Até o fim! Relato da terça estranha Na última terça-feira (18), acompanhei todo o trajeto do 6° Ato em prol da revogação da tarifa de transporte público em São Paulo. A passeata saiu da Sé e seguiu a Brigadeiro Luís Antônio rumo a Avenida Paulista. Com surpresa e estranhamento não vi nenhuma bandeira ou algum comentário sobre a presença do MPL (Movimento Passe Livre), afinal essa era a pauta dominante do protesto, sim, do protesto, pois os manifestantes, como bem vocês já sabem erguiam cada qual seu cartaz reivindicando algum problema do país. Problemas que até eu fiquei em dúvida se deveria, naquele momento, largar o compromisso que me fiz logo cedo para também aderir e explorar as minhas ideias! Mas dispensei logo meu pensamento, e não acreditando que um protesto pudesse revelar-se um verdadeiro festival de cartazes em clima de patriotismo como se já estivéssemos em Copa do Mundo e o Brasil teria goleado o time mais potente, ou sei lá como chamam o time rival com mesma capacidade, pedi para que amigos próximos procurassem informações em qual via realmente o MPL estava. Ligamos o rádio e o que se noticiava era: “tudo pacifico na Paulista, está tudo muito bonito... e na Sé saquearam vários comércios...”. Uma amiga por telefone nos informou que talvez eles estivessem na Avenida do Estado. Nossa, já eram 22 horas da noite! Permaneci por ali. Muito confuso, mas disposto a encontrar respostas para aquele mundaréu de gente, que eu também estava achando bonito, mas era muita festa para um momento de reivindicações. Fui até a casa de uma amiga e ficamos questionando: “o que foi isso? Uma passeata mesmo? Tiveram ideias ali? Caminhamos tanto para quê?”. A indagação permaneceu até que voltamos na Consolação. Pelas redes sociais éramos informados que a Rua Augusta precisa de médicos com urgência, havia muitos feridos e o confronto só aumenta. Opa! Espera aí, eu acabara de sair de lá, não tinha nada, como assim? Então voltamos para a Consolação onde o cenário tão esplendido que montaram para a Copa estava derretendo. A estrutura publicitária que anunciava um Brasil melhor estava sendo destruído, estava em chamas. Observando aquilo, que me parecia tão simbólico, fui me aproximando um pouco na tentativa de saber quem eram aquelas pessoas que ainda estavam por ali? O que iria acontecer? Afinal, a polícia ainda resistia no local, e o que seria do próximo dia com tantas reivindicações e com tantos brasileiros implorando por um país mais justo?! Quando tudo parecia acabar, um homem ajeitava os destroços da estrutura publicitária que jogaram no acesso à Avenida Dr. Arnaldo. Aqueles que restavam por ali, eu já não sabia se eram manifestantes, militantes ou que, rodearam a parte superior observando este alguém lá embaixo. Ele portava um capacete e vestia camiseta e shorts de ciclista e, que tentava limpar o bloqueio que fizeram no acesso. Me concentrando nas pessoas em volta, não dei atenção aquele homem lá embaixo – um fatal erro meu – então fui para longe de tudo aquilo e me encostei do outro com dois amigos da minha amiga que nos acompanhava, assim eu tentava entender toda aquela confusão. De repente um menino vestido de preto pega algumas barras de ferro e em um descuido de atenção meu - já não sei as palavras que trocaram – parece que confrontou um cara, este mais exaltado tenta agredi-lo, mas o grupo que parece o acompanhar tenta tranquiliza-lo e fazendo com que aquele menino vestido de preto se despeça do local, o que ele não atendeu e de alguma forma queria falar o que lhe engasgava. Então neste momento um outro cara discursa: “é, porque você não chupa as bolas dos gringos? Quando seu cu estiver rasgado você vai procurar hospital ou estádio? Onde você quer passar eu também quero, a Avenida Paulista também é nossa!”. Ali estabelecia uma briga por ideologias do que dois manifestantes que tinham algum propósito. O cara de preto permanecia imóvel e outro de shorts e camiseta finaliza com um sonoro: “a gente só quer uma vida digna, pensam que somos trouxa, ontem estavam aí até beijando mendigo, é foda!”
Posted on: Fri, 21 Jun 2013 05:02:33 +0000