Acabo de ler uma matéria sobre como o Ademar de Barros acabou com o trem que ia até o Jaçanã, por ser um símbolo do atraso. O curador do museu lembra dos tempos em que suas roupas ficavam queimadas pelas fagulhas daquele antigo meio de transporte. Algumas décadas depois, a fumaça dos automóveis parecem mandar uma mensagem de que o futuro talvez não fosse assim tão brilhante como os discursos pomposos da época. Aos que ficaram, resta conviver com os erros cometidos nessa busca cega pelo novo. No fim das contas, interesses econômicos se escondiam por trás do discurso encantador dos benefícios do progresso. O que me causa mais estranhamento é que, no que diz respeito à educação, essa lógica parece continuar imperando. O discurso do progresso continua a encantar com a promessa de um futuro melhor. Para alcançar nosso prêmio, basta que tenhamos coragem de romper o passado empoeirado das salas de aula, estas instituições terríveis de conformação social e de produção de mão de obra barata. Ganha força o discurso da desescolarização, que por trás da fala mansa e das palavras vazias, esconde a promessa de um negócio bem lucrativo. "Vamos acabar com as escolas, eduquem seus filhos em casa. Nós temos uma equipe de primeira pronta pra te ensinar como ensinar seus filhos no conforto do seu lar". Se as consequências de se cobrir as linhas de ferro com asfalto não são tão perceptíveis, tenho minhas dúvidas de que o mesmo se passe em relação à educação escolar.
Posted on: Thu, 29 Aug 2013 02:22:49 +0000
Trending Topics
Recently Viewed Topics
© 2015