Amiga Dorotéia observe os antônimos Enviado por: - TopicsExpress



          

Amiga Dorotéia observe os antônimos Enviado por: FatimaCangussu FatimaCangussu Enigmático adeus Dom, 15 de Fevereiro de 2009 02:56 25 COMMENTS Crônicas - Crônicas Enviar por e-mail Um silêncio reticente pairava no ar. Só se ouvia o pulsar latente dos nossos corações retumbando harmonioso numa sala vazia. Permanecemos por algum tempo estáticos, inertes e entregues ao momento... Contemplávamo-nos mutuamente. Jamais imaginara que seria tão audaciosa. Contudo, dentre tantas outras necessidades físicas e emocionais, precisava estar ali, olhá-lo nos olhos e ouvir seu coração. Perdera por completo a razão. Não me sentira ofendida com as palavras rudes que dele recebera. Era merecedora de cada uma delas. Havia invadido sua vida e lhe importunado. Escrevera mensagens tolas e relatara desconfianças descabidas. Provocara nele uma fúria até então desconhecida e despertara-lhe seu eu perverso. E, conhecendo-o em demasia, pressupus que me ofenderia e menosprezaria sem restrições com o objetivo de afastar-me definitivamente de seu convívio. Mas, sabia de sua essência pura e generosa, já demonstrada por diversas vezes em outras ocasiões. Portanto, defronte dele, senti meu rosto enrubescer e as mãos a tremer. De repente o estado de torpor em que me encontrava fora interrompido por sua sonora gargalhada. Constato surpresa, principalmente pelo seu riso nervoso, que valera a pena todo o constrangimento ao qual me submetera. Desconcertada percebo que diante de mim estava um homem desnudado da couraça das letras que impusera a si mesmo. Descortinado da máscara de todos seus outros eu. Não usava de seus heterônimos. Era simplesmente ele mesmo, indefeso e vulnerável à minha intrigante e desafiadora presença. Nesse instante as palavras se fizeram desnecessárias. Nossas almas falavam por nós mesmos. Desejávamo-nos tanto quanto nos queríamos. Sabíamos que nos completávamos. Juntos seríamos o equilíbrio entre a sensatez e a insanidade, a genialidade e a tolice, a rispidez e a meiguice, a sabedoria e a ignorância, o brilhantismo e a insignificância, a tolerância e a impertinência, a excentricidade e a simplicidade, a arrogância e a humildade, a obscuridade e a transparência, o abstrato e o concreto, o convexo e o côncavo, o sentido figurado e a clarividência, a timidez e a ousadia... Ou apenas a ilusão da eterna magia, traduzida num imaginativo e enigmático adeus.
Posted on: Fri, 16 Aug 2013 17:07:35 +0000

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