Ainda sobre a Europa. "Mundo, mundo, se eu me chamasse - TopicsExpress



          

Ainda sobre a Europa. "Mundo, mundo, se eu me chamasse Raimundo Seria uma rima, mas não seria uma solução". Em minha última noite em Madrid, caminho em direção à Puerta del Sol. A arquitetura fabulosa e cheia de arestas reveladas pelo sol que se punha capturava minha atenção de modo que me perdi numa bifurcação. Pergunto, primeiro em espanhol, a um turista típico - camisa coloridíssima, bermuda, sapato com meias soquetes - se estou na direção certa. Quando olho melhor, percebo que ele é típico demais. Gordo, ruivo - quase albino, na verdade - óculos de lentes grossas, ele olha pra um mapa, tenta localizar o ponto de origem e de destino e, sem dizer palavra, me mostra a direção. Puxo assunto, agora falando em inglês, e ele me abre um sorriso largo, simpático e amistoso e segue comigo em direção à Puerta. Me conta que era professor, que não fala bem espanhol e, surpresa, que é da Bielo-Rússia. Diz que juntou durante um tempo o dinheiro da viagem, mas que não tinha companhia; que compra souvenirs em toda parte pra se lembrar de onde esteve e dividir com os poucos amigos que tem. Fico com pena dele. Agora, ele me segue por toda parte - encontrou alguem com quem conversar, eu acho - mas, subitamente, nossos destinos separam-se e eu o deixo com sua cara simpática e quase patética e sua camisa de gosto duvidoso de turista de filme americano. Fico pensando durante um tempo em sua cara tragicômica, em sua solidão e fico tentado a voltar e andar mais um pouco com meu amigo da ex-URSS. O mundo globalizado aproximou culturas, mas ainda somos ilhas solitárias. "Mundo, mundo, vasto mundo. Mais vasto é meu coração".
Posted on: Sun, 28 Jul 2013 19:17:36 +0000

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