As Polacas - Flores do Lodo” “As Polacas - Flores do Lodo” - TopicsExpress



          

As Polacas - Flores do Lodo” “As Polacas - Flores do Lodo” mistura história e ficção para retratar a situação dessas mulheres no Rio de Janeiro, então capital do país O escritor Moacyr Scliar (1937- 2011) foi pioneiro em abordar na sua literatura um assunto que, por muitos anos, foi negligenciado pela comunidade judaica no Brasil: a existência das “polacas”. Com a obra de ficção “O Ciclo das Águas” (1975), o gaúcho se tornou o primeiro autor judeu brasileiro a ir contra um tabu que cercou essas mulheres por mais de cem anos, desde que chegaram da Europa Oriental, em meados do século XIX. Quase 40 anos depois, caminhando sobre um terreno já menos tortuoso, porém não menos fértil, quem também se debruçou sobre o assunto foi o dramaturgo João das Neves. Ele escreveu e dirigiu o espetáculo “As Polacas - Flores do Lodo”, que faz duas apresentações em Belo Horizonte no próximo fim de semana (dias 29 e 30), no Sesc Palladium. Fugindo de uma realidade de miséria e perseguição religiosa no velho continente, as polacas eram moças judias que, em muitos casos, se deixavam seduzir por agenciadores cujas promessas davam a entender que encontrariam pretendentes a maridos nas Américas, que as tirariam da situação de precariedade. Contando apenas com a decepção e o despreparo ao chegarem e se descobrirem enganadas, a maior parte delas não tinha alternativa senão a prostituição. A peça de João das Neves, misturando história e ficção, retrata a situação dessas mulheres no Rio de Janeiro, então capital do país. “Elas acabaram indo parar na região do Mangue e Praça Onze, onde viviam famílias judaicas abastadas e ex-escravos muito pobres. E foram hostilizadas pelos dois grupos, por representarem concorrência indesejada às prostitutas locais e uma imagem ruim aos outros judeus, que por muitos anos se recusaram inclusive a falar no assunto” explica o autor. Em cena, pode-se ver o encontro das prostitutas negras e judias, em meio a muito a samba, polca, maxixe, milonga e músicas judaicas. “No momento que elas se veem concorrendo umas com as outras, há um embate, mas em seguida, cria-se uma solidariedade grande entre algumas”, conta João das Neves. Além disso, numa história sem ordem cronológica precisa, acompanhamos toda a miríade de dificuldade pelas quais as polacas passaram. O apoio mútuo entre elas, por sua vez, foi o que possibilitou sua sobrevivência. Juntas, fundaram a Associação Beneficente Funerária e Religiosa Israelita que, além de terem construído o Cemitério Israelita de Inhaúma, o primeiro cemitério judaico do Rio de Janeiro e ajudado a promover a cultura e religião judaica no país. Ativismo Um dos fundadores do Grupo Opinião, que promovia o teatro de protesto e de resistência nos anos 1960, João das Neves acredita no potencial transformador de toda atividade artística, sobretudo as coletivas, baseado na capacidade de discutir a sociedade. “Não é de agora, é desde quando era feito na Grécia, que o teatro tem esse potencial transformador. Porque ainda que as tramas sejam fictícias, trabalha-se essencialmente com a realidade”, afirma. Ele vê com muito bons olhos o momento de efervescência de manifestações pelas ruas do Brasil. “Eu acho tudo isso maravilhoso, porque essas ferramentas como Facebook e Twitter, que são utilizadas para mobilização das pessoas, embaralham completamente a ideologia dominante. Esse é o momento ideal para rediscutirmos profundamente os caminhos do nosso país” declara. Espetáculo: As Polacas - Flores do Lodo teatro Guairinha 20 e 21/07
Posted on: Fri, 19 Jul 2013 17:27:29 +0000

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