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Ainda sobre partidos (e por qual razão eles definham). Na eleição municipal de 2012, conferi meu voto para vereador de Belo Horizonte num candidato do PSDB. Ele não ganhou, embora tenha feito uma campanha que muito me agradou. A ele ficou reservada a vaga de sétimo suplente do partido. A coligação que disputava vagas na Câmara Municipal unia PSDB-PR. Contados os votos na urna, pelo sistema proporcional, foram eleitos 3 vereadores do PSDB, inclusive com os votos conferidos a outros candidatos não eleitos. Meu voto está nesse segundo bolo. Uma vez que o sistema é proporcional, esses três vereadores do PSDB não representavam apenas aqueles que haviam votado no trio, mas todos aqueles que votaram na coligação! É claro. Ocorre que faltando um ano para a próxima eleição, dois desses três vereadores se desfiliaram do PSDB, restando ao partido (e consequentemente à coligação que os elegeu) apenas um representante na Câmara Municipal. 1 em 41. 1 em 41! O terceiro menos votado entre eles... Não vou entrar no mérito interno da desfiliação. Como não faço mais parte do PSDB desde 20 de maio de 2013, não creio que deva emitir opinião a respeito. Eles que são tucanos que se entendam (sempre quis usar essa frase!) Já ouvi versões que somam-se. Para não perder a oportunidade de ser quem sou, apoio-me em uma história do nosso folclore político... -o- Graciliano Ramos, em certa oportunidade, ia conversando com Joel Siqueira: - Olhe, Joel, descobri o mal do Brasil. O mal do Brasil é que não temos um golfo. O golfo é nosso problema. Todo país do mundo que se respeita possui um golfo. Os Estados Unidos possuem o Golfo do Alaska, a Rússia detém os golfos do Polo Norte inteiro, até o Vietinã possui o Golfo do Tonkim. No mundo antigo, a Pérsia só foi importante pois tinha o Golfo Pérsico! O Brasil não! Não temos golfo nenhum! - E não podemos fazer nada! - lastimou Joel Siqueira. - Podemos sim! - retrucou Graciliano. Podemos arranjar um golfo. É só cavar Alagoas e Sergipe e jogar no mar e teremos um golfo espetacular. Um dos maiores do mundo! Daí em diante, estarão solucionadas todas as nossas angústias de país subdesenvolvimento! -o- Deixando o golfo de lado e voltando ao assunto mais político do que geográfico, pergunto: como eu fico enquanto eleitor? Chupando dedo, é claro. Se a representação não é distrital, vi meu voto praticamente virando o nada, oras. Enquanto eleitor, simplesmente não fez sentido escolher pelo partido. Enquanto eleitor, simplesmente não fui respeitado. Se ainda fosse militante partidário, certamente iria angariar mais uns adversários internos na legenda por deixar claro para dentro e para fora de que minha opinião é que isso não se faz. E colecionar adversários por ser coerente sempre foi um prazer pessoal. Não sou mais militante partidário contudo. Se ainda fosse militante partidário, iria acionar as instâncias do partido, mesmo sabendo que isso não daria em nada, afinal de contas, institucionalidade interna é algo que ainda estou procurando numa das 32 legendas brasileiras... Não sou mais militante partidário contudo. Se ainda fosse militante partidário, iria estimular muito os suplentes a fazerem o que deve ser feito dando de ombros para os caciques! Até por que o segundo suplente é alguém que sempre contou com minha admiração por ser um militante exemplar dotado de coerência sem igual. Sem falar que a ele devo respeito e gratidão. Não sou mais militante partidário contudo. Se ainda fosse militante partidário, eu iria me perguntar onde e o que estaria fazendo a juventude partidária municipal, entidade que já presidi, que poderia botar a boca no trombone para fazer diferença. Não sou mais militante partidário contudo. Como eu não sou mais militante partidário, confesso que essas pequenas coisas que corroem os alicerces de um partido não me incomodam tanto. Agora, enquanto cidadão, digo a vocês que isso, embora pequeno, é muito lamentável. É lamentável pois é o filete de água que vira rio e desagua num oceano de cenas ridículas na política brasileira. Sigo em frente, ainda que não seja mais militante partidário, fazendo o que posso para mudar essa realidade. Isso é o dever nosso de cada dia.
Posted on: Tue, 22 Oct 2013 12:53:34 +0000

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