Amizade Colorida - 14 Já fazia dois dias que eu não trocava uma palavra se quer com Luan. Era só coisa de trabalho, fora isso, mal nos olhávamos. E isso estava me matando, em tantos anos essa foi a nossa primeira discussão, Luan é meu amigo mas de vez em quando é preciso um puxão de orelha. Mesmo que custe nossa amizade. Amanhã teremos folga e cada um vai pra casa, Luan irá para Londrina. No quarto arrumava minhas malas, vou pegar o avião em meia-hora. Vasculhei o quarto todo pra ver se eu não esqueci nada, dó jeito que sou esquecida. Me despedi de todos,ou quase todos, Luan não veio falar comigo. Melhor assim, ou não. Peguei o táxi e fui pro aeroporto, no avião meus estavam longe, nem consegui dormir, me senti um pouco arrependida por ter falado daquele modo com Luan, mas agora já foi. Não adianta chorar pelo leite derramado. Depois de horas pousei em São Paulo, minha mãe me esperava no aeroporto. Quando nos vimos, choramos, corri e a abracei forte. _Que saudade minha menina - mãe beijou minha testa. _Também, também estava com muitas saudades mãe. - segurei suas mãos. _Vamos pra casa, preparei aquele bolinho de milho frito que você adora. - só de ouvir minha boca encheu dágua. _Mãe você é foda - risos. Fomos pra casa e o cheirinho de comida estava no ar. Que fome. Nem arrumei minhas coisas e já me sentei a mesa, comi tanto que quase passei mal. E como minha mãe estava de folga aquela tarde, aproveitei ao máximo seu colo. To carente. Já era umas nove da noite, e eu me preparava para dormir, fiquei cansada com a viagem. Tomei um banho me relaxante e coloquei uma calcinha branca de lacinhos e uma camiseta grande que mais parecia um vestido, gostava assim. Cai na cama e capotei. Abri os olhos devagar e me revirei na cama. Espreguicei e não ouvi nada, um silêncio. Sozinha em casa, minha mãe já foi para o trabalho. Levantei tropeçando e fui ao banheiro, fiz minhas higienes e amarrei o cabelo de coque. Fui até a cozinha, olhei no relógio, eram nove e meia da manhã do dia 16 de outubro. Preparei um achocolatado e peguei alguns pães de queijo, até isso minha mãe fez, linda. Liguei a tv e fiquei morcegando, de repente batem a minha porta. Abri e vi meu menino. _Vitor! - o abracei forte. Ele entrou e fechou a porta atrás dele. _Minha princesa que saudade - encheu meu rosto de beijos. _Também anjo - sorri e me afastei um pouco para lhe olhar. _Sua mãe me ligou pedindo pra que eu passasse o dia aqui com você, já vai ficar sozinha. _Ah ela é bem preocupada - sorri. _Você ta linda - me olhou de cima a baixo e sorriu. Percebi que estava com um traje mais íntimo. _Ah, eu - sorri tímida - Vou trocar de roupa. _Não, fica a vontade - deu um sorriso e me olhou com carinho. _Ta, valeu! Toma café comigo? - perguntei indo a cozinha. _Tomo sim. Preparei a mesma coisa pra ele, achocolatado e pão de queijo. Nos sentamos no sofá e ficamos assistindo tv e conversando. _E então - disse Vitor - Como anda lá na equipe? _Com a equipe tudo ótimo. Mas briguei com Luan. - suspirei. _Brigou? Por que? - me olhou surpreso. _Bom, foi assim... - contei pra ele tudo o que aconteceu, não vou repetir porque já sabem. Também não quero entrar em detalhes, to meio mal com tudo que aconteceu. _Meu Deus! - olhou pro chão estático. _Foi isso. _Esse cara é um idiota - disse Vitor sério. _Para, não fala assim do Luan - O enfrentei. _Desculpa, mas não gosto que ninguém brigue com você - alisou meu rosto e cabelo - Gosto de te proteger, até mesmo desse seu amigo. _Obrigada - sorri lhe olhando dentro de seus olhos verdes - Mas eu sei me defender. _Mas se precisar - disse numa voz suave - Vou estar sempre aqui. Vitor pegou em minha nuca e me beijou, depois de tempos senti novamente seus lábios macios tocarem o meu. Sua outra mão pegou em minha cintura e puxou pra mais perto de seu corpo, minhas mãos foram para seu pescoço e cabelo, aquele cabelo preto lisinho. O beijo cada vez mais forte, Vitor me apertava a cintura, minha respiração falhou. Mas preferi não dar vazão aos nossos instintos. _Vitor - falei num sussurro o empurrando de leve - Melhor parar por ai. _Me desculpe - me soltou respirando pesado - Desculpa Luna, não foi minha intenção. _Que isso, ta tudo bem - sorri para deixa-lo mais tranquilo. _É que eu - pegou em minhas mãos - Tava com saudades de você. _Eu também. Mas não sei se quero engatar algo a mais entre a gente. _Não eu sei, te entendo - sorriu acariciando meu rosto - Só não esquece de mim ta pequena? _Bobo - lhe dei um selinho - Nunca vou te esquecer. _Linda - deixei ele me dar mais um beijo. Não sei qual era a nossa relação, mas me senti bem com Vitor, aliás sempre me senti. Mas não quero nada, conversamos e ele disse que não faria mais isso, apesar que foi bom. Ele recebeu uma ligação de emergência la no hospital onde trabalha, e teve que me deixar. Fiquei sozinha novamente. Peguei meu tablet e fui ver as boas novas no twitter, e vi que estava a maior bagunça, tudo relacionado a Luan. Fui no seu twitter e descobri o que se passava. Em fim ele disse que estava namorando, não sei se eu influenciei nisso, mas pelo menos a verdade era dita. Fiquei horas observando os comentários, óbvio que as fãs gostariam que tudo não passasse de uma mentira, ou um sonho. Mas era a realidade. E pra fuder tudo briguei com meu melhor amigo e confidente, ai que falta que o Lu faz, queria ele aqui comigo como naquele dia. Me bateu um vazio quando me lembrei de nós dois, deu até vontade de chorar, mas segurei. Desliguei meu tablet e me deitei no sofá olhando pro teto, a todo momento seu rosto me vinha a mente. Que droga! _Para com isso, ele é só seu amigo. O que ta acontecendo com você Luna? - repetia isso na minha mente várias vezes. Ai minha cabeça ta uma bagunça, ultimamente não ando tendo nenhuma resposta concreta. Ai quer saber? Vou dormir de novo só assim eu tenho descanso. E assim foi, dormi até a tarde, já era umas duas horas e fui fazer alguma coisa pra comer. Na verdade pedi uma pizza e a devorei sozinha, coisa de gorda. Tenho que aproveitar, já que daqui a pouco nossa rotina volta com tudo, e depois de amanhã será gravado a premiação dos Meus Prêmios Nick, que será exibida no dia 24. Então bora trabalhar. No outro dia aproveitei ao máximo minha mãe, acordei até cedo pra tomar café da manhã junto com ela. Já até arrumei minhas malas, deixar tudo pronto pra não ter correria amanhã. [...] Mal cheguei no hotel e já teria que sair, toda equipe e banda pronta pronta para ir para o set de gravação. _Tudo pronto Roberval? - perguntei a ele. _Tudo certo. Luan veio correndo atrasado como sempre, atendeu algumas fãs que o esperavam e entrou na Van, sem nem olhar pra mim. Aliás quando cheguei hoje de manhã nem foi falar comigo. Fomos a caminho da premiação, todos ansiosos, querendo saber se ganharia ou não. Mas se depender das Luanetes o prêmio já é nosso. Chegamos para gravação, a banda afinava os instrumentos, enquanto eu e Roberval dava os últimos ajustes. Luan foi para o camarim para trocar de roupa. Eu e Testa ficamos no corredor conversando com uma galera da produção, de repente Luan abriu uma fresta da porta e me chamou com a mão. _Oi - entrei e fechei a porta. _Arruma minha gravata? - pediu com a gravata na mão. _Ta. Fui até ele, peguei a gravata e comecei a dar um nó, os dois em silêncio. Ninguém dizia nada, nem se quer se olhavam. _Ainda ta brava comigo? - Luan perguntou quebrando aquele silêncio terrível. _Agora não mais - Disse sem lhe olhar continuando o que estava fazendo - E você? _Também não. - respondeu, e o silêncio voltou. Voltei a gravata em silêncio. Ajudei ele a colocar o terno, e a última arrumada nó cabelo. Ficou perfeito, foi difícil disfarçar meu olhar sobre Luan. _Vou indo - quando peguei na maçaneta para sair, ele me chama. _Luna espera - me virei devagar pra ele - Obrigado. _Ah foi só uma gravata, e nem - me interrompeu. _Não é disso que eu to falando - deu dois passos em minha direção - É pelo puxão de orelha que me deu. _Ah - cruzei os braços acanhada e sorri de lado - Que isso, não foi nada. E desculpa se eu fui um tanto grossa com você. _Foi melhor assim - sorriu colocando as mãos no bolso da calça -Ai vem cá muié. Abriu os braços pra mim e fui em sua direção e Luan me puxou pra um abraço forte, senti um alívio quando vi que nos acertamos novamente. Ele me apertava contra seu corpo, que até podia sentir seu coração. _Não vamo brigar mais não ta? - me soltou segurando meu rosto e olhou em meus olhos. _Nunca mais, desculpa Lu - me senti culpada pelo que aconteceu. _Para, não precisa pedir desculpas - me puxou pra seu peito acariciando meus cabelos. CONTINUA...
Posted on: Sat, 02 Nov 2013 05:02:12 +0000
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