Ai meu deus, será que é bom ser vida loka? Sabe, às vezes eu penso e olho pro mundão. Olho devagar pra não desaperceber nada e me pergunto o que mais tem valido à pena ou o que eu não tenho entendido. Eu sou aquele tipo bixo loko que quer o mundo como ele é e se apresenta. Eu quero o mundo para concebê-lo, engoli-lo e caga-lo, mas sei-la, muita coisa tem sido de difícil digestão. Eu estava prestando atenção na rapaziada ao lado de casa escutando funk, estava rolando a música “Como é bom ser vida loka”. Nada contra mesmo as festas que esta galera promove ou o estilo musical, eu sou contra o que o Estado, por meio da policia, tem feito, itso é, constantes batidas na intenção de dispersar as reuniões desta galera, que chega a somar mais de 1.000 pessoas por evento. É algo completamente inusitado, música até o talo no carro de alguém, uma batida de qualquer coisa que contenha álcool ou que pelo menos atravesse a mente e gente pra se pegar. Quer ver a vida acontecer, cola nestes ambientes. Mas o Estado não gosta, periferia é para “pessoas de bem e trabalhadoras” como se as mesmas pessoas que frequentassem estas festas, no outro dia pela manhã, não saíssem com a velha e companheira marmita. Um conselho para o Estado: é preciso estar alucinado para manter esse ritmo. No entanto, o que me preocupa é outra coisa. Não sei o que as letras refletem exatamente. Eu sou da época em que ser vida loka era ser bandido ou contrariar as normas, é o ladrão que rouba, mas tá ligado da responsa. A primeira vez que o termo me impactou foi com os Racionais MC’s. Vida loka para os Racionais refere-se aos da quebrada, os que vem sobrevivendo no inferno e contrariando as estatísticas. É a galera que não quer sofrer, é a galera ciente de todos os infortúnios presentes nas periferias, mas nem por isso vira verme ou “Zé Povinho”. O termo vida loka na música do MC Rodolfinho é de um cara desmedido, é do cara que tem pra gastar, e que compra qualquer um, tudo é mercadoria. Não que dinheiro não tenha sido feito pra gastar, acho que é por isso que lutamos, pra poder ter uma grana também, mas a questão está avessa, uma coisa é ter grana para alcançar determinados objetos, outra coisa é querer fazer de tudo um simples objeto ao alcance da grana. Me lembro do finado Bezerra da Silva que nos seus shows perguntava se na plateia tinha malandro. Tinha uma galera que sempre respondia, e ele dizia, “vocês não são malandro nada. Malandro que é malandro não se entrega.” Então eu me pergunto: “Ai meu deus, será que é bom ser vida loka?” TEXTO FEITO POR RONI
Posted on: Sun, 06 Oct 2013 01:17:20 +0000
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