AS TRÊS GRANDES AMEAÇAS PARA A HUMANIDADE NO SÉCULO - TopicsExpress



          

AS TRÊS GRANDES AMEAÇAS PARA A HUMANIDADE NO SÉCULO XXI Fernando Alcoforado* A humanidade se defronta com três grandes ameaças. A primeira, de natureza econômica, é representada pela crise geral do sistema capitalista mundial que tende a conduzir o mundo à depressão com a falência dos governos, a quebradeira de empresas, o desemprego em massa e até mesmo uma nova conflagração mundial como já ocorreu no século XX com a 1ª e a 2ª Guerra Mundial. A segunda ameaça, de natureza ambiental, é representada pela exaustão dos recursos naturais do planeta, pela escassez da água, pelo crescimento desordenado das cidades e pela catastrófica mudança climática global durante o século XXI resultantes do modo de produção capitalista e do aumento desmesurado da população planetária que tende a produzir graves repercussões sobre as atividades econômicas e o agravamento dos problemas sociais da humanidade, bem como o advento de conflitos internacionais. A terceira ameaça, de natureza geopolítica, é resultante de quatro grandes conflitos internacionais que podem dar início à 4ª Guerra Mundial: 1) O conflito Estados Unidos- China; 2) O conflito Israel- Palestina; 3) O conflito Israel- Irã; e, 4) O conflito Potências Ocidentais- Síria. Quanto à 1ª ameaça, é importante destacar que as principais economias do mundo evidenciam declínio no PIB (Produto Interno Bruto) de 1980 a 2010 todas elas tendendo para a estagnação. À exceção da China, o PIB dos demais países apresenta declínio ou estagnação econômica. A economia mundial caminha celeremente para a depressão porque, além da crise profunda que atinge a União Europeia, os Estados Unidos não apresentam sinais de recuperação e a China mostra sinais evidentes de desaceleração. A crise mundial atual é pior do que a de 1929-1933, porque é absolutamente global. O sistema financeiro internacional já não funciona mais. Um fato indiscutível é que o Consenso de Washington morreu e haverá depressão que durará por muitos anos. Além disso, esta depressão pode levar a um novo sistema mundial. Há que se redesenhar tudo em direção ao futuro. Sobre a segunda ameaça (ambiental), cabe destacar que a humanidade já consome mais recursos naturais (água, petróleo, minérios, etc.) do que o planeta é capaz de repor. O consumo médio da humanidade disparou, mas o crescimento da riqueza se deu à custa do esgotamento dos recursos naturais do planeta. O ritmo atual de consumo é uma ameaça para a prosperidade futura da humanidade. Nos últimos 45 anos, a demanda pelos recursos naturais do planeta dobrou, devido à elevação do padrão de vida nos países ricos e emergentes e ao aumento da população mundial. Quanto às cidades, é importante observar que elas se tornaram o principal habitat da humanidade. Pela primeira vez na história da humanidade, mais da metade da população está vivendo em cidades. Esse número, 3,3 bilhões de pessoas, deve ultrapassar a marca dos 5 bilhões em 2030. Grande parte dos problemas ambientais globais tem origem nas cidades o que faz com que dificilmente se possa atingir a sustentabilidade ao nível global sem torná-las sustentáveis (BEAUJEU-GARNIER. J. Geografia Urbana. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1980). Na conferência Planet Under Pressure, foi informado que cerca de 70% do dióxido de carbono expelido na atmosfera é proveniente das concentrações urbanas, e por isso a discussão sobre modelos de cidades sustentáveis é um dos temas centrais para combater as mudanças climáticas. Em 2010, a atividade urbana foi responsável pela emissão de 25 bilhões de toneladas métricas de CO2 na atmosfera, comparado a 15 bilhões em 1990. Se não houver alterações nesses padrões, esse índice será de 36,5 bilhões em 2030 (Ver População urbana vai quase dobrar até 2050 disponível no website ). Desde 1961, a quantidade de gases poluentes despejada pelo homem na atmosfera cresceu 10 vezes. Essa descarga acelera o aquecimento do planeta provocando secas, inundações, extinção de espécies e a possibilidade de elevação do nível dos mares de até 7 metros se ocorrer o degelo dos polos, da Groenlândia e das cordilheiras do Himalaia, dos Alpes e dos Andes da qual resultaria o desaparecimento de muitas ilhas e cidades litorâneas. A terceira grande ameaça é representada pelos conflitos Estados Unidos- China, Israel- Palestina, Israel- Irã e Potências Ocidentais- Síria que podem dar início à 4ª. Guerra Mundial. O primeiro grande conflito é o que colocará frente à frente os Estados Unidos e a China. O presidente Barack Obama lançou em 2012 uma nova estratégia militar global dos Estados Unidos que passará a se concentrar na Ásia-Pacífico para fazer frente à ameaça proveniente da China sem descurar a ameaça do Irã no Oriente Médio. (Ver o artigo Nova estratégia militar global dos Estados Unidos de Ruiz Pereyra Faget publicado no site port.pravda.ru/mundo/11-01-2012/32735-estrategia_eua-0/). Por sua vez, a China promove rápida modernização das forças armadas cujos gastos militares vão ultrapassar os orçamentos combinados das doze outras grandes potências da Ásia-Pacífico totalizando 232,5 bilhões de dólares (Ver o artigo do Le Monde La Chine développe son armée à marche forcée publicado no site ). O conflito Israel- Palestina coloca em confronto os interesses de dois povos: o palestino e o judeu pela ocupação do mesmo território em disputa. Os palestinos querem estabelecer um Estado Palestino soberano e independente e Israel quer salvaguardar seus interesses a todo o custo. Apesar da devolução da faixa de Gaza e de partes da Cisjordânia para o controle palestino, um acordo final ainda precisa ser estabelecido. Para isso, é preciso resolver os principais pontos de discórdia, que são o status de Jerusalém e o destino de refugiados palestinos e de assentamentos judeus. O conflito Israel- Irã, por sua vez resulta do fato de Israel pretender evitar que o Irã se transforme em uma potência nuclear que possa ameaçar sua sobrevivência como nação. No artigo de Lluís Bassets sob o título O mundo está prestes a entrar em guerra, publicado em 03/02/2012 no jornal El País da Espanha, é informado que Israel está na iminência de desencadear contra o Irã bombardeios de precisão realizados por aviões não tripulados e por bombardeiros carregados com obuses perfuradores com o objetivo de eliminar o perigo nuclear iraniano. Os Estados Unidos e a União Europeia apoiarão Israel, enquanto a Rússia e a China apoiarão o Irã. O conflito entre as potências ocidentais e a Síria faz parte de um xadrez geopolítico muito delicado porque é um país aliado do Irã, junto com quem patrocina movimentos terroristas extremamente agressivos, como o Hezbollah e o Hamas em oposição ao Estado de Israel. A Síria não é o alvo final. A queda do regime da Síria tem como objetivo conter o fortalecimento do Irã, cuja capacidade de produzir armas nucleares o tornaria praticamente inatingível no Oriente Médio e o transformaria numa potência regional em condições de controlar a região detentora das maiores reservas de petróleo do mundo. Enfim, é tudo isso que está em jogo. Tudo leva a crer que na ausência de um governo mundial que seja capaz de mediar os conflitos, a humanidade tende a uma regressão à barbárie e ao comportamento cruel. Para evitar este cenário catastrófico, é preciso que todos os governos de todos os países do mundo celebrem um contrato social planetário que possibilite o desenvolvimento econômico e social sustentável e o uso racional dos recursos da natureza em benefício de toda a humanidade. *Fernando Alcoforado, 73, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona, tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (P&A Gráfica e Editora, Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011) e Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), entre outros.
Posted on: Fri, 30 Aug 2013 02:41:02 +0000

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