Até fins do século XVIII, o comércio de escravos - TopicsExpress



          

Até fins do século XVIII, o comércio de escravos efetuava-se nas ruas estreitas da área central do Rio de Janeiro, sobretudo próximas ao Paço (hoje, Praça XV), concentrado no mercado da rua Direita. Até então os pretos novos - como eram chamados os escravos africanos recém-chegados - que sucumbiam no decorrer da longa e terrível viagem de travessia do Atlântico eram enterrados em um cemitério próximo ao Largo da Igreja de Santa Rita. A penosa viagem, insalubre, sem condições mínimas de higiene e praticamente sem alimentação deixava muitos negros gravemente enfermos e muitos faleciam durante o percurso ou ao chegar em terras brasileiras. Os escravos que morriam ao chegar, ou já nos armazéns em decorrência da fome e das doenças, eram enterrados, ou melhor, lançados em covas rasas no cemitério a princípio improvisado, mas bastante duradouro do bairro de Santa Rita. Quando o marquês do Lavradio ordenou a mudança do mercado de escravos para a rua do Valongo em 1770 (atual Camerino) e o desembarque dos navios para a área de mesmo nome às margens dos morros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo, o antigo cemitério foi desativado e ressurgiu um novo cemitério dos pretos novos, maior e mais abandonado ainda do que o anterior, onde hoje é a rua Pedro Ernesto (antigamente chamou-se rua da Harmonia, caminho da Gamboa e rua do Cemitério). Com a crescente importação de escravos africanos, a região do Valongo e o cemitério só faziam aumentar, e por conta da pouca profundidade das covas, era possível ver os ossos saltando da terra e sentir o cheiro horrível que emanava do lugar, principalmente depois de chover, quando o terreno se tornava um alagadiço. Na maior parte das vezes os corpos eram enterrados sem nenhum tipo de cerimônia religiosa ou rito funerário, e os ossos eram freqüentemente queimados para que cedessem lugar aos outros que constantemente chegavam, sem mencionar que há indícios que alguns negros chegavam ao cemitério ainda agonizando e morriam por lá mesmo. As reclamações dos moradores da região eram constantes e, apesar de protestos e reclamações, somente em 1863 o cemitério foi fechado. Atualmente há um sítio arqueológico no local, onde se realizam pesquisas sobre os escravos e a cultura africana com base nas descobertas feitas no antigo cemitério. [6]
Posted on: Wed, 03 Jul 2013 23:16:48 +0000

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