As melhores análises sobre as refregas das ruas nos últimos dias - TopicsExpress



          

As melhores análises sobre as refregas das ruas nos últimos dias e seu noticiário passam pelo olhar nada suspeito de Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa. Em dois comentários, "O que querem os manifestantes", de ontem (11/6) e "Rebeldes sem causa", de hoje (12/6), ele vai na jugular do problema, que vai muito além da questão das tarifas e da baderna. Estamos diante de um movimento nascido, sim, na classe média asfixiada pela situação econômica, mas que é incontestavelmente novo, rompendo o marasmo das gerações individualistas e superficiais das últimas décadas. E, sim, isso é bom. Sempre me incomodou ver jovens pensando mais no carro que vão ganhar do papai quando passarem no vestibular do que nas misérias que afetam a Humanidade. Sempre tive horror aos jovens que já nasciam velhos, sem ousadia nem fantasias, perfeitamente enquadrados no status quo. Essa turma que está nas ruas, de certa forma, me faz recuperar um pouco de esperança no futuro. E não, eu não defendo o quebra-quebra, a violência, a falta de interlocutores, a destruição do patrimônio público. O problema é que eu sei que vejo tudo isso com o olhar de quem tem 56 anos e sabe (desculpe aí, Luciano...) que não existe essa coisa de almoço grátis e que nós todos vamos pagar a conta. Pouco importa que o Metrô recupere o prejuízo em sei lá eu quantos poucos minutos de operação, como andam comentando por aí os que minimizam os danos. Prejuízo é prejuízo, é rombo no bolso, no nosso bolso, e pronto. Mas tem algo mais nisso tudo que anda dando voltas e se insinuando, mas a que nenhum jornalista parece atentar. O próprio Luciano lembra: os organizadores do movimento perderam a mão da massa que mobilizaram e que, como ele mesmo descreve, "se transformou em turba". Turbas são incontroláveis e imprevisíveis. Turbas desmoralizam qualquer causa porque são alimentadas pelos hormônios em ebulição e pelo crescendo da impressão (totalmente errada nestes tempos virtuais) de garantia do anonimato. Não custa lembrar que o rosto pode estar encapuzado, mas todo mundo no Facebook conhece aquela tatuagem da perna, do braço, o próprio capuz improvisado com a camiseta de grife que a vovó deu no último aniversário. No admirável mundo novo em que vivemos, o tal do anonimato é algo que simplesmente deixou de existir. E aí acontece que quando a massa se transformou em turba ela é manipulável e adequável a interesses escusos. A ação deixa de ser política e passa a ser hormonal, inibindo o raciocínio lógico e estratégico. Luciano aponta um dos mais graves riscos da confusão exacerbada: " A repetição da tática de perturbar a vida urbana pode produzir resultados inesperados, como a ascensão de dirigentes ainda mais conservadores e oportunistas, sem compromisso com projetos urbanos e de transporte mais adequados às grandes cidades. Não terá sido a primeira vez em que o protagonismo de muitos se transformaria em massa manipulável, e aqueles que hoje depredam o patrimônio comum podem estar agindo contra seus próprios interesses". Em outras palavras, e como esses estudantes todos que estão nas ruas devem ainda lembrar: a toda ação corresponde uma reação. Segura, que lá vem coisa. E coisa feia, repressora, fundamentalista. Coisa que vai tentar botar todo mundo de volta no cabresto. De resto, vale citar o que Luciano descreve, com raro tirocínio: "Os descontentamentos individuais têm razões impossíveis de identificar, e na soma deles o que sai às ruas é um bando de rebeldes sem causa comum, massa de manobra à disposição de aventureiros. O caráter difuso das motivações pode ampliar indefinidamente o número de participantes de futuras manifestações, mas reduz a força do movimento que lhes deu origem. Assim, quanto mais se ampliam os protestos, mais espaços se abrem para os oportunistas de todos os tipos e mais distante fica o movimento original de alcançar seu objetivo. Já não se pode afirmar que as próximas manifestações serão contra a tarifa dos ônibus." É isso. Abaixo, os links dos dois excelentes comentários. observatoriodaimprensa.br/news/view/o_que_querem_os_manifestantes observatoriodaimprensa.br/news/view/rebeldes_sem_causa
Posted on: Wed, 12 Jun 2013 14:08:19 +0000

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