise à luz de uma teoria no desenvolvimento (considerando as divergência teóricas nas ciência humanas, apenas o domínio deveria ser observado e usado como critério de correção e não a adesão a uma ou outra teoria) e, na conclusão, uma resposta ou resumo do recorte. Questiona-se aos avaliadores de um concurso para docente, se observaram que os parâmetros não correspondem às habilidades esperadas em um ambiente universitário, em que deve haver foco no ensino, pesquisa e extensão (os dois primeiros foram nitidamente negligenciados). O último critério apresentado no parecer diz respeito a aspectos fonéticos, morfológicos, semânticos, sintáticos e estilísticos. Esse critério é de domínio apenas dos professores de Letras. Havia um linguista em cada banca? Caso não houvesse, será que professores formados nas áreas de exatas, biológicas, informática, medicina humana e veterinária, ciências agrárias, construção civil e etc teriam condição de avaliar quanto a esse tópico? Acreditamos que não.
Posted on: Tue, 12 Nov 2013 17:53:27 +0000
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