Atualização de status De Pablo Galvão Marano DESSA VEZ, PEÇO A - TopicsExpress



          

Atualização de status De Pablo Galvão Marano DESSA VEZ, PEÇO A ATENÇÃO, POR 5 MINUTOS... NÃO PRETENDO QUE AQUI ESTEJA A IDEOLOGIA CORRETA. MAS GARANTO QUE HÁ FATOS. Dividirei esse texto em 2 partes: a 1ª com o relato do que vi (ninguém me contou... eu vi); e a 2ª com uma análise da manifestação de ontem. 1ª PARTE: "PÕE NA CONTA DA COPA". A VIOLÊNCIA QUE EU VI Aqui, relatarei somente o que presenciei. Tentarei me ater aos fatos. Nada mais. Após percorrer toda a Av. Pres. Vargas, em uma passeata pacífica, eu, minha namorada e dois amigos resolvemos abandonar a manifestação, quando os tiros e bombas começaram a pipocar. Estávamos na altura do sambódromo, muito distante da Prefeitura. Sem contato visual, não discorrerei, aqui, sobre os episódios ocorridos na Cidade Nova. Como dito acima, não quero, nesta 1ª Parte, tratar do que não vi, somente do que vi. Saímos da Av. Pres. Vargas ao som aterrorizante de bombas e tiros. Naquele momento, as estações do metrô já estavam fechadas e rumar para a zona norte era uma missão quase impossível. Decidimos, então, seguir, a pé, para a Lapa, onde estava meu carro. Recebendo noticias de familiares e amigos que estavam em casa, achamos melhor permanecer em um bar na Lapa, aguardando que a situação serenasse e pudéssemos regressar em segurança. Os bares da Lapa estavam lotados. Por ali, só estavam – e passavam - manifestantes pacíficos. O clima era absolutamente tranquilo. Em dado momento, um manifestante transeunte nos abordou em nossa mesa: “Cuidado! A polícia está descontrolada”. Em princípio, acreditamos que se tratava de algum manifestante mais radical, incomodado com uma pretensa postura apática de nossa parte, sentados à mesa de um bar, bebendo, comendo e conversando. Os fatos que passaram a se desenrolar se encarregaram de demonstrar que aquele manifestante, que pouco antes nos dera um alerta, não era um radical, mas sim alguém que deve ter visto o que nós ainda não sabíamos. De repente, uma correria. Portas de bares sendo fechadas apressadamente. Era o Batalhão de Choque que se aproximava. Passaram a empreender a mais odiosa e lamentável diligência: Tiros com bala de borracha a esmo, inclusive em pessoas que estavam sentadas nos bares, e gás lacrimogênio para tudo e para todos. Um policial, ao cruzar a esquina da Rua da Mem de Sá com a Rua Lavradio, virou-se em direção a esta última rua e abriu fogo em direção aos bares. Em dado momento, fui obrigado a atirar minha namorada contra a parede e me posicionar à frente dela, para que nenhuma bala de borracha pudesse atingi-la (essa atitude nada tem a ver com cavalheirismo, romantismo ou heroísmo. Ela é a manifestação inconsciente do instinto protetivo e do companheirismo que pautam a conduta de todos aqueles que se gostam e vivem o mesmo drama... queremos, nessas horas, proteger uns aos outros). É bem verdade, que naquele momento alguns manifestantes reagiram e atiraram garrafas contra os policiais. Mas esta reação deixava em cores nítidas a desproporção entre o número de policiais e seu poder de fogo, em contraste com manifestantes (em gigantesca maioria, desarmados e pacíficos). As cenas que se seguiram se assemelhavam com os filmes de guerra civil, trazendo às nossas retinas cenas com as quais minha geração não está acostumada... inéditas. A expressão “desceu a porrada” é tão bruta quanto à conduta da Polícia Militar. Mas foi o que aconteceu. Ela “desceu a porrada”. E fez isso indiscriminadamente, contra todos que estavam naquele local. Posteriormente chegou o Bope... chegou também o caveirão (na verdade, foram 3 caveirões). E a “porrada continuou descendo”. Cheguei a imaginar o Capitão Nascimento determinando aos seus subordinados: “põe na conta da Copa”. Escondemo-nos no depósito do bar em que estávamos. Em certo momento, ouvimos a bala de borracha contra a porta de aço do depósito... os tiros eram mesmo a esmo. Após muito tempo de pânico e apreensão, conseguimos regressar às nossas casas, não sem antes assistirmos, impotentes, a mais uma cena assustadora: um carro do Batalhão de Choque, ao passar por um grande grupo de manifestantes e ser vaiado, decidiu parar o carro no meio da via e dar marcha ré, para afrontar os manifestantes. Uma vaia, um mero apupo, ensejou a decisão dos policiais de regressar. Esse é o relato. 2ª PARTE: A MOBILIZAÇÃO PACÍFICA, QUE NÃO PODE SER PASSIVA Certa vez, quando ganhava força o seu movimento, Mahatma Gandhi foi questionado sobre o método que pretendia adotar, em sua “Resistência Passiva”. “Não há nada de passiva em minha resistência. Ela é pacífica, não passiva. Jamais serei a favor da apatia”, respondeu Gandhi. Também gosto da ideia de manifestações pacíficas. Gosto de Gandhi e gostaria de tê-lo entre nós. Mas essa não é a nossa realidade. O que vivemos, em nossas Manifestações de Junho, é uma mobilização popular, apartidária e, em sua esmagadora maioria, pacífica. Mas há também uma minoria radical. Não é fácil controlar – e contornar – as divergências em um movimento que abraçou tantas cabeças (pensantes). Há uma parcela mais radical, sim. Eu, particularmente, não me enxergo ateando fogo em um carro, tampouco atirando uma pedra contra uma vidraça, ainda que ela seja do gabinete do Prefeito. Acredito que a esmagadora maioria daqueles que se mobilizaram no dia 20 de junho pensam e agem como eu, pacificamente. Mas não posso rotular como vândalos – ou bandidos – aqueles que são mais radicais. Embora discorde frontalmente da linha de atuação deles, o rótulo que a imprensa agora lhes etiquetou serve somente para desacreditar e desencorajar as manifestações populares (e parece que a mídia está conseguindo). Há um contexto em que essas expressões radicais ocorrem (embora eu as reprove, insisto em contextualiza-las). Também não podemos confundir os radicais – que pretendiam invadir a Prefeitura – com aqueles marginais, travestidos de manifestantes, que saquearam lojas. Estes são bandidos que se aproveitam da instabilidade momentânea, para perpetrar crimes. Então, não coloquemos esses dois grupos minoritários no mesmo balaio: um grupo é radical; o outro é marginal. Ontem, após vivenciar os eventos da Lapa (descritos na 1ª Parte), voltei para casa com uma certeza e uma dúvida: A CERTEZA é de que os piores crimes que foram cometidos na noite de 20 de junho, foram praticados pelo Estado e seus órgãos, notadamente o Batalhão de Choque e o BOPE, ambos da Polícia Militar. Quanta coragem e audácia o Governador Sergio Cabral tem! A força policial, treinada (será ?), equipada com armas, escudos, uniformes e blindados, contra manifestantes pacíficos e, quando muito, munidos de paus, garrafas e pedras. A DÚVIDA aponta para a radicalização do movimento. Ao ser, ao lado de tantas outras pessoas, submetido à agressão da Lapa, senti um gosto amargo da revolta na boca. Senti vontade de reagir (logo eu, pacífico, fraco, desarmado, que tem medo de altura e de barata). Senti-me fraco, covarde e impotente ao me esconder dentro de um depósito sombrio e nojento, enquanto o cheiro de lacrimogênio dava a fragrância do ar e o som de tiros e bombas se encarregavam da trilha sonora. Voltei para casa, perguntando-me os rumos que as manifestações deveriam tomar. Qual será a linguagem que os detentores do poder entendem? Para a minha DÚVIDA, não encontrei respostas. De outro lado, a minha CERTEZA se fortificou. Não é hora de regressarmos às nossas casas. Não é hora de deitarmos em nossos sofás confortáveis e assistirmos o Jornal Nacional e a novela das 8 (ou seria das 9? Para a Globo, tanto faz. Ela consegue até mesmo mudar a lógica da hora certa). Manter-me-ei, pois, pacífico. Manter-me-ei, pois, nas ruas. A mídia deste dia 21 de junho está a se ocupar exclusivamente dos “atos de vandalismo”. Parece que ela está empenhada em desacreditar a mobilização popular e desencorajar os manifestantes pacíficos a voltar às ruas. Não encontro, em nenhuma página do jornal, notícias sobre a violência desproporcional utilizada pela polícia. É como se ela não tivesse acontecido. Parece que esta mesma mídia ainda não compreendeu bem a força que as redes sociais conferiram aos fatos, em detrimento dos relatos distorcidos e tendenciosos. Mesmo assim, ainda temo que o movimento retroceda, agora, conferindo uma vitória implacável dos detentores do poder, notadamente do Governador Sérgio Cabral e sua polícia truculenta, sobre uma população que decidiu ser engajada e ativa... Acho que não é hora de voltarmos para casa. Se assim fizermos, transformaremos a proposta de uma mobilização “pacífica” em uma mobilização “passiva”... e derrotada. PABLO MARANO
Posted on: Fri, 21 Jun 2013 18:09:18 +0000

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