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Aprendendo com a dor ________________________________________ José Manuel Moran Há sentimentos, dores que pensamos ter superado e que afloram quando estamos desprevenidos ou ao reencontrar algumas pessoas, lembranças ou lugares. Pessoas que amávamos, nossa família que se desfez, filhos a quem não demos a atenção possível... costumam deixar seqüelas. Uma das maiores dores é a da perda do que poderíamos ter sido, se não tivéssemos feito mudanças. Na correria do dia-a-dia pensamos que já estamos em outra, que o passado ficou para trás. E, quando menos esperamos, a dor da perda sobe como um vulcão, explode e nos mostra como está viva, forte, pungente. • Muitos não se permitem experienciar a dor, deixar que ela se manifeste. Abafam-na para não sofrer mais. A dor se torna insuportável. É uma atitude complicada, que parece resolver, mas que na verdade só adia. Tudo o que ocultamos só nos complica, mais tarde se volta contra nós. • Outros vivem só lamentando suas perdas, lembrando só os momentos felizes, reinventando o passado. Vivem afundados nas lembranças como num pântano. Quanto mais lembram, mais afundam, mais lamentam as perdas, mais idealizam as situações, mais se culpam e culpam os demais pelos fracassos e menos consegue modificar o presente. • Uma atitude madura é reconhecer a dor, permitir que ela venha a tona, se expresse, sentir a dor, chorar, rever pessoas mentalmente, carinhosamente. Passada e explosão emocional, é importante mapear a dor, as situações que a causam, as pessoas envolvidas. Procurar compreendê-la como manifestação da nossa complexidade, busca, contradições, perdas, desejo de realização. E tentar aceitar de forma mais autêntica tudo que significou esse passado, com suas alegrias e tristezas, como uma parte rica das nossas vidas. Procurar olhar de um forma nova, mais carinhosa, condescendente, afetuosa para tudo o que nos magoou. Não vale a pena ficar remoendo, lamentando as perdas, xingando as pessoas. Tentar incorporar tudo isso ao nosso cotidiano e, se possível, tentar falar, agir de uma forma diferente com aquelas pessoas envolvidas, primeiro dentro de nós, depois se as encontramos. Mostrar que crescemos, que vemos agora o mundo de uma forma mais carinhosa e a elas também. A releitura afetiva, compreensiva, do passado é uma das condições de crescimento e realização. Se a vida nos permite, podemos mostrar a essas pessoas ligadas ao nosso passado que as vemos de uma outra forma, que valeu a pena - mesmo não tendo dado totalmente certo - que conseguimos enxergá-las de outra forma agora e que incorporamos o passado ao nosso presente. Aprender com o passado é um dos caminhos necessários para poder vivenciar o presente e ampliar nossos horizontes. Muitas pessoas aparentemente superaram o passado, mas ele está aí, agindo teimosamente como um câncer que destrói invisivelmente nossas células. Se, mesmo com a atitude de compreensão e aceitação do passado, ele teima em voltar, sofrido, podemos retomar o processo de deixá-lo se manifestar, de aceitá-lo e incorporá-lo ao nosso momento presente. Tudo o que foi importante para nós não o esquecemos. A forma como o olhamos e nos relacionamos com ele condiciona nossas possibilidades de realização no presente e no futuro. Fabio M de Oliveira - Psicanalista Clinico.
Posted on: Tue, 08 Oct 2013 23:54:17 +0000

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