Alcuin - O Educador Introdução No século VIII, o tempo em que - TopicsExpress



          

Alcuin - O Educador Introdução No século VIII, o tempo em que Alcuin viveu, a Europa se encontrava em um estado lastimável. No século V o Império Romano caiu diante das hordas bárbaras que se espalharam na Europa, e a antiga cultura greco-romana do Império Romano foi destruída. Em seu lugar, as itinerantes tribos militantes de bárbaros incivilizados habitaram a Europa, e uma grande escuridão se estabeleceu no continente. Embora por volta do século VIII uma grande quantidade de trabalhos missionários tenham sido realizados, a Europa permaneceu, na sua maioria, sob o controle dos analfabetos pagãos supersticiosos, que tinham eliminado todo a aprendizado e reduziram a Europa ao caos. Não era como se o trabalho missionário não tivesse sido feito em anos anteriores, mas os bárbaros, que migravam e lutavam constantemente, fizeram com que o trabalho fosse e voltasse como a maré do mar. Os reis mais poderosos encontravam-se no que hoje é a França. A Dinastia Merovíngia governava lá, ela não era poderosa segundo nosso padrão atual, mas a mais forte dentre todos os bárbaros. Embora as fronteiras nacionais não tivessem sido estabelecidas ainda, o poder dos reis da França se expandiu na maior parte do que hoje é a França, e na Alemanha. Contudo, esta dinastia foi forçada a sair do poder pela intriga papal e a conivência dos altos oficiais do reino. A Dinastia Carolíngia tomou seu lugar. O maior governante dos carolíngios foi Carlos o Grande, mais conhecido como Carlos Magno. Ele foi o fundador e o primeiro governador do Sacro Império Romano - que algum historiador cômico caracterizou como não sendo nem santo, nem romano e nem mesmo um império. No entanto, o Sacro Império Romano foi importante, pois este era a realização dos sonhos papais: um império político sob o domínio e controle do bispo de Roma, o papa. Alcuin era o educador deste reino durante o tempo de Carlos Magno. Início de Sua Vida Alcuin nasceu na Inglaterra no ano de 735, no condado de York - hoje conhecido como Yorkshire - perto da cidade de York, onde hoje se encontra uma das grandes catedrais da Inglaterra, Yorkminster. Nascido numa família real, ele ficou órfão na infância, porém foi o herdeiro das muitas posses de seus pais. Por causa da morte prematura de seus pais, ele foi entregue ao monastério de York, já conhecido então como Yorkminster. Ali ele foi bem cuidado pelo prior21 Ethelbert, que foi também seu professor. Alcuin logo mostrou sinais de sua grande capacidade e tornou-se um dos favoritos do prior Ethelbert. Ele provavelmente recebeu a melhor educação disponível da Inglaterra na época, pois o monastério em York possuía um das maiores bibliotecas de todo o reino. Ela continha manuscritos dos pais da igreja e de antigos autores romanos, e possibilitou com que Alcuin acessasse ao pensamento clássico romano como também a teologia da igreja. Alcuin encontrou-se em um paraíso literário e devorou avidamente cada pergaminho que ele podia encontrar. Ela não somente era a melhor biblioteca da Inglaterra, mas o próprio Ethelbert era um grande amante de livros. Periodicamente ele viajava aos monastérios da Europa e a outros centros até o sul da Itália, para procurar por livros. Ele tinha os recursos financeiros disponíveis para gastar uma grande soma de dinheiro na aquisição de livros que, em sua opinião, engrandeceriam a importância de sua biblioteca em York. Quando Alcuin já era um pouco mais velho, ele passou a acompanhar seu mestre nessas viagens e Alcuin ganhou um respeito adicional por causa do amplo conhecimento, da erudição e do infalível instinto por bons livros de Ethelbert. No ano de 766, Ethelbert tornou-se arcebispo de York e Alcuin tornou-se o diretor da escola do monastério, responsável pela educação oferecida ali. Ele serviu com excelência nesta posição por quinze anos. Em 780, Ethelbert foi premiado com o pálio e Alcuin foi enviado a Roma para buscá-lo. O pálio era um traje, parecido com um jugo, usado sobre os ombros, este indicava que a pessoa que o usava tinha uma coparticipação no escritório pontifício. Em tempos mais recentes, todos os arcebispos requerem e recebem um por causa da sua função, mas nos dias de Alcuin esta era uma condecoração de honra. A incumbência de Alcuin era um grande privilégio. Enquanto ele estava em Roma, ele se encontrou com Carlos Magno em uma reunião que mudaria sua vida por completo. No contexto monástico, prior é aquele que governa uma abadia - uma comunidade monástica. O Trabalho de Alcuin na França Carlos Magno era um dos grandes reis da Europa. Ele era um homem monstruosamente enorme - 2,13 metros de altura - e era tão grande que precisava um cavalo especial para carregá-lo. Ele era um poderoso homem de guerra que travou muitas batalhas contra os saxãos da Alemanha e que por fim, subjugou-os, forçando-os a tornarem-se cristãos sob penalidade de morte. Ele concedeu a dois mil saxãos a escolha de serem batizados ou perderem suas cabeças. Não é difícil de supor qual escolha os saxãos preferiram. Carlos Magno era um homem estranho, com um caráter complicado. Ele era amigo da igreja e, aparentemente, um membro piedoso e fiel. Lê-se em um de seus decretos: É necessário que cada homem procure o melhor de sua força e habilidade para servir a Deus e andar nos caminhos de Seus preceitos; pois o senhor imperador não pode vigiar cada homem em sua disciplina pessoal. A vida privada de Carlos Magno, no entanto, deixou muito a desejar. Ele misturou em seu caráter uma disposição generosa com um ódio assassino e brutal para com seus inimigos. Ele tinha quatro esposas e várias concubinas; e vivia sem moderação. Ele mesmo nunca foi plenamente alfabetizado, embora tenha lutado muito para aprender a ler e escrever. Em seu reino ele inaugurou estradas, prestou atenção aos mínimos detalhes do império, introduziu uma ordem estabelecida no reino e trouxe muitas tribos diferentes de bárbaros a uma união política e econômica. Seu maior interesse era na educação. Ele reuniu junto a si os eruditos mais competentes da Europa e ordenou a educação a todos os homens dentro do seu reino. Foi em conexão com esta última ordem, que ele persuadiu Alcuin a vir à França e ajudá-lo em seus empreendimentos educacionais. Carlos Magno estabeleceu, o que podemos provavelmente chamar de, uma corte escolar, na qual Alcuin era o diretor. O próprio Carlos Magno, os membros da família real e a corte vieram para esta escola. Ali, Alcuin iniciou seu importantíssimo trabalho de trazer a educação aos bárbaros da França. A corte de Carlos Magno era uma corte migratória, movendo-se de um lugar para outro conforme Carlos Magno travava suas batalhas contra os saxãos, pois ele procurava trazer um governo eficiente para seu império. Este constante movimento deu a Alcuin a oportunidade de trabalhar no estabelecimento de escolas por toda França e partes da Alemanha, algo no qual ele foi muito bem-sucedido. De 781 a 790 ele ocupou-se neste trabalho. Pelo fato dele sempre ter tido interesse por livros, ele foi 77 fundamental na construção de bibliotecas a onde estivesse, trazendo para suas escolas importantes obras valiosas de toda a Europa. Em 790, Alcuin voltou para a Inglaterra, mas retornou para a França em 796, estabelecendo-se em Tours, onde ele inaugurou uma famosa escola monástica e construiu uma extensa biblioteca. Ao dirigir esta escola, ele não desenvolveu apenas teorias educacionais mas também supervisionou a cópia de manuscritos antigos, incluindo os da Bíblia. Estes últimos tornaram-se parte do grande corpo de manuscritos, os quais formam a base para a versão King James da Bíblia em inglês. Ali ele morreu pacificamente no ano de 804. Seu Caráter Carlos Magno confiou em Alcuin de tal forma que todos os tipos de responsabilidades árduas e cansativas eram colocados sobre ele. Alcuin participou de diversas controvérsias doutrinárias; era constantemente procurado para aconselhamento em todo tipo de questões políticas; supervisionava diversas empresas imperiais e era convocado a se comprometer quase que ininterruptamente na pregação. Todas estas atividades eram mais do que ele poderia arcar e sua saúde estava severamente prejudicada. Isto pode muito bem ter sido uma das razões pela qual ele se retirou para a Inglaterra e somente retornou para a França quando poderia desfrutar a vida relativamente pacífica do monastério em Tours. Além de ser o herdeiro da fortuna de seu pai, Alcuin recebeu propriedades adicionais de Carlos Magno em agradecimento por todos os seus labores. A maioria de sua imensa fortuna foi utilizada no pagamento das despesas das escolas que ele construiu e na aquisição de manuscritos para preencher as bibliotecas. Ele era um reformador moral talentoso e foi fundamental para trazer moralidade e piedade aos monastérios e igrejas do Império de Carlos Magno. Ele foi um homem de caráter manso - disposto, paciente e humilde - e um estudante incansável. Ele dominava o grego, latim e hebraico, como também sua língua nativa e o francês bárbaro do Império de Carlos Magno. Ele constantemente protestava contra a decisão de Carlos Magno de forçar o cristianismo sobre o conquistado, no entanto com pouco sucesso. Carlos Magno estava demasiadamente embriagado com a ideia de que a cristianização dos pagãos - mesmo que na ponta da espada - era fidelidade à igreja. Muitas das obras de Alcuin ainda existem. Ele escreveu amplamente nos campos da exegese, teologia, liturgia, ética, biografia e educação. Quase trezentas de suas cartas ainda estão disponíveis, cartas estas, de grande importância para a compreensão da época em que ele viveu. Sua Influência na Educação As teorias educacionais de Alcuin, incluem uma ênfase sobre o conhecimento profundo dos clássicos de Roma, juntamente com um estudo dos pais da igreja e diversas obras teológicas. Este trabalho teve uma grande influência sobre a educação na Europa. Alcuin é realmente o pai do sistema educacional da Europa. Ele iniciou as famosas escolas monásticas, escolas que mais tarde, se transformaram nas famosas universidades da França. Suas teorias de educação e seu desenvolvimento do currículo, continuaram na Europa por centenas de anos e até hoje grande parte da educação deve suas ideias à Alcuin, o educador da França. Como a Europa foi gradualmente cristianizada sob os esforços da igreja papista, a educação tornou-se uma parte deste processo. É verdade que, depois de Carlos Magno, o Renascimento da França desapareceu e a França afundou em uma escuridão intelectual. O Império de Carlos Magno foi dividido entre os seus três netos, e o grande trabalho de Carlos Magno não perdurou. No entanto, a obra de Alcuin foi preservada nos monastérios, e o tempo de seu pleno florescimento veio quando a Europa emergiu da Idade das Trevas. Embora Roma estivesse realizando sua vontade na Europa, foi através da educação que a Europa se tornou cristã. A propagação do Evangelho trouxe os princípios do cristianismo aos bárbaros. Juntamente com este Evangelho, as forças da educação avançaram, pois o cristianismo sempre está vitalmente interessado na educação e considera a educação uma parte integrante de seu chamado. Quando a Europa foi civilizada através da educação, ela também foi cristianizada, e os princípios do cristianismo foram entrelaçados no fundamento de todas as instituições da sociedade. Desta maneira a Europa - e América, estabelecida por europeus - tornaram-se as nações cristãs que elas são. No propósito eterno de Deus, isto aconteceu através da educação. Nisto Alcuin desempenhou o papel principal.
Posted on: Wed, 16 Oct 2013 01:43:02 +0000

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